Cap.170: Para o resto da vida.

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Pov. Poncho

— Que caras são essas? — perguntou na defensiva. — Alguma coisa errada?

— “Alguma coisa errada”? — Alfonso mal conseguia falar, ele tremia de raiva. — A senhora ainda pergunta?

— Abaixe esse tom de voz quando falar comigo, rapaz! — intimou, erguendo o dedo. — Eu sou sua mãe!

— Que espécie de mãe é essa que serve lasanha congelada como ceia de Natal para o filho e para a namorada dele? — explodiu.

— Avisei que trabalhei até ontem! Não tive tempo de preparar algo mais elaborado! Mas não sou assim tão ruim como pensa. Veja, comprei também lasanha de legumes para  Anahí. E tem sorvete com calda de sobremesa!

Prevendo as consequências, olhei apavorada para Alfonso, vendo uma veia pulsar violentamente em sua testa. Achei que ele fosse fazer uma besteira, como puxar a toalha da mesa e jogar toda aquela comida no chão. Na verdade, até vi suas mãos se erguerem, mas isso foi pouco antes de ouvirmos um estouro e a refrigeração desligar.

— O que foi isso? — perguntei assustada segurando no braço dele.

— Ai! Bem que avisaram que isso podia acontecer! — exclamou Rute preocupada.

— O que mais poderia acontecer? A maldição do fantasma da velhinha morta? — ele ironizou.

Quando pensei que não poderia piorar, ouvi algo que, infelizmente, provava que eu estava errada.

— Acho que estamos sem energia, garotos! — Rute disse contrariada.

Sim! Com certeza, as coisas podiam ficar piores!

— A senhora sabia que isso podia acontecer? — perguntei com voz tensa.

Ela desviou o olhar, claramente desconcertada com a situação.

— Mais ou menos. — minha mãe respondeu insegura — Meu amigo disse que não vinha aqui há muito tempo e não poderia garantir o estado da instalação elétrica. Creio que por estar há tanto tempo sem manutenção possa ter queimado alguma coisa, já que ligamos todos os aparelhos de ar condicionado. Ele me deu o telefone de um eletricista local, caso acontecesse algum imprevisto.

— Telefone do eletricista? — perguntei mordaz. — Difícil dizer quem foi mais irresponsável, se o seu amigo, por ter tido a cara de*****de oferecer essa casa mal assombrada, ou a senhora, por aluga-la sem verificar suas condições!

— Alfonso, caso não tenha percebido, sou uma mulher muito ocupada. Trabalho duro. Tentei fazer o melhor, mas não tive tempo para me ater aos detalhes!

— Detalhes?! — destaquei chateado. — A senhora chama não ter energia elétrica de detalhe?Além do calor, ficaremos com a geladeira e o freezer sem funcionar. As coisas irão esquentar ou estragar! Quanto ao eletricista, não sei se está lembrada, mas hoje é Natal. Quem é o maluco que vai trabalhar num dia desses?

— Deixe de ser tão negativo! Vamos, Anahí, diga a ele que essa postura não ajuda!

— Não envolva Anahí nisso! — taxei com firmeza. — Isso é entre nós dois! E não sou negativo.
Estou envergonhado com a sua atitude! Sabia que Anahí poderia estar em casa com a mãe e os irmãos tendo um Natal de verdade? Um Natal na companhia de uma família amorosa, com uma sala cheia de enfeites e presentes, com comida de verdade à mesa, e não com essa gororoba congelada que nos ofereceu? Mas eu fui egoísta o suficiente para convencer a mãe dela, que é uma mulher incrível, permitir que eu trouxesse sua única filha para passar o Natal longe deles, num lugar diferente e na companhia de estranhos. E tudo isso para quê? Anahí aceitou vir comigo pra quê? Para chegar e ser ofendida? Para enfrentar mais horas de voo como se já não estivéssemos cansados o suficiente? E, mesmo suportando uma viagem desconfortável, ela ainda me serviu de enfermeira quando quase sucumbi naquele inferno! E agora, como grand finale, somos obrigados protagonizar nesse cenário de filme trash!

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora