Cap.103: Interrompo alguma coisa?

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Aproximei-me devagar, sem desgrudar meus olhos dos seus, ergui as mãos segurando-o pelos ombros e sorri de forma ingênua.

Inesperadamente, grudei nossas bocas, começando a batalhar pela posse da bala. Movimentávamos nossas línguas, mantendo um combate amistoso. Consegui pegar uma vez, mas ele logo sugou de volta.

Ficamos nessa, a bala sendo jogada de um lado pro outro, até que com um movimento certeiro consegui prendê-la em minha boca.

— Você está ficando boa nisso.

— Sou boa em tudo. — declarei e comecei a me afastar.

— Convencida! — falou segurando-me firme pelo braço. — Vem cá. Segundo tempo!

Ele me puxou de encontro a si, nossas bocas grudaram novamente e a batalha recomeçou. Só que dessa vez sua mão subiu por minhas costas e fez um carinho delicioso na minha nuca, fazendo com que perdesse a concentração e a bala.

— Peguei! — disse rindo e me soltou. — Aceita empate?

— Golpe baixo! — reclamei com as mãos na cintura.

— Sabe o que dizem: “no amor e na guerra vale tudo”. — defendeu-se.

— Prorrogação para o desempate. — propus.

Ele deu uma risadinha muito charmosa e atrevida.

— Anahí, quem inventou esse jogo? “Moi”! — falou apontando para o próprio peito. — Você realmente acha que tem alguma chance?

Eu nunca deixava de me espantar com o convencimento do Alfonso. Agora era questão de honra! Era hora de Anahí Portilla dar uma lição em Alfonso Todo-Poderoso Herrera!

— Que vença o melhor! — desafiei de queixo erguido.

Tive o prazer de ver seus olhos brilharem de excitação, antes que me agarrasse e puxasse pela cintura. Dessa vez nos jogamos sofá, nossas bocas digladiando sem trégua pela posse da bala, como um duelo de peritos espadachins. Era tão empolgante!

— Interrompo alguma coisa? — ouvimos uma voz próxima.

Com o susto, soltei a bala. O Alfonso, que estava sugando com tudo, acabou engolindo e começou a tossir engasgado. Sentamo-nos rapidamente e comecei a bater em suas costas, enquanto ele tossia sem parar.

— O que ele tinha na boca além da sua língua? — perguntou casualmente Samuel, sem aparentar preocupação.

— Bala de hortelã. — respondi sem sequer olhá-lo, totalmente concentrada em ajudar o Poncho. Finalmente ele parou de tossir e olhou para o irmão com evidente desprezo.

— Não sabia que ainda estava por aqui. — Alfonso comentou.

— Estou um pouco atrasado, na verdade. — falou com calma. — Mas pense assim: se eu não tivesse demorado no chuveiro, quem faria o sacrifício de ainda molhado e só usando uma toalha abrir a porta para sua linda namorada? Acho que já fiz minha boa ação do dia.

Com aquele joguinho do beijo, tinha esquecido aquele incidente, e agora Samuel fazia questão de jogar na cara do Poncho, numa falsa ingenuidade que não me passou despercebida. Olhei pro Poncho, ele estreitou os olhos, as narinas dilataram, demonstrando muita irritação. Apertava o braço do sofá como se estivesse se segurando.

— Ele abriu a porta pra você? — perguntou sem olhar pra mim, fitando fixamente seu irmão.

— Sim, ele atendeu a porta quando toquei a campainha. — respondi insegura.

— Muito esperto de sua parte escondê-la, maninho. — Samuel falou com meio sorriso nos lábios. — Ela é irresistível!

— Se tem amor pelo seu rostinho bonito, melhor parar por aqui! — o Alfonso ameaçou sério.

— Mas que mau humor! O que foi? Não aguenta uma pequena brincadeira saudável?

— A Anahí não é uma brincadeira pra mim. — rebateu.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora