Capítulo 5 - Gabe

121K 13.1K 8.8K
                                    

Eu não tinha percebido o ato tão... íntimo. Tá... não que eu não tenha percebido, mas pareceu tão natural que eu não liguei. Até que vi seu olhar de medo, pavor, nojo... sei lá. Apenas soltei sua mão o mais rápido que pude e a vi cerrar os olhos para o chão.

— Podemos começar com matemática. O que acha? - Falo enquanto bagunço o cabelo da minha nuca, prova de que fiquei um pouco nervoso. Aproveitando a situação para quebrar o climão que ficou.

— Sim. - Ela dá de ombros. Aponto as duas cadeiras que estão posicionadas na minha mesa de estudo e andamos até lá.

Charlotte começa a me explicar e me tirar as dúvidas sobre a matéria. E... uau. A garota tem mesmo o dom. Ela clareia o assunto de uma maneira tão... tão... uau. Ela que deveria estar dando as aulas e não aquele professor dentuço. Com certeza eu prestaria mais atenção e-

Charlotte começa a estralar os dedos perto dos meus olhos.

—Ei, bobão? Eeeei?

— Tô prestando atenção, nerd. - Acordo de meus devaneios. Ela faz cara de quem não acreditou nem um pouco. — Mas por hoje deu.

— Você só prestou atenção por 45 minutos, imbecil. Assim não vai adiantar.

— Vai sim, porque você é uma ótima professora. - Deixo escapar esta última frase com um pouco mais de ternura do que eu desejava. Tanto que as bochechas da garota coram. Oh merda! — Enfim, vamos a minha parte do trato.

— É o que eu estava esperando. - Ela se levanta e senta na minha cama? Oi? Tento ignorar o fato de ter uma garota lá. Não trago ninguém pra casa, muito menos pra estar na minha cama. A última foi Greta.

— Não sei se você percebeu, mas já comecei a criar seu clichê. - Ela continua me olhando, esperando uma explicação. — Agora Brian prestou mais atenção em você.

— O que você fez?

— Disse que você estava a fim de mim. - Dou de ombros e ela arregala os olhos.

— Você disse o quê? - Ela se levanta com as mãos na cintura.

— Calma aí, nerd. Isso despertou o interesse dele, não foi? Você até foi convidada para assistir o treino. - Falo satisfeito, ela dá de ombros e se senta novamente.

— Qual o próximo passo?

— Eu não sei quanto tempo eu terei de arrumar seu visual ao primeiro beijo de vocês. Então vou passar todas as coordenadas para você. - Ela revira os olhos. Ando até minha cômoda onde, propositadamente, guardei o que eu chamo de milagre. — Nerd, gostaria de te apresentar a pinça. Pinça, esta é a nerd.

Ela se levanta e não parece estar feliz.

— O que está insinuando, babaca? - Ela me empurra. Mas não faz muito efeito. — Quer que eu entre no seu estereótipo de beleza para agradar vocês? Isso não faz parte dos clichês, imbecil. O cara gosta da garota pelo que ela é, se bem me lembro. E não pelo seu exterior. Você é um... — Seguro suas mãos que não param de me bater e pode ser que cause alguns hematomas amanhã. — Me solta, babaca.

— Fica calma aí, nerd. - Não a solto. Mas ela respira fundo e me olha. — Eu não quero te mudar, ok? Eu quero apenas, sei lá... que você se veja por outro ângulo. - Tento um discurso mais auto-ajuda. — Você não precisa ter o estereótipo de nerd para ter seu clichê, nem precisa ser uma líder de torcida para chamar atenção do cara. Eu não quero te mudar, ok? - Repito, ela assente e solto suas mãos.

— Eu tenho um troço desses. Vou ver o que faço. E depois?

— Tem algo no seu guarda-roupa que não seja moletom?

— Eu posso dar um jeito nisso.

— Agora vem a parte do beijo. - Falo sem muita vontade. Bagunçando meu cabelo da nuca.

— Nem vem, seu imbecil. Você não vai se aproveitar de mim e da situação. Eu não vou te beijar. - Jogo a cabeça para trás e rio alto. Ela está lá, com os braços cruzados na frente do peito e muito brava.

— Qual é? Eu já tive minha cota de clichês e nerds pro resto da vida. Não se preocupe, a última coisa que eu quero é "me aproveitar da situação". - Faço aspas com os dedos, parafraseando sua fala de minutos atrás.

— Está falando da Greta? - Ela sorri de lado e eu perco o meu.

— Acho que vamos funcionar direito se não falarmos disso.

Ela fica séria e eu também. Nos encaramos por um tempo até que alguém bate na porta e entra. Mamãe é seguida por uma das empregadas, que esta carregando uma bandeja com alguns lanches e guloseimas.

— Hora da pausa. - Ela está empolgada. Batendo palmas e tudo. Mães!

Olho para Charlotte, que está vermelha e mantém seu olhar baixo.

— Obrigado, mãe. Obrigado, Tereza. - Dou um beijo no rosto de cada uma, pego a bandeja e deposito sobre a mesa.

— Espero que gostem. - Ela diz para Charlotte, que apenas anui e sorri. Minha mãe sai, encostando a porta do quarto novamente.

O clima ainda está um pouco pesado entre eu e Charlotte.

— Senta aqui, você merece comer tudo isso sozinha. - Tento e ela sorri. Graças a Deus!

— Tem comida pra três aqui. Além de peluda, tá me chamando de gorda?

— Longe de mim dizer isso. Até porque não tem como saber, né?! Você usa pano pra cacete aí.

Ela revira os olhos e começamos a comer. E, sim, ela come como eu depois do treino.

— Dá próxima vez vou pedir comida pra cinco. - Falo brincando enquanto vejo ela levar uma coxinha a boca. Ela para de mastigar e me olha com os olhos arregalados e as bochechas coradas e cheias. — Tô brincando!

Ela não ri. Apenas dá de ombros e continua a comer. Sem cerimônia alguma. Essa é das minhas.

Quer dizer, não das minhas. Apenas, como eu. Ah, você entendeu!

 Ah, você entendeu!

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Oi gente,

Gostaram do cap de hoje?

Tem alguém aí que come como se não houvesse o amanhã?

Eu sou 8 ou 80, têm dias que quero comer até a parede e não tô nem aí pra o que os outros pensam. Mas têm dias que não aguento sentir nem o cheiro.

Comentem e deixem suas estrelinhas. Adicionem as suas listas.

Amo vocês!
Beijos, S. 💗

Prepara que lá vem clichê! [COMPLETO ATÉ 31/07/23]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora