Capítulo 32- Um sentimento sem rótulos

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Lívia

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— É humanamente impossível ser indiferente quando se trata de uma mulher linda com um violão na mão. 

— Dizem que serenata e violão conquista qualquer coração durão, então não me custa tentar. 

— Não tenho um coração durão, na verdade o meu mais parece gelatina de tão mole, se encanta muito fácil.  

— Então eu consegui te encantar? —  ela sorriu e me olhou interrogativa.

— Vai se achar a última bolacha do pacote se eu falar que sim? —  sorri.

— Por que sempre responde minhas perguntas com outras perguntas? —  falou sem paciência com uma certa marra que chegava a ser fofa.

— Porque quando se trata de você, te irritar é a segunda coisa que mais amo fazer. — sorri divertidamente.

— Qual a primeira? — indagou curiosa.

— Te beijar.  — falei prontamente, quase que sem pensar.

— Aé? Então temos algo em comum. — ela se aproximou outra vez, sorriu - aquele sorriso me matava-, me olhou por longos segundos e fez meu corpo estremecer naquele momento só com seu olhar. Eu estava cada vez mais rendida. Na sintonia do beijo, nossos corpos caíam vagarosamente sobre a cama. Seu corpo sob o meu alimentava meus delírios mais loucos.

— Então... mas você ainda não respondeu a minha pergunta. —  ela disse interrompendo o momento. Droga! Por que ela tinha que parar o beijo na melhor parte? 

— O beijo não bastou para tirar suas duvidas sobre a nossa " relação sem rótulos" ? — interroguei.

— Não. Acho que vou precisar de mais um para ter certeza. — rimos juntas e voltamos ao ponto em que paramos. 

Eu não posso negar que meus sentimentos por Eduarda ainda permaneciam vivos, no entanto, quando eu estava ao lado de Laura era como se outro alguém não existisse. Ela tinha o poder de me cercar na sua teia de intermináveis encantos e me prender a eles. Eu gosto do modo seguro e autêntico como conduz tudo. Com Eduarda era sempre uma montanha russa de confusões sentimentais, medos, inseguranças, já com Laura é tudo tão estável, é como se eu não precisasse a cada cinco minutos me preocupar sentindo que a qualquer momento posso perder. 



Samantha

**

— Acho que foi um erro ter aceitado vir a praia. — afirmei quebrando o longo momento de silêncio.

— Oras! Não está gostando?

— Eu até estava... até você mudar de humor e agir como se minha companhia não estivesse te agradando.

— Hein, não pense assim Sam, é claro que estar com você me agrada. — tentou consertar.

—  Mas você preferia que fosse a companhia dela né? — indaguei cabisbaixa. 

—  Dela quem? — bancou o desentendido.

—  Lívia! É ela quem você queria aqui, não eu.

— De onde tirou essa idiotice?

—  Dos seus olhos, do seu sorriso ao vê-la. Não tente negar. É errado mentir para mim e ainda mais errado mentir para si mesmo. Se é ela quem você quer, corra e vá a luta. Só não me use para tapar os buracos que ela deixa. A solidão é menos dolorosa que o sabor amargo de estar com alguém que deseja outra.  —  eu o encarava e no fundo, bem no fundo, desejava mais do que tudo estar errada.

2 - Colorindo uma vida de tons cinzasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora