Capítulo 16 - Charlotte

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— O Brian me pediu em namoro, Gabe. - Falo baixinho, mas ele ouve.

Ele me olha com surpresa.

— Entendi. - Ele desvia o olhar e se vira de costas. Passa a mão no seu cabelo, suspira e abaixa a cabeça.

— Não. Você não entendeu.

— Eu entendi. Você sumiu o dia inteiro, era por isso. Tudo bem, era tudo que você queria e-

— Fica quieto e deixa eu te contar, caramba.

— Não sei se eu quero ouvir como meu melhor amigo pediu minha garota em namoro.

— Sua garota? - Cruzo os braços e um sorriso se espalha em meu rosto. Ele ainda está de costas e sua tensão eu posso sentir daqui.

— Não, quer dizer, não mais né?! Agora é a garota dele.

— E desde quando eu era sua garota?

— Eu acho que foi no dia que você sentou no meu colo e me beijou. Naquela cadeira ali, inclusive. - Ele aponta a cadeira e meu rosto queima com a lembrança.

— Ok. - Falo devagar. — E quem disse que agora eu sou a garota dele? - Ele se vira pra mim e me analisa.

— Você não é? - Nego com a cabeça. Ele solta o ar e parece bem aliviado. — Graças a Deus. Achei que ia ter que entrar em um duelo ou coisa assim. O que aconteceu?

— Depois que você me deu um beijo na testa... aliás o que foi aquilo?

— Ato involuntário, nerd. Continua. - Ele dá de ombros e se esquiva.

— Depois daquilo, Brian ficou estranho e pediu que eu encontrasse ele no auditório na hora do intervalo. Eu concordei e, chegando lá, ele me questionou sobre o que rolava entre nós. Porque, a princípio, o senhor disse a ele que eu estava muito afim de você. Eu disse que estávamos mais próximos devido ao tempo que passamos juntos, mas não entrei em detalhes sobre o quão mais próximo estávamos. Ele começou a dizer o quanto eu tinha mudado e o quanto eu tinha mudado ele. Então, ele disse que, apesar de ficar com outras, nunca sentiu nada demais por elas. Que ele gosta de uma pessoa, em especial. Mas achava que não tinha futuro. Mas que comigo via que podia ser diferente e perguntou se eu queria namorar ele. Obviamente não é minha declaração dos sonhos, tampouco uma de clichês. Mas, se fosse a Charlotte de algumas semanas atras, teria aceitado. Mas eu percebi que os clichês mais clichês, tipo a nerd apaixonada pelo babaca da escola, funcionam melhor. - Seu sorriso aparece, fazendo meu coração bater mil vezes mais rápido. — Talvez, quem sabe, você possa fazer uma adaptação no meu clichê. Eu, posso intensificar suas aulas em troca, assim nós dois saímos ganhando.

Ele dá alguns passos e já estamos a centímetros de distância.

— Olha, nerd. Tudo vai depender do quanto você vai poder intensificar essas aulas. Eu estou precisando muito de algum reforço educativo e só tem uma nerd que prende minha atenção. Então, eu estou disposto a adaptar seu clichê em troca de mais educação.

— Eu vou te educar muito bem, panaca. Pode deixar.

Sim, eu agarrei o capitão dos babacas. E, óbvio, eu gostei. Gostei até a hora que o seu pai entrou no quarto e nos viu juntos. Eu fiquei da cor de um tomate? Lógico. Gabe também? Com certeza. Mas, as coisas conseguiram piorar. Acontece que o pai dele resolveu chamar a mãe dele e acabamos todos no escritório.

Prepara que lá vem clichê! [COMPLETO ATÉ 31/07/23]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora