Lembranças Perdidas

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{ Tarso }


Eu estava na areia ainda desacordado, minha cabeça estava sangrando, acredito que levei alguma pancada em minha cabeça quando aeronave caiu no mar, fui levado até a beira da praia pelas próprias ondas devido a uma corrente marítima, e foi aí que um rapaz jovem e pescador me viu e me acolheu, cuidando assim dos meus ferimentos, eu estava apenas vestindo a roupa que sair de casa para viajar. Porém eu estava todo ensopado e fui para em uma outra praia bem distante da onde estavam me procurando, eu não sabia o que fazer, quando me acordaram na beira da praia eu coloquei a mão em minha testa e vi o quanto eu estava ferido e sangrando.

O belo rapaz que me achou perguntou se estava tudo bem comigo e ainda me perguntou o que tinha acontecido, mas eu não sabia lhe responder, era como tudo fosse apagado da minha mente a única coisa que eu me lembro e de eu está me afogando, eu não sabia o que estava acontecendo, eu não sabia em qual lugar do espaço que eu estava, bem... não literalmente, eu sabia que eu estava em uma praia, porém eu não sabia a onde eu estava e quem eu era, com isso eu me desesperei.

O rapaz então me disse para manter a calma que ele iria me ajudar, e que iria me ajudar a encontrar a minha família, então o jovem rapaz me levou para a sua humilde casa e cuidou dos meus ferimentos, com muito cuidado ele fez um pequeno curativo em minha testa e então parou de sangrar.

— Me desculpe, eu não tive tempo de me apresentar, eu me chamo Rennan, eu sei que você infelizmente não se lembra do seu nome, mas não se preocupe eu irei te ajudar.

— Muito obrigado Rennan, eu não sei nem como te agradecer, mas você não deveria me ajudar, você não me conhece, nem sabe de onde eu vim, ou quem mesmo sou eu, eu poderia ser qualquer um, uma pessoa de má índole, um assassino, um traficante, um ladrão.

— Não diga isso, eu percebi em seu olhar que você é gente do bem, de bom caráter, de boa índole, que realmente não está fingindo perder a memória só pra levar vantagem, e sim porque você é verdadeiro.

— Eu juro que quando me lembrar de tudo, de quem realmente sou, eu irei te recompensar, eu não sei de que modo, mas eu juro que vou.

— A minha maior recompensa vai ser você recuperando a sua memória. — Disse ele sorrindo. — Mas eu ainda acho que você deve procurar um médico e fazer alguns exames, ver se está tudo bem com você, pois você deve ter perdido muito sangue na hora que bateu a cabeça.

— Não, eu não quero médico, eu estou bem! — Afirmei.

— Tudo bem, mas eu iria te levar onde eu trabalho, eu iria te levar numa clínica que comecei a trabalhar tem pouco tempo, uma clínica chamada sempre viva, do Dr. Albert Adams e Dra. Thalía Adams.

Aqueles nomes me pareceram familiar, mas eu tentava me esforçar para lembrar mais nada vinha em minha mente, com todo o esforço que fazia para lembrar eu acabava ficando com dor de cabeça.

— O que você faz nessa clínica?

— Eu sou enfermeiro nessa clínica, me formei tem pouco tempo, e então conseguir um emprego lá, por isso fiz um curativo em sua testa que não vai deixar cicatriz.

— Mas eu vi você na praia com rede de pescaria!  — Falei confuso.

— Eu também sou pescador, meu pai era um bom pescador, e me ensinou a pescar, e então gostei... A minha mãe que sempre me incentivou a estudar, e não ficar sempre pescando como meu pai, então estudei e me formei e agora trabalho além da pesca, meus plantões são sempre à noite, e durante o dia, principalmente pela manhã eu saio para pescar e vender os meus peixes.

— Eu fico imaginando como você pode me ajudar a encontrar minha família.

— Eu não ganho muito dinheiro para conseguir colocar um anúncio no jornal ou qualquer coisa do tipo pra te localizarem, afinal eu acabei me me mudar para esse pequeno apartamento, e todo dinheiro que eu recebo do meu salário juntamente com as vendas dos peixes, eu junto tudo para conseguir pagar esse lugar e os móveis novos que eu comprei, então a única coisa que me resta é alimentação, se eu tiver algum gasto extra fora disso tudo, eu vou ficar devendo alguma coisa, alguma conta para pagar, ou o apartamento, ou os móveis, ou alimentação, então irei te ensinar a pescar, e se alguém conhecido te encontrar vai ser bom pra você.

— Excelente ideia! — Falei animado.

Quando a minha testa ficou totalmente boa, o Rennan começou a me levar para praia, para me ensinar a pescar todos os dias, no começo eu não me sair muito bem, mas um tempo depois eu comecei a pegar o jeito da coisa e conseguir fisgar vários e vários peixes em sua rede, tanto que o Rennan ficou bastante admirado com o meu desempenho na pescaria.

Depois de uns 15 dias após o acidente e eu vivendo com ele em seu apartamento, começamos a desenvolver uma amizade forte, éramos como duas crianças dentro daquela casa, ríamos juntos assistindo filmes de comédia, parecia que a gente se conhecia há anos, bebíamos juntos e conversávamos muito, mas infelizmente eu não tinha muito o que dizer de mim, eu ainda não conseguia me lembrar de quem eu era, então a gente falava muito mais dele do que de mim.

O Rennan tinha namorado, porém o namorado dele era muito gente boa, não sentia ciúmes de mim por ele está me ajudando. Eles tinham a mesma idade, era muito fofo ver os dois juntos, as vezes eu me sentia constrangido de vê-los juntos e me retirava da presença deles e ia pra varanda do seu apartamento e ficava olhando aquela imensidão do céu estrelado à noite. E então me permitia questionar se eu tinha namorado, ou namorada, se eu tinha mãe e pai, ou se eles estavam mortos, ou se ainda estavam vivos, a única coisa que eu queria saber era se tinha alguém procurando por mim e quem realmente eu era.

— Não fica assim cara, logo você vai voltar pra casa, logo com certeza você vai se lembrar de tudo. — Disse Rennan ao me ver em sua varanda cabisbaixo depois que seu namorado foi embora.

— É tudo que eu mais quero, afinal eu não sei nada sobre mim, é como se minha identidade não existisse, é como se eu não fosse eu entende? Porque eu não sei se eu tenho um namorado ou uma namorada, ou se tenho pais ou não, eu não me lembro de nada e isso a cada dia está me martirizando.

— Olha Talison, não pense assim, você é um cara bacana, eu sei que você está se esforçando muito pra lembrar de quem realmente você é, mas vá com calma, se você ficar pensando nisso direto você vai acabar ficando pior, ficando deprimido, deixe que cada dia progressivamente se passe, e quem sabe suas lembranças perdidas retornem?

— Você me chamou de Talison?

— Sim chamei.

— Esse nome é lindo gostei.  — Sorrir.

— Você tem cara de Talison.

— Obrigado Rennan, vou seguir seus conselhos, realmente eu estou pensando demais sobre isso, tentando me lembrar o tempo todo quem sou, e isso está me deixando cada vez mais pra baixo, vou deixar que cada dia siga o seu rumo e se algum dia as minhas lembranças perdidas voltarem eu irei me lembrar quem realmente sou eu e pronto.

Algum Tempo Depois...

Eu estava na praia voltando de mais uma pescaria junto com o Rennan em seu barco, voltamos com o barco cheio de peixes frescos para vendermos, e assim que eu sair do barco com a rede de pesca nas mãos ouço alguém me chamar por um nome que eu não conheço, mais ele me soa muito familiar Tarso. Quem será esse Tarso?

— Tarsooo, Tarsooo, Tarso!  — Vejo um homem correndo e me chamando.

Mas olho para trás e não o reconheço.

                                      Continua...

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