Hora de Descer

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          — O quê?

          — Nada. — O comandante cortou, tentando mudar de assunto. — Vamos logo, ou sua mãe vai me arrancar os dentes.

          — Talvez ela devesse, faria bem para o seu ego.

          — Moleque, você realmente sabe o que falar para merecer uma surra.

          — Desculpa, pai.

          O jovem sorriu, e seu pai não conseguiu segurar a risada, era impressionante como ele se via no filho, apesar de ele ter a insolência da mãe. Ela estava certa o tempo todo, como geralmente acontecia.

          Apesar de ter convivido bastante com os humanos depois que Eastar nascera, ainda era uma sensação bem engraçada, essa de ter um filho. Ele passou o braço pelo ombro do garoto, e os dois se deslocaram rapidamente até onde sua mulher os esperava.

          — Olá, vocês dois! — Luriel abriu os braços para os recém-chegados,

          Ela olhou para o filho, o cabelo dele chegaria até a cintura se não estivesse flutuando no espaço, estava bagunçado e cheio de nós. Ela suspirou, e a expressão feliz se tornou quase um lamento.

          — Eastar, acho que podíamos cortar esse seu cabelo.

          — Nãããão. Não comece com essa história de cabelo de novo, tenho algo muito mais importante para contar.

          — Tudo bem, tudo bem. Então me diga, como foi a sessão de espancamento hoje?

          — É treino, mãe! — Eastar revirou os olhos, tendo que repetir pela milionésima vez, mas se lembrou do assunto principal e abriu um sorriso cheio de dentes. — O velho apanhou hoje!

          Luriel olhou surpresa para Aros.

          — Isso é sério?

          — Pois é. Esse pivete conseguiu me acertar no fim das contas. Uma joelhada só, mas até que me impressionou um pouquinho.

          — Você ficou zonzo! — O jovem ficou indignado

          — Eu fingi que fiquei zonzo para você ficar feliz.

          — Sim, sim. Sei disso.

          Os dois encostaram as testas um no outro num desafio feroz e com sorriso nos rostos.

          — Meninos, parem com isso, por favor, parecem estrelinhas de cem mil anos.

          — E não é essa a idade desse pivete? — O comandante disse, dando tapinhas na cabeça do filho sem desencostar a cabeça.

          — E você tem uma eternidade! — O garoto retrucou, olhando com raiva para o pai.

          — Isso faz de mim apenas mais experiente, garoto.

          — Pode ser... — Luriel disse para si mesma.

          Ela ficou pensativa, lembrando das coisas que aconteceram desde que havia conhecido Aros, ele já era uma estrela poderosa antes mesmo de ela ter energia para entrar na Legião, olhou para os cabelos emaranhados do marido , que iam até os ombros, e a barba espessa. Antes tão negros, eles agora estavam grisalhos.

          — Ei, mãe, quero descer.

          Os dois estelares já tinham desencostado suas cabeças e olhavam curiosos para a estelar, que parecia perdida em pensamentos

A Crônica de EastarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora