REVELAÇÕES

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Boa tarde, domingamos com mais um capítulo. Esperamos que gostem e façam uma boa leitura, até terça.



Depois da saída do Bernardo desci e fui até a cozinha para tomar água e tentar pensar um pouco, algo ficou na minha mente, eu devia ter ido até o fim em terminar com ele, eu não consigo mais continuar com isso. Suspirei e fiquei refletindo enquanto olhava a rua pela janela em frente a pia da cozinha.

- Distraída - minha mãe comentou ao entrar na cozinha sem que eu notasse a sua presença.

- Oi - respondi - Pensando umas coisas.

- Que coisas? - ela perguntou.

- Nada demais.

- Brigou com o Bernardo?

- Se você veio defender ele, melhor nem começar.

- Eu não vim defender ninguém. Só quero saber o que está acontecendo com você.

- Eu não sei - respondi voltando a olhar a rua - Eu estou tentando entender, mas ele me sufoca. Tem muita coisa acontecendo, mãe. Ele deveria ser a pessoa que me entende, mas parece que não faz a menor questão, só impõe a presença dele o tempo inteiro.

- É que você deveria querer a presença dele.

- Ele deveria respeitar o meu momento, o nosso momento.

- Homens não entendem esse tipo de situação, minha filha.

- Vai justificar o Bernardo ser um mimado com o gênero?

- Não, ele realmente é mimado, não posso negar. Mas você não faz a menor questão de estar perto dele desde que voltou de viagem, isso é estranho e todos têm reparado.

- Eu sou obrigada a querer estar com ele?

- Obrigada não, mas você não sente falta dele?

- Eu não tenho pensado nele, estou tentando me entender.

- Claro, todo mundo tem esses momentos, mas faz quase duas semanas que você voltou, ficou um mês fora. Não faz questão de estar com o seu noivo, é óbvio que algo aconteceu. Posso te perguntar uma coisa?

- Pergunta.

- Você conheceu outro homem nessa viagem?

- Não, não conheci - o que era a mais pura verdade - Será que ele está pensando isso?

- Os seres humanos têm necessidades que você não parece estar tendo, eu sou ginecologista e sou sua mãe, lembra? Um mês é muito tempo - ela ficou me encarando como se soubesse que eu estava mentindo.

- Eu só preciso de um tempo.

- Se você diz. Mas eu tenho notado você rindo no celular, aquele dia estava numa ligação com alguém, você não quer me contar, não conte. Mas eu te conheço muito bem. Se me permite fazer uma observação, você está com ele há quatro anos, o conhece a vida inteira, sabe do caráter dele, dos sentimentos dele por você. Pensa nisso antes de meter os pés pelas mãos.

- Você ouviu a nossa conversa?

- Eu não preciso ouvir para saber o que está se passando na sua cabeça sobre isso.

Ela largou a bomba e me deixou sozinha. Claro que eu não conseguiria esconder isso da minha mãe, ela é observadora e detalhista. O círculo parecia estar se fechando à minha volta. Onde eu estava com a cabeça quando pensei que manter contato com a Valentina seria uma boa ideia? Mas por outro lado, acho que esse contato tem sido a única coisa que me mantém sã nesse momento.

Mundo de IlusõesWhere stories live. Discover now