Cap.22: Brasil!

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Não prestava muita atenção aonde ia, deixava os pés me guiarem sem rumo certo, como se a solução dos meus problemas estivesse escondida numa esquina qualquer. Passei em frente a uma sorveteria e resolvi entrar.

Nem prestei atenção na imensa placa que exibia dezenas de diferentes sabores de sorvete. Pedi o de sempre: chocolate. A atendente pareceu feliz por atender alguém decidido, diferente do que vi acontecer com o cliente ao lado.

Com a taça de sorvete nas mãos, sentei em uma das mesas ao lado da vidraça, o que me permitiu ter visão da rua. Saboreava distraído, observando sem interesse as outras lojas e as pessoas que passavam por ali.

E algo do outro lado da rua chamou minha atenção. Acho que fui atraído pelas cores vibrantes usadas no cartaz. De onde estava não distinguia bem as imagens, mas aquele colorido me deixou curioso.

O letreiro acima identificava uma agência de viagens. Voltei a sentir a familiar opressão no peito, lembrando que da última vez que estive num lugar desses foi para comprar um pacote turístico para o meu casamento.

Forcei-me a reprimir as lágrimas que teimavam brotar. Solitário, continuei tomando o sorvete, olhando vez por outra aquela vitrine que exibia atraentes paisagens ao redor do globo.

Assim que terminei, saí da sorveteria e atravessei a rua. Na falta de coisa melhor para fazer, fui ver mais de perto aquele lugar. Parei em frente e passeei o olhar por todas as propagandas. Confirmei o que imaginava.

Boa parte do mundo estava ali representada em ofertas variadas de destino. Será que Dulce aceitaria viajar comigo? Lembrei-me do olhar desconfiado e do jeito constrangido que ela vinha apresentando. Provavelmente não aceitaria.

Suspirei desanimado. Aquela inscrição em grandes letras verdes e amarelas me chamou a atenção. Parei e fixei o olhar no cartaz. Fotos de pessoas rindo e se divertindo em cenários convidativos.

Numa delas, uma família passeava a beira-mar. O casal segurava pela mão uma garotinha sorridente. Observei o cabelo cacheado, liso e escuro que lhe caía aos ombros, assim como o belo e saudável tom bronzeado de sua pele.

Era uma criança linda! Desejei que, se um dia tivesse uma filha, fosse assim: uma delicada fadinha, bronzeadinha como sua mãe. Uma ideia surgiu e foi tomando forma, à medida que contemplava a figura daquela linda menininha.

Aquilo me trouxe à lembrança um momento especial. Meu marasmo foi sendo substituído por uma súbita euforia. Dulce não confiava em mim por não se lembrar de mim...

Mas se eu provasse que a conhecia além do que ela supunha, talvez conseguisse dar o primeiro passo rumo ao seu coração. Um plano começou a se formar em minha mente e, animado, decidi o que fazer.

Dei meia volta e, já ia partir, quando resolvi lançar um último olhar para o cartaz.

- Brasil. - falei em voz alta, lendo o título principal, antes de voltar a fitar o rosto da garotinha. - Obrigado! - agradeci à imagem inanimada, e sai correndo à procura da primeira entrada de metrô.

Eu já sabia o que fazer, só não sabia se daria certo. Mas eu tinha que tentar. Desesperadamente, precisava tentar.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora