25 - O aviso (parte 2)

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— Fiquem à vontade para escolher — disse o monitor. — Mas não sejam lentos, porque a que pegarem no primeiro momento, será a que treinarão nos próximos dias.

Dito isso, muitos avançaram na direção dos objetos. E enquanto escolhiam, fiquei abobado. Não conseguia me decidir.

Nunca usei um arco, mas também desconheço o peso daquela espada. O machado! É, o machado pode ser uma boa opção, pensei.

Estava convencido da minha escolha, porém, demorei tanto que o machado foi pego por outro alguém. Confesso que fiquei chateado. Mas, embora não estivéssemos praticando Corlevado, aquilo ainda fazia parte do treinamento.

A única arma que sobrou foi uma revestida de madeira, ligada com uma corrente que segurava duas esferas caracterizadas pelos espinhos de aço.

Segurando o objeto, perguntei para a monitora como o chamavam.

— Isso é um mangual — disse ela, indisposta.

— Muito prazer, mangual. Eu me chamo Crispim.

Tentei fazer graça. Entretanto, estava descomposto por segurar algo que Deise jamais permitiria.

— Siga os outros — disse Fred, aproximando-se.

Com o fim do Corlevado entre as equipes restantes, foi imposto um limite temporário entre "vencedores" e "perdedores". Enquanto cada monitor escolhia um competidor, eu aguardava os próximos passos.

De repente, Salua se aproximou e propôs:

— Quer trocar? Sou melhor com o mangual do que com a espada.

Ela segurava a maior espada que vi por ali. Sem pensar, entreguei o mangual. No entanto, percebi que a troca decepcionou alguém que estava à minha esquerda.

— Uma Claymore... Dependendo da forma que usar, poderá ter uma vantagem incontestável. Mas, por ser grande, fica complicado de usá-la com um escudo — disse a monitora, com cara de nojo.

— Valeu! — respondi.

— Sabe o que fazer?

Se eu soubesse, não estaria aqui, pensei. Porém, apenas balancei a cabeça.

— Erga a espada — orientou. — Agora, tente movimentá-la para a frente.

Em silêncio, até mesmo quando tive dúvidas, segui as instruções. Por fim, movimentei a espada para a frente, mas senti dificuldade em alguns momentos, pois não era tão leve assim. Após alguns minutos, acostumei com o peso. Então, me senti confortável.

Olhei para os ganhadores, e notei que só conhecia Natanael e outras duas. Apesar de não lembrar como se chamavam, recordei que uma era conhecida por suas premonições. Diziam, ainda, que ela era muito boa em contar histórias.

Talvez por perceber a semelhança das nossas armas, ela se aproximou. Porém, daquela vez, não fui o primeiro a puxar assunto. Quando a contadora de histórias sorriu, a "monitora antipática" se retirou, mas, antes, disse:

— Tente não morrer antes da hora.

Fingi não ouvir.

— Já sabe usá-la? — perguntou aquela de cabelos esbranquiçados.

— Sendo sincero? Não! É o meu primeiro contato.

— Já esperava que fosse.

— Por quê?

— Quem acha que avisou a Mislan sobre sua volta? — inflou-se de orgulho.

— Então, por que não fomos apresentados ainda?

Não queria perguntar seu nome. Pretendia que ela o revelasse.

— Não sei. Desde que chegou sempre está bem acompanhado ou ocupado demais.

Aquilo era verdade. Mesmo quando queria, quase nunca ficava só.

— Rápido! Erga a espada — advertiu. — Vamos ao menos fingir que estamos fazendo algo.

Olhei ao redor e vi que todos se movimentavam. Alguns trocavam de armas, porém, a maioria havia se adaptado ao objeto escolhido. Ainda não entendia o motivo de servirmos como "vitrine" para os outros.

— Ficaria ofendida caso eu perguntasse seu nome?

— Por que ficaria? Não perca o foco!

— Não sei... aquela monitora não é tão simpática como achei que fosse.

— Aquela ali? — riu. — Ela deve estar num ótimo dia por ter decidido ajudar. Em tudo, ela é do contra. Mas voltando a sua pergunta, não tenho motivo para ficar chateada. Meu nome é Ioná.

— Ah, sim, agora lembrei.

— Acompanhe os meus reflexos — orientou.

Ioná me desafiou. Contudo, ela estava indo muito depressa.

— Isso! Continue...

Devido aos movimentos bruscos, andei para trás. Mas, por descuido, deixei a espada cair. Quando isso aconteceu, Ioná parou e disse:

— Que sorte a sua. Geralmente, é difícil acertar de primeira. Mas vejo que se deu bem. Nem parece um iniciante.

Como fui bem se deixei cair?

Reluscer - O SucessorWhere stories live. Discover now