Uma Conversa Estranha

7 1 0
                                    

16

          — Ora essa, estamos aqui conversando, e a cerveja na água, que idiotice. — Velho deu um tapa na própria testa. — Esperem um pouco.

          Foi até a borda do rio e puxou uma corda que estava amarrada à uma raiz alta de uma árvore próxima. Cinco odres cheios de cerveja saíram da água, e ele retirou dois, soltando a corda para que o resto afundasse de novo.

          Voltou a se sentar na pedra que estava antes e deu um dos odres a Edwin, enquanto abria o outro. Deu um longo gole e ofereceu a Eastar, que o pegou.

          — Pronto, bem melhor agora. O pessoal que está treinando parece estar se divertindo bastante.

          Todos olharam em direção à cachoeira e viram Remus sentado em uma pedra ao lado de Jaime enquanto os dois garotos ficavam embaixo da queda d'água, tentando se manter em pé apesar da força da cachoeira. Os olhos deles brilhavam, acionando o armazenamento para ganhar força e resistência.

          Ocasionalmente, um dos dois perdia o equilíbrio ou escorregava e era mandado para fora dela, o que fazia todos rirem. O gigante os observava com atenção, sempre focado no brilho dos olhos de Sean e Drun e procurando por alguma falta de controle.

          — E aquela senhorita nada muito bem. — Velho chamou a atenção mais uma vez.

          Dessa vez, olharam para o outro lado e viram que Allyn dava longas braçadas de costas, com a parte de cima do seu corpo à mostra por cima da água.

          — Isso sim é uma cena linda. — O flautista completou.

          Eastar cruzou os braços e acenou afirmativamente com a cabeça, enquanto mantinha a expressão séria. Ouviu um pigarro e olhou para Sindar, ela levantou uma sobrancelha, e ele abriu um sorriso largo. Lembrando do acordo, ela apenas revirou os olhos e mudou de assunto.

          — O que acham de um pouco de música?

          — É mesmo! — Isso pareceu chamar a atenção do jovem estelar. — A Sindar toca alaúde e canta muito bem. Por que vocês dois não tocam algo, então? — disse, apontando para a flauta de Velho.

          O flautista voltou sua atenção para a princesa.

          — A neta do grande Olhos de Águia. Claro! Por que não? Onde está seu alaúde, querida? Pegue-o e nos agracie com sua voz. Se estiver disposta, é claro.

          Sindar foi pega de surpresa por aquele gesto cavalheiresco e simplesmente balançou a cabeça, se levantou e foi até seus alforjes atrás de seu instrumento.

          — Uma bela garota essa, Eastar. Sem dúvida uma raridade. Você tem sorte de encontrar uma assim.

          — Também penso isso. Ela é incrível! Mas não fale nada disso perto dela, às vezes penso que ela tem o ego do meu pai.

          — Ei! Como é que eu fui me meter nessa história?

          — Ora essa, Aros. Isso é uma coisa da qual você não pode discutir. Não sei como Luriel te suporta há tanto tempo.

          Os três riam no momento que Sindar voltou com o alaúde e se sentou de novo ao lado de Eastar. Ele sorriu para ela, lembrando de algumas coisas, e ela, lembrando da mesma situação, sorriu para ele e lhe beijou antes de se virar para os outros e perguntar:

          — Que musica vocês querem?

          — Bem. Eu tenho uma ideia. — Edwin falou pela primeira vez. Eastar suspeitava de que ele vinha passando o tempo todo olhando para Allyn sem perceber muita coisa ao seu redor.

A Crônica de EastarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora