Eu fui pro meu quarto, peguei minha carteira e corri pro bar.
Você está certa, Charlotte, eu sou um bêbado.
Ela não tinha o direito de partir meu coração mais uma vez. Eu nem me lembrava que tinha um há muito tempo.
(...)
— Gabe, eu te procurei em toda parte. - Aquela voz de novo. Reviro os olhos.
Olho pra ela, com incredulidade. Pode ser só mais um dos meus devaneios. Um dos muitos que tenho sempre que bebo pensando nela.
— Não em toda parte. Eu estive aqui durante toda a tarde.
— Você está bêbado? - Charlotte pergunta.
— Eu sou um bêbado, nerd. Você mesma disse isso.
— Não são nem 15h e você já está nesse estado? - Dou de ombros. — Vem comigo!
— Eu não estou bêbado o suficiente pra cair nas suas garras de novo, nerd. Tira seu cavalinho da chuva.
Seus olhos se enchem d'água e meu peito se aperta.
— Por favor. - Ela pede.
Cedo e vamos para o meu apartamento.
Chegando lá, sem dizer uma palavra, Charlotte se livra da minha roupa, deixando apenas minha cueca, e me coloca debaixo do chuveiro absurdamente gelado. Não reclamo porque sei que preciso disso.
Preciso encarar a realidade.
Termino meu banho sozinho e me troco. Volto para a sala e ela está sentada no sofá, abraçada a seus joelhos.
Quando me vê ela se senta normalmente.
— Desculpa. - Eu digo, sentando-me em frente a ela.
— Por que não me disse que esteve lá?
— Pra quê? - Dou de ombros.
— Eu nunca te traíra. Meu Gabe sabia disso. Começo a achar que você nunca recuperou a memória. - Seus olhos marejam novamente.
— Você se esqueceu como foi que eu sofri o acidente? - Ela me encara. — Derek me chamou pra mostrar que você estava com ele.
— Derek te chamou, justamente, pra você ver que eu não estava com ele.
— Eu ouvi ele dizendo que estava indo te encontrar no Mississipi. Depois a Greta me falou que você contou pra ela que estava com ele. Quando eu cheguei lá, eu vi. E eu sei que vocês estão juntos até hoje.
Ela respira fundo.
— No dia do seu acidente, eu descobri que a mãe do Derek estava com câncer terminal. Foi por isso que ele te chamou, pra que você não agisse como um babaca comigo. Ele foi ao Mississipi pra recomeçar, porque a mãe dele tinha morrido na mesma época em que eu fui embora. Derek tem sido meu fiel amigo desde então. Meu avô faleceu alguns anos depois e eu fui morar em Boston com meu pai. O resto deve ter na internet. Mas minha relação com Derek nunca passou da amizade.
— Você sumiu, Charlotte. - Tento encontrar minha voz, mas minha cabeça lateja e não consigo raciocinar direito.
— Eu não poderia deixar você desistir dos seus sonhos por mim, Gabe.
Levanto e começo a andar de um lado pro outro da sala. Tentando colocar meus pensamentos em ordem.
Se Charlotte nunca me traiu, então eu vivi longe dela por todos esses anos à toa? E, se isso tudo for verdade, eu a perdi pra sempre?
Após algum tempo, me sento e a encaro. Ela esteve em silêncio durante todo esse tempo.
— É difícil de acreditar. - Suspiro.
— Não deveria ser. Você me conhecia mais do que ninguém e sabia que eu jamais faria algo assim com você.
— Se as coisas são realmente assim, como será de agora em diante?
Ela se levanta. Passa as mãos pelo vestido.
— Eu só queria esclarecer as coisas.
— Pra quê? - Me coloco de pé também.
— Pra você não ter uma imagem errada de mim. - Ela se dirige à porta.
— Pra mostrar que eu sou um babaca? Que eu te perdi a toa? - Vou atrás dela.
— Sempre soubemos que você é o capitão dos babacas, isso não é novidade. - Ela destranca a porta e sai.
Que droga!
Eu tinha que estragar tudo. Óbvio.
Mas, e agora? Será que ainda tenho chance?
Charlotte está solteira, e, pelo que ela diz, foi assim durante todos esses anos. Então se o Derek não está na jogada, é a minha vez de correr atrás do prejuízo e recuperar a minha nerd.
Mas como? Eu nem sei se ela ainda gosta de mim.
Alguém bate à porta. Abro na esperança de ser ela. Mas é Paola.
— E então? - Ela pergunta encostada no ombral da porta.
— O quê?
— Se resolveram? - Ela entra sem ser convidada.
Respiro fundo.
— Por favor, não entra nesse assunto.
— O que isso quer dizer?
— Nós não temos esse tipo de relação, Paola. E você sempre soube o que eu sentia pela Charlotte.
— E?
— E se ela me quiser de volta, eu não hesitarei.
Ela respira fundo.
— Mas ela te traiu.
— Um mal-entendido.
— E já se resolveram? - Ela volto a pergunta inicial. Nego com a cabeça. — O que você pretende fazer?
— Eu ainda não sei.
— Eu já sei. Vou te ajudar.
— Você quer me ajudar a reconquistar minha ex?
— Não. Eu quero te ajudar a se desprender do seu passado pra ficar livre.
— Por favor, não se mete nisso.
— Só quero companhia pra inauguração da boate de um amigo essa noite.
— Não gosto desse tipo de ambiente. - Ela revira os olhos.
— Eu soube que a blogueira Charlotte Pollack irá a inauguração. - Paola sabe jogar às cartas certas.
Se a Nerd vai, eu também vou.
Oi gente,Tudo esclarecido. Será que agora vai?
Deixa a estrelinha e confere no próximo cap.
Amo vocês.
Beijos, S.💗
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Prepara que lá vem clichê! [COMPLETO ATÉ 31/07/23]
Teen Fiction*PROIBIDA REPRODUÇÃO OU ADAPTAÇÃO, sob pena da lei* Obra registrada da Biblioteca Nacional. Livro comercializado em ebook e físico pela Editora Garcia. Sinopse: Ih, a típica cena de filme americano. Olha lá, Olha lá, O livro da menina cai. O cara a...