Capítulo 42 - Charlotte

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A mãe do Derek morreu na mesma semana em que me mudei para o Mississipi. Eu estava tão imersa em minha bolha de sofrimento e drama que deixei meu melhor amigo sozinho. Na verdade, não me despedi dele e nem de ninguém, a não ser o Gabe.

Passado algum tempo, ele voltou a falar comigo e, assim que terminou o colegial foi ao Mississipi me encontrar.

Eu comecei a cursar letras. Tudo que eu queria era escrever um best-seller sobre meu relacionamento com Gabe. Assim nos reencontraríamos facilmente. Ele jogador de futebol, eu escritora. Ia ser lindo!

Mas eu não me adaptei muito bem a matéria. Então fui cursar publicidade e foi aí que me encontrei.

Eu e o Derek estávamos juntos novamente, como melhores amigos. Fazendo o mesmo curso e, praticamente, vivendo a mesma vida. Morávamos os dois com meu avô e trabalhávamos no mesmo café. Nossa rotina era, praticamente, a mesma.

Estávamos no terceiro ano de faculdade. A biblioteca era nossa segunda casa. Foi lá que recebi a notícia: Meu avô havia sofrido um ataque fulminante.

Era provavelmente o dia mais frio que eu já havia vivido no Mississipi e recordo dele como o dia que eu disse adeus ao meu avô.

Eu não sabia onde encontrar minha mãe. Liguei para meu pai, que veio na hora.

Ele me ajudou com toda a burocracia e fez o possível para que meu avô fosse enterrado ao lado da minha avó. Nem Greta e nem minha mãe apareceram no dia.

Meu pai providenciou minha transferência para Boston. Eu iria morar com ele. E o convite se estendeu para o meu melhor amigo, também.

Estávamos dentro do avião rumo a uma nova vida. Quer dizer, quase nova vida, pois ainda faltavam dois anos para terminarmos o curso.

— O que realmente aconteceu com você e o Gabe? - Derek pergunta.

— Quê? - Finjo não lembrar.

— Você sabe do que estou falando.

— Eu sei do quê você está falando, mas não sei o porquê.

— Curiosidade. - Ele dá de ombros. Respiro fundo.

— Gabe perdeu a memória e terminou comigo. - Digo pra por um fim naquela conversa.

— Eu sei que não é só isso, Ruivinha. O cara mudou depois que você se foi. Eu tinha quase certeza de que ele viria atrás de você mais cedo ou mais tarde.

— Mas não veio. - Dou um meio sorriso.

— Era isso que você queria? Que ele viesse?

— Há uns anos atrás, sim. Mas hoje, não. - Minto. Mais pra mim do que pra ele.

— Então, o que aconteceu?

— Passei meus últimos dias com ele. - Tomo fôlego e começo a contar. - Apesar da falta de memória, parecia que era o meu Gabe. E eu sei que a qualquer momento ele largaria tudo por mim. Então eu simplesmente sumi.

— Como assim?

— Eu sumi das redes sociais, cortei contato com todos e ignorei ele completamente. - Ele me olha de forma acusatória. — Para de me olhar desse jeito. O Gabe não precisava de mim, tá bom? Ele precisava realizar os sonhos dele e me esquecer definitivamente. Foi tudo pro bem dele.

Prepara que lá vem clichê! [COMPLETO ATÉ 31/07/23]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora