A Filha Do Submundo

Capítulo 41 - Fuga

Fico em meu quarto absorta em pensamentos até a Arie chegar e me explicar o plano.

-- Então, de madrugada eu te encontro na cobertura do palácio, e depois nos teletransportamos para o castelo de Lúcifer. Eu não vou ficar por muito tempo, tenho que sair antes que Lúcifer me capture, então vou ser muito tempo breve - explica ela.
-- Okay - digo
-- Já vou para meu quarto então - ela vai saindo, mas antes que ela saia eu digo:
-- Se você pode se teletransportar, por que não fugiu antes? - pergunto. Essa é uma pergunta que estava realmente me intrigando, porque a Arie disse que odeia isso aqui, e se ela pode se teletransportar porque não fez isso antes para fugir?

-- Aah, é que aqui e a terra são planos dimensionais diferentes. Quando estamos aqui podemos nos teletransportar para qualquer parte desse plano dimensional mas não para a terra porque ela não faz parte dessa dimensão  - explica Ariella.
-- Então quando vocês estão na terra, vocês não podem se teletransportar de volta para o céu? - eu pergunto realmente curiosa.
-- Não - diz Arie e depois tenta ame explicar novamente.
-- Nós não podemos nos teletransportar para outro plano dimensional - explica Ariella. -- Mas para isso existem os portais, foram criados para nos transportar para as outras dimensões. - Termina ela.
-- Aah, entendi. Porra isso é tão... Tão foda - eu digo admirada. Ariella ri.
-- É interessante - diz ela rindo da minha expressão.
-- Isso que eu quis dizer - digo irônica.
-- Claro - diz Ariella ainda sorrindo.
-- Agora eu tenho que ir - diz Ariella andando para a porta do meu quarto.
-- Tchau, Arie - digo.
-- Tchau, princesa - diz ela e sai do quarto me deixando rindo de como ela não consegue parar de me chamar de princesa. 

**

Chego na cobertura do palácio mais ou menos 3:43 da madrugada. Está fazendo um grande frio na cobertura do palácio, o vento gélido da noite toca o meu corpo me fazendo arrepiar dos pés a cabeça, coloco meus braços ao redor do meu corpo para me esquentar um pouco mais e olho ao redor para ver se Ariella já chegou. Ela está em no canto da cobertura encostada no parapeito olhando para as montanhas que ficam a frente do palácio. Vou caminhando em direção a ela.

Na metade do caminho o vento frio me atinge em cheio novamente, e apesar de eu estar de calça, casaco e botas para me proteger do frio, não adianta muito.

-- Ariella - digo parando ao lado de Ariella. Ela olha para mim um pouco assustada.
-- Você demorou, pensei que tinha desistido - diz ela olhando para mim.
-- Não, você não pensou - digo dando um pequeno sorriso.
-- É, eu não pensei. Sei que não desistiria - ela fala, e volta a olhar para as montanhas. Ariella está realmente linda esta noite, o vento balançando seus cabelos ruivos, o brilho do luar iluminando sua face. E quando ela volta a olhar para mim novamente vejo o brilho de seus olhos negros...
-- Está pronta - me pergunta.
-- Estou - digo. Mas agora que chegou a hora, eu realmente estou com medo, um certo frio na barriga, parece que há borboletas em meu estômago.
-- Você não me parece pronta - percebe Ariella.
-- É porque não estou - digo um pouco hesitante.
-- Então não faça isso - diz ela.
-- Nem comece - aviso.
-- Okay - diz Arie revirando os olhos.
-- Arie, obrigada, eu... - digo.
-- Nem vem - diz ela olhando levantando as duas mãos para o alto. Sorrio com o gesto dela.
-- Vamos Arie, antes que alguém nos veja - digo.
-- Certo - ela diz se virando totalmente para mim.
-- Segura minhas mãos - diz ela estendendo as mãos para mim, enquanto eu as seguro.
-- Fecha os olhos - diz.
-- okay - digo fechando os olhos.

Sinto minha cabeça rodar e uma sensação de vazio, e só. Depois quando abro os olhos vejo que estou na entrada do castelo de Lúcifer. Olho para Ariella, permaneço olhando-a por um tempo.
-- Obrigada - digo para Arie. Me aproximo e lhe dou um abraço apertado. -- Você é realmente uma amiga - digo.
-- Você também, princesa -e ela diz se afastando um pouco do meu abraço. Quando olho em seus olhos vejo que ela está com um olhar triste.
-- A gente vai continuar a se ver, Arie - digo, mas acho que isso não vai acontecer. Ela me dá um sorriso triste. Dou outro abraço nela.
-- Agora vai - digo saindo do abraço e lhe dando um sorriso, mas ela não sai do lugar.
-- Vai antes que Lúcifer pegue você aqui, Arie - digo de novo um pouco mais alto.
-- Tem certeza? - ela me pergunta.
-- Sim. Agora vai - digo. Ela se afasta de mim e fica a uns dez passos de distância.
-- Adeus, Arie - digo e percebo que estou chorando, é incrível como eu e Arie nos tornamos amiga em tão pouco tempo.
-- Adeus, Mel - diz ela e some. Num momento ela estava lá e no outro não. Fico olhando para o lugar onde ela sumiu por um tempo e depois me volto para a entrada do castelo.

É um castelo muito sombrio por fora e por dentro, a frente dele é feita de pedras marrons e tem uma escada imensa que dá para uma porta de mais ou menos 7 metros, a porta é de uma madeira rústica e a maçaneta parece-me ser de ouro, ela tem um símbolo gravado, uma espécie de estrela só que com várias pontas e linhas passando em torno dela, dentro dessa ''estrela'' há uma frase: Adcin kre abylich don ritne,  não sei o que ela quer dizer ou em que língua está escrita. Isso tudo me assusta, mas  é realmente bonito.  Olho para o céu que aqui é negro sem estrelas, e a lua é cor de sangue, há morcegos voando no céu, e as árvores são cinzas e sem folhas. De repente ouço um uivo de algum lobo e extremeço, decido subir logo as escadas e ir ao encontro de Lúcifer.

Quando chego ao topo das escadas, que por sinal é enorme, estou um pouco ofegante. Olho para a porta imensa em minha frente e imagino como vou abri-lá. Fico um tempo olhando para ela como se a resposta fosse aparecer nela. E de repente lembro dos meus poderes, é isso! Levanto minha mão direita e faço o movimento para que a porta abra, o resultado é quase instantâneo. Depois que ela é aberta, eu me deparo com o Hall de entrado do palácio e hesito um pouco antes de entrar, mas logo depois tomo a decisão e entro. Assim que eu entro sinto um arrepio cruzar meu corpo e a porta se fecha em uma estrondosa pancada. Lúcifer sabe que eu estou aqui.

Subo as escadas e abro cada porta aberta do correrdor,algumas estão trancadas, mas a maioria está aberta. Procuro Lúcifer em cada uma delas, mas eu não sei onde fica o escritório ou sei lá o que de Lúcifer. No final do corredor uma porta me negra me chama atenção, vou andando até ela como se ela estivesse me atraindo, quando chego em frente a ela nem hesito em abrir as portas duplas, e Lúcifer está lá dentro me olhando com seus olhos azuis penetrantes, com um olhar de triunfo.

-- Olha quem voltou - diz ela da cadeira onde está sentado. Vou andando para perto dele.
-- Sempre soube que eles te entregariam, você não passa de um demônio para eles - ele diz para me machucar. Mas ele não me afeta em nada, eu sei que o conselho decidiu me entregar mas eu poderia fugir, mas eu vim porque eu quis, porque não queria o peso de tantas mortes em minhas costas.
-- Estou aqui, você não vai dizer o quanto é bom me ver de novo? - pergunto ironicamente.
-- Ah, é ótimo lhe ver novamente, isso não posso negar - diz ele com um sorriso impecável, e eu sei que ele está falando a verdade, sem mim os planos dele seriam frustrados.
-- Então eles te obrigaram a vim para mim? - ele pergunta com um brilho sombrio no.olhar.
-- Não, eu fugir e vim para você - digo e ele não pode esconder a surpresa em seu rosto.
-- Não acredito - diz ele me encarando.
-- Era isso ou peso de mortes em minhas costas, então resolvi vim de livre espontânea vontade - sem muita emoção na minha voz.
-- Ooh, que bom coração o seu, se sacrificar para proteger aqueles mundanos imundos - diz com o mesmo sorriso sombrio no rosto.

Ele se levanta da cadeira, rodeia a mesa e vem em minha direção.
-- Isso quer fizer que não vai fugir - diz ele pensativo.
-- Não, eu não vou fugir, então não precisa me trancar no quarto - eu digo rudemente.
-- Tenho planos para você - diz ele.
-- Isso eu sempre soube - digo com desdém. Lúcifer abre a boca para responder mas antes que ele consiga falar, as portas duplas se abrem violentamente. Nós dois olhamos para ver quem esta entrando. Então vejo Belial, nossos olhares se cruzam, a expressão de surpresa em seu rosto é evidente, meu coração dá um salto no peito, e tenho que me conter para não correr para seus braços.

Oi gente, tá aí outro cap, espero que gostem, não esqueçam de comentar o que estão achando, Okay?
(se estiver erros me perdoem, depois revisarei o cap)

Até mais, baby's!

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