Cap.28: A visita não foi infrutífera.

1.4K 112 6
                                    

🌹🌺🌹🌺🌹🌺🌹🌺🌹🌺🌹🌺
♛♕♛♕♛♕♛♕♛♕♛♕♛♕♛♕

Fechei os olhos, a cabeça tonta, cambaleei e pousei o rosto em seu peito, deixando-me abraçar por ele.

- Dulce, me diga o que está sentindo? - insistiu.

Respirei fundo.

- Me dê um minuto. - pedi, enquanto inspirava e expirava seguida e profundamente.

Ele esperou em silêncio, suas mãos firmes e gentis seguravam-me com cuidado. Sentia-me estranha. Não era apenas o desconforto físico que me abalava, já estava me recuperando do mal estar. Mas a confusão que aquele fragmento de memória me trouxe não me abandonaria tão rápido.

- Você está tremendo. - constatou com a voz carregada de preocupação.

- Estou bem. - falei erguendo o rosto e deparando com seu olhar atento

- Já passou.

O que passou? Fiquei em dúvida. Deveria compartilhar e seria sábio revelar o que tinha visto? Não que não confiasse em Christopher, já havia percebido que era leal - uma de suas muitas qualidades.

Mas temia o que uma informação como essa poderia acarretar à nossa frágil e dolorosa relação. Detestaria enchê-lo de esperanças e, ter que desfazer seus sonhos depois, como ondas desmanchando castelos de areia.

Ao mesmo tempo, acreditava que para qualquer relação dar certo, seja de que tipo fosse, honestidade era imprescindível. Eu era um poço de emoções conflitantes: desejava e não desejava, queria e não queria.

Mente e coração em completa bagunça, enquanto decidia o que falar e como começar. Se devia ser sincera, achei melhor falar exatamente como me sentia.

- Não sei como começar.

- Do início. - pediu paciente, enquanto tocava gentilmente meus cabelos.

Se eu tinha alguma dúvida, acabou ali, com o jeito tão absolutamente amoroso que ele me tratava. Como não ficar completamente cativada com esse nível de devoção?

Contei o que tinha acabado de lembrar e, à medida que falava, pude ver seu rosto, antes concentrado, relaxar. Quando terminei, ele esboçava um leve sorriso.

- Então a nossa visita não foi infrutífera. Não era essa a lembrança que imaginei despertar, mas mostrou-se ainda melhor.

- Aconteceu assim mesmo, não foi? Uma cerimônia ao pôr-do-sol?

- Foi. - respondeu simplesmente.

Devagar, coloquei a mão em seu peito, da mesma forma como tinha me lembrado há pouco. Nossos olhos se encontraram e senti aquela conexão imediata que me deixava com vontade de fugir e de ficar ao mesmo tempo.

As palavras de minha promessa se repetiam em minha mente, coçaram em meus lábios. Porém, não as repeti, ficaram presas. Eu sabia que as tinha falado, mas eu não era a mesma.

Se as repetisse agora, não teriam a carga de sentimento, nem de veracidade da experiência anterior. No momento, seria impossível ratificá-las.

Acho que nós dois já tínhamos votos quebrados o suficiente para incluir mais um. Ele aproximou seu rosto do meu, vi aqueles lábios rosados ficarem mais próximos.

Os vapores das nossas respirações saiam longa e profundamente. Estávamos tão próximos que eles se misturavam formando um único vapor.

Meus lábios tremeram, revelando meu nervosismo. Não consegui controlar aquela reação involuntária. Não queria demonstrar o quanto sua proximidade era perturbadora, o quanto me sentia cativa daquele olhar, embriagada por aquele hálito.

Ele olhou pra minha boca, que voltou a tremer, e fez algo que me deixou mais surpresa do que se tivesse me beijado. De forma gentil, porém firme, afastou-se de mim, esticando os braços.

- Você tinha nove anos quando viemos aqui pela primeira vez.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora