Ele olhou por sobre o ombro em direção a Terra, que podia ver claramente por conta do seu antigo sacrifício.

          — Mas lhe aviso, Sorya, por toda admiração que tenho por você... — Olhou novamente para ela — Cuidado. Sei o quanto nós, estelares, nos vemos como uma enorme família, mas qualquer um pode ser corrompido. Já vi isso antes, há muito, muito tempo.

          — Farei o possível para que não haja danos. — Ela escondeu a excitação com um mero aceno de cabeça. — Mas confio em meus soldados, assim como você confia em mim, senhor. Eu... eu não lhe desapontarei.

          Belron sorriu triste. Ele via a inocência nos olhos dela, toda a sagacidade envolvida e comandada pela juventude.

          — Então tudo bem, vá... E, Sorya... me faça ter orgulho, como sempre tive.

          — Obrigado, Belron. Adeus.

          — Adeus, garota... e, por favor, humm... volte para dançarmos mais vezes. Você quase conseguiu me acompanhar dessa vez.

          — Quase? — Ela deu um risinho irônico e de repente se foi.

          Belron observou enquanto ela se deslocava a uma velocidade incrível por milhas estelares em segundos.

          O Rei Solar não queria admitir, mas sentia falta dos tempos em que não havia sistemas, do tempo em que treinava para batalhas reais.

          Ele não tinha planejado ser o rei daquele sistema, ser o que os terráqueos chamavam de sol, mas seu antigo mestre havia jogado a responsabilidade em cima dos seus ombros, e ele por muito tempo tentara fazer o melhor que podia.

          Continuou olhando por um bom tempo, sabia que a inércia daquela era estava chegando ao fim, mas acima de tudo, ele estava curioso sobre o futuro.

          Olhou para o seu trono com nostalgia, relembrando tempos passados, tempos em que lutou bravamente ao lado de guerreiros que se foram. Imagens de chamas e explosões passaram diante dos seus olhos, e ele se assustou por um segundo, suspirou e balançou a cabeça, depois se espreguiçou e foi sentar, desleixadamente como sempre.

          Chegando a seu posto, a General da Legião dos Estelares Térreos deu o anúncio. Espalhando espectros de luz por toda a volta do planeta de forma que chegasse a todos os seus soldados.

          Muitos resolveram descer e passar o resto do seu tempo juntos daqueles humanos que tanto os fascinavam, outros, seguindo seu senso de dever, decidiram que também desceriam e ajudariam, mas que voltariam em pouco tempo, pois não achavam que deveriam desperdiçar seu tempo de vida com seres tão instáveis. Houve aqueles ainda que tinham medo do que poderia acontecer, e aqueles que não queriam se envolver no assunto.

          O chamado não foi levado em consideração por todos. Havia dois estelares que se viam em uma situação um tanto improvável, e não era possível atender a convocação de sua general, nem mesmo se eles quisessem.

          — Vamos, querida, você consegue!

          O Comandante Aros, líder da Tropa Central dos Estelares Térreos, se via em um momento que mudaria sua vida: sua mulher estava dando a luz. E no caso dos estelares, parecia ser literalmente isso que acontecia.

          O comandante nunca tinha ouvido falar do nascimento de uma estrela a partir de pais, mas estava acontecendo. Por anos, sua mulher, chamada Luriel, começara a inchar e brilhar, chegara ao nível de mal conseguir se mexer, e foi quando os gritos começaram que eles entenderam que tinha chegado a hora.

A Crônica de EastarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora