Partida

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          — Muito bem. Aqui está, garoto. Vamos testá-lo e ver como você se sai.

          Quando Eastar chegou ao pátio dos ferreiros, Garret já o esperava na porta do seu barracão, segurando uma vara de arco. Era negro, manchado de dourado e bronze por toda a extensão. Mesmo depois de bilhões de anos, os efeitos da poeira estelar ainda o deixavam fascinado.

          O arco fazia uma curva nas duas pontas e engrossava à medida que ia chegando no centro, onde uma empunhadura de couro estava fixada.

         — Ficou incrível!

         — Não elogie até tê-lo usado, seu idiota! Dá azar!

         — Ah, desculpe. — O garoto abriu seu melhor sorriso para o grande ferreiro barbudo.

         — Tudo bem, tudo bem. Sirva-se. — Apontou para uma cesta comprida, trançada, que estava próxima aos seus pés. — Fiz só três cordas de poeira, então é bom ter cuidado pra não perdê-las!

          Eastar assentiu com a cabeça. Pegou o arco e uma das cordas que Garret lhe entregou. Quando passou a perna esquerda sobre a vara e tentou curvá-la, percebeu que era muito mais difícil do que com um arco normal. Teve que fazer força para conseguir encaixar a corda. Depois levantou o arco para olhá-lo contra o sol. A coloração da poeira se alterava de acordo com a luz.

          — Muito bem, onde atiro? — Ele sorriu, se virando para o ferreiro.

          — Está vendo aquela macieira do outro lado do pátio?

          — Macieira?

          — É, garoto. Pé de maçã. Fruta vermelha, arredondada... nunca viu?

          — Ah! Árvore de maçã.... Entendi, é que nunca dei muita atenção a esse tipo de comida.

          Garret levantou a sobrancelha, sem entender. Por fim, resolveu relevar aquilo.

          — Então tá... atire naquela árvore. São mais de oitocentos passos de distância. Se você conseguir acertar o tronco, acho que já fico satisfeito.

          — Posso fazer melhor.

          — O que quer dizer?

          — Posso acertar uma maçã.

          — Acertar uma maça? Mal dá pra enxergá-las daqui!

          — É claro que dá, e muito bem.

          — Ora, ora, vocês estelares e seus superpoderes. — O sirion riu e balançou a cabeça. — Muito bem, então! Se você acha que consegue, tente.

          Eastar assentiu e se preparou.

          — Espere! Espere!

          O estelar já tinha pegado uma flecha na cesta e a colocava no arco quando o ferreiro o fez parar.

         — O que foi?

         — Proteção para o antebraço! Tinha esquecido. Está aqui dentro da cesta também. — O ferreiro agachou e começou a espalhar as flechas à procura do objeto. — Sei que vocês são super-resistentes e não sei mais o que, mas isso é um arco de poeira, dá pra fazer um estrago se essa corda passar aí. — Apontou ao braço do garoto. — Aqui, achei!

A Crônica de EastarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora