Cap.70: Espere sentada.

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- É mesmo, como o quê? - perguntou desafiadoramente.

- Amor, confiança, lealdade, companheirismo, cumplicidade e tantos outros sentimentos verdadeiros.

- Você é tão ingênua! - rebateu irônica. - Eu pago o suficiente e qualquer um pode interpretar bem qualquer dessas emoções.

- Interpretar? Olha, Paola, realmente tenho pena de você. Não sei como foi criada, mas de onde venho, acima de tudo, valoriza-se o bom caráter e a nobreza de alma, o que infelizmente vi que você não possui. Boa noite!

Comecei a sair do banheiro, quando ela virou e agarrou o meu pulso.

- Isso não acaba aqui. E sinta-se avisada. De um jeito ou de outro, mais cedo ou mais tarde, sempre consigo aquilo que quero. Sempre!

- Então espere sentada, porque a eternidade é um tempo muito longo! - dizendo isso, puxei o braço, me soltando de suas mãos e fui ao encontro do meu destino.

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Antes de me encontrar com Dulce como tinha combinado, resolvi falar com Alfonso, avisando que estávamos de partida. O encontrei dançando com Anahí do outro lado da pista.

Quer dizer, dançar era apenas uma figura de linguagem ao tentar expressar o que Poncho fazia. Ele pulava e se sacudia tanto que nem reparou quando me aproximei. Então dei uma tapinha em seu ombro.

- Opa! - soltou, surpreso. - Algum problema?

Anahí se aproximou, parando ao seu lado.

- Não, nenhum. - respondi balançando a cabeça. - Desculpe interromper, só queria avisá-los que Dul e eu estamos de saída. Mas fiquem tranquilos, vamos pegar um táxi. Continuem aproveitando a festa!

- Tem certeza? Se quiser, não me importo em sair agora. Você se importa, gata?

- Não, por mim, tudo bem. - Anahí respondeu, numa boa.

- Sério, não precisam, mesmo! Vocês estão se divertindo e tenho certeza que querem curtir mais um pouco. Não percam a oportunidade.

Eles se entreolharam parecendo pensar em minha proposta. Até que balançaram a cabeça em sinal de concordância.

- Então, tá. - Poncho falou. - Aproveite bem sua noite com Dulce. A gente se vê outra hora.

- Certo, até mais! - falei ao sair. - Aproveitem!

- Onde nós paramos, mesmo? - foi à última coisa que ouvi Alfonso dizer pra Anahí, e os dois recomeçarem a dançar. Quer dizer, Poncho recomeçar a saltar.

Caminhei por entre os convidados até chegar à porta de saída onde fiquei aguardando. Enquanto isso, pensei no quanto era legal vê-los tão apaixonados e conectados.

Essa era uma situação normal para quase todo casal, mas não pra eles. Ou melhor, não especificamente para Alfonso. Ele costumava evitar qualquer tipo de relacionamento estável, e só muito recentemente teve coragem para levar alguém a sério e se permitir viver uma emoção genuína.

Ao vê-los assim tão próximos e à vontade um com o outro, senti uma saudade enorme de quando Dulce e eu também partilhávamos essa comunhão, com essa aura de quem divide tudo na vida.

Embora nosso relacionamento tenha se fortalecido nos últimos meses, conseguindo ultrapassar as barreiras da amizade e, finalmente, cruzado a fronteira em direção a uma relação amorosa, sabia que Dul ainda não tinha conseguido perder o medo e confiar totalmente em mim.

Sempre que nos aproximávamos mais intimamente, ela recuava com os olhos medrosos, implorando por mais tempo. E eu sempre respeitava os limites impostos por ela, mesmo quase enlouquecendo.

Passei a mão no rosto e suspirei me sentindo cansado. Talvez não tivesse sido uma boa ideia forçá-la a tanta proximidade física, praticamente obrigando-a a dormir comigo toda noite.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora