Capítulo 48 - Sitio em Petrolina

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Guilherme

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A busca constante por pistas estavam nos esgotando, mas descobrir a verdade por trás da morte de Clara era o nosso objetivo agora. Pegamos o primeiro avião em destino a Pernambuco e seguimos fielmente nosso trajeto.

Quando por fim  já estávamos em Petrolina, a exaustão nos dominava extremamente. Rafael reclamava constantemente por conta do seu estômago que não parava de roncar e Samantha afirmava a cada 5 minutos que o salto estava acabando com seus pés. Após fazermos uma pausa para conseguir se hospedar, comer algo e tomar um banho, o descanso se tornou proibido. Pegamos o GPS e seguimos outra vez a caminho da única pista que tínhamos na mão.  

Após horas de caminhadas, chegamos num sitio localizado no meio do nada. Animais caminhavam por todos os lados naquele casebre de sapê. Batemos na porta e um homem robusto e de expressão fechada veio nos atender. 

 — Quem são vocês? — ele indagou com uma expressão fechada e grosseira sem nos oferecer muita conversa. — O que vieram fazer aqui?

— Você é o senhor Augusto? —  chamei prontamente sem ao menos me certificar se realmente se tratava do tio de Clara.

— Como sabe meu nome garoto? Quem é você? —  ele esbravejou com mais impaciência ainda.  

— Sou Guilherme, amigo da sua sobrinha Clara, e esses aqui são Rafael e Samantha. —apresentei.

— Clara não tem amigos. É melhor vocês irem embora daqui agora. — reclamou.

— Olha, nós viemos de muito longe,  inclusive fomos até o Rio de Janeiro buscar informações sobre sua sobrinha no hospital em que ela esteve no período de coma. Sabemos que ela saiu daquele hospital com você e queremos saber onde ela estar. Somos amigos dela sim, do contrario não estaríamos aqui. Então não nos prive do direito de saber sobre ela. — Rafael esbravejou.

— Sei muito bem que amizades ela tinha por lá Boa viagem. Foi inclusive, graças a essas amizades que ela quase morreu se jogando de um prédio.  Vão embora agora do meu sitio ou minha espingarda vai fazer vocês dançarem conforme o ritmo que eu ditar.  — Augusto se mantinha certo de impedir nossa entrada.

— "Quase morreu" — Samantha repetiu perplexa e com extrema euforia. — Então Clara está realmente viva? —  todos vibramos com alegria ao nos dar conta do que tínhamos acabado de ouvir.  — ele apenas nos respondeu com o silêncio. 

— Agora que sabemos que Clarinha está viva, vamos entrar por essa porta e vê-la nem que o senhor nos dê tiros de espingarda. — o enfrentei fortemente colocando para fora a masculinidade que eu nem sabia que tinha.

— Entrem, podem entrar seus bananas... Não vão encontrar ninguém além da minha esposa e filha. —  ele sorriu debochadamente. — Se querem tanto saber sobre Clara, então eu vos digo. Ela foi para outro país, e acredito que jamais voltará ao Brasil. 

— O que ela foi fazer fora do Brasil? — Samantha indagou prontamente.

— Tentar recuperar a sua formosura. Ao cair Clara teve esmagamento da face do lado direito, lesões pelo pescoço, traumatismo e inúmeros de seus ossos quebraram-se pelo impacto da queda. Ela conseguiu após anos recuperar-se do coma e de inúmeras sequelas, mas sua face no lado direito nunca foi a mesma. Por essa razão ela foi para os EUA, buscar os melhores cirurgiões plásticos que pudessem ajuda-la.

— Como Clara teria tanto dinheiro assim? Sabemos que essas cirurgias custam pequenas fortunas, e quanto mais requisitado o profissional, mais caro.  

— No período em que Clara passou em coma, sua mão vendeu o carro que ela tinha ganhado de um trabalho... Guardou o dinheiro e aplicou no banco, além do carro, vendeu joias e muitas outras coisas e aplicou tudo. Valentina sempre teve esperanças que sua filha acordasse um dia, e incrivelmente ela estava certa. Quando Clara acordou, após dois anos, o montante do juros já era o suficiente para viajar e tornar real sua cirurgia. 

— Tem o endereço de onde ela está? —  Rafael indagou.

— Ainda que eu tivesse, não daria. Vocês destruíram a vida da minha sobrinha, não tentem fazer isso outra vez. Deixem Clara em paz! Ela me prometeu que jamais voltaria ao Brasil e que tentaria reconstruir sua vida lá. Por mais de 3 anos vocês não a procuraram, e agora que ela está voltando a seguir com sua vida, vocês voltam? O que querem? Que ela tente se matar outra vez? — ele chorou e esbravejou com total irá. — saiam já do meu sitio, Vermes! Foi por culpa de vocês que a mãe de Clara morreu de tristeza na incerteza se voltaria ou não a ver sua filha bem.

Sem ouvir nem mais uma palavra, assustados, saímos rapidamente dali. Nossas esperanças haviam se dissipado outra vez. Agora sabíamos com certeza que Clara estava viva, felizmente. Mas a questão é que não tínhamos o seu exato paradeiro.  Não podíamos ir para os EUA  sem ao menos uma pista que nos levasse até  ela. Nossas expressões eram confusas. Descobrir que alguém que acreditávamos ter morrido, está na verdade viva e ainda sim, não podermos vê-la, não era uma sensação fácil. Seguimos para o hotel do qual nos hospedamos e decidíamos passar o resto do dia por lá e voltar somente ao amanhecer para Boa viagem.

A parte mais difícil dessa historia é a incerteza se devemos ou não contar para Eduarda a maior bomba já descoberta nos últimos quase 4 anos. 

2 - Colorindo uma vida de tons cinzasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora