SOLIDÃO COM VISTA PRO MAR Pt. 1

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Boa noite, as autoras estavam explodindo de saudades de vocês e resolvemos entregar um trechinho inédito do nosso mundinho. Espero que mate um pouco da saudade e faça cada leitora lembrar que tem um lugarzinho especial no meu coração. Gratidão por tanto que fizeram por nós. 




POV VALENTINA

Eu soube desde o primeiro dia que isso aconteceria, menti para mim que estava preparada, que daria conta, mas não passava de meras enganações da minha mente para que eu tivesse paz para aproveitar enquanto a tinha.

Eu a vi partir e isso quebrou o meu coração de uma forma tão intensa que eu sequer consegui medir a dimensão quando me pegava pensando nisso.

Naquela manhã voltei para a pousada e no meu quarto me permiti colocar para fora toda a angústia, deitada na rede da sacada onde incontáveis vezes deitamos juntas eu me condenava, eu estive tão perto de falar para ela o que sentia, mas as palavras ficaram engasgadas na minha garganta.

Ela respondeu: "eu sei, eu também". Embora eu saiba que ela realmente sabia do que eu estava falando, o que eu queria dizer, eu não podia deixar de me questionar se teria feito diferença verbalizar que eu estava completamente apaixonada por ela.

No dia seguinte a angústia estava ainda maior, mais difícil de lidar, era como se me sufocasse, conforme a minha rotina eu fui trabalhar e em seguida me recolhi no meu quarto. Parece que o cheiro dela estava impregnado nas cobertas, lençois, travesseiros assim como a risada ainda ecoava no ambiente, era como se a sua ausência estivesse preenchendo o vazio daquele espaço.

Meus olhos estavam perdidos entre as árvores e nos meus ouvidos chegavam apenas o som do mar, era uma noite calma, sem vento, apenas uma brisa boa. Suspirei e me permiti curtir aquele clima que eu tanto amo nos verões em Moreré. Meus pensamentos são dispersos por batidas na porta.

- Entra - gritei sabendo que não seria nenhum estranho.

Meu pai entrou no quarto devagar com um sorriso fraco nos lábios e duas cervejas nas mãos.

- Posso sentar? - perguntou puxando uma das cadeiras para perto da rede. Será que veio dizer que me avisou?

Suspirei profundamente preparando o psicológico para qualquer tipo de conversa que viéssemos a ter.

- Claro - respondi e ele sentou, me entregou uma das garrafas e suspirou permanecendo em silêncio. Estava escolhendo as palavras - Veio dizer que me avisou? - arrisquei.

- Não - ele respondeu rapidamente - Eu vim beber uma cerveja com a minha filha - sorriu carinhosamente e ergueu a sua garrafa como uma saudação, eu olhei para baixo, fiz o mesmo movimento e bebemos juntos - Quer conversar sobre o que está sentindo?

- Não, eu vou ficar bem - respondi ciente que apenas não queria dar o braço a torcer.

- Eu sei que não estou merecendo a sua confiança pela forma que eu agi com a Luiza no início, mas independente de qualquer coisa, eu quero que saiba que eu estou aqui.

- Para depois jogar na minha cara? - perguntei e ele não respondeu, percebi que estava descontando nele algo que não tinha nada a ver com ele - Desculpa, eu só preciso de um tempo.

- Tudo bem, eu sei que você está sofrendo, eu achei que se repetiria o que aconteceu com a Letícia, mas dessa vez é diferente - eu prestava atenção nas suas palavras.

- Diferente como?

- Por que você não tenta me dizer?

Pensei e pensei e pensei, talvez seja bom conversar com alguém que realmente me conhece.

Mundo de IlusõesWhere stories live. Discover now