Uma Conversa Estranha

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          — Qual você sugere, meu caro Tenente? — Velho se virou para ele.

          — Bem, há uma canção que eu e meus homens sempre cantamos quando vamos almoçar depois de uma manhã de trabalho. "Vamos atrás de carne", vocês conhecem?

          — Conheço bem essa. — Sindar disse, rindo.

          — Eu também já ouvi, é uma música... rustica.... — Velho deixou uma sobrancelha surgir por cima dos óculos escuros. — Que seja, então. A senhorita me daria a honra de começar com a sua bela voz?

          — Claro.

          E, com isso, Sindar começou a cantar. Enchendo toda a margem do rio com sua voz, de uma beleza que fez até mesmo o flautista ficar admirado, apesar de ser uma canção brusca com uma letra feita por soldados bêbados e famintos.

                              Uuuuh uuhh uuuhuuh uuhh

                              Eu caminhei, caminhei, corri

                              Eu trabalhei, trabalhei e sorri

                              Então, meus colegas, vejam, já é tarde

                              Descansem os braços, vamos atrás de carne!

          Nesse ponto, Sindar e Velho tocaram seus instrumentos, foi uma combinação que atiçou os ouvidos de todos, era rápida e tocada em tons graves. Aros começou a bater as mãos no chão, seguindo o ritmo da melodia enquanto Edwin se juntou a princesa e os dois continuaram a cantar.

          Da água, os garotos deram uma pausa no treinamento, enquanto Jaime e Remus batiam palmas. Até mesmo Allyn parou para olhar, se debruçando em uma pedra no meio do rio.

                               Uuuuh uuhh uuuhuuh uuhh

                               E quando vejo alguém, digo: Olá meu amigo!

                              Ele perguntará: Para onde está indo?

                              Ora essa, venha comigo

                              Vamos atrás de carne!

          A voz do Tenente Edwin deu outra vida à música, era como se ele a tivesse escrito, como se ele a vivenciasse todos os dias. Ele se levantou e começou a dançar, rodava e sapateava enquanto continuava cantando, e todos na roda tiveram que rir, até mesmo Velho parou com sua flauta por um instante para aplaudi-lo. Quando enfim a música chegou ao fim, com um grito coletivo de "Vamos atrás de carne!", Edwin caiu para trás e começou a rir, todos riram juntos até que ele se apoiou nos cotovelos e disse:

          — Bem, onde está a carne? Essa música só deve ser cantada seguida de boa comida.

          — Finalmente alguém tirando palavras da minha boca! — Eastar apontou para Edwin com as duas mãos e sorriu. — O que a gente ainda tem?

          — Nós? Bem, temos algumas coisas pra durar na estrada... — Ele fez uma pausa e se virou para Velho. — Eu esperava que fôssemos conseguir uma comida um pouco melhor já que ele nos convidou.

          Velho se levantou, sorrindo, pôs a flauta no cinto, esticou as costas e então fez um sinal de positivo com o polegar, esticando o braço na direção do jovem estelar.

A Crônica de EastarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora