A POSSE

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Fala, meus dengos. Mais um capítulo no grau e muito cheio de amor e carinho pra vocês. Cinco capítulos do fim, estão prontas?




Valentina e eu ficamos um pouco mais no mirante, conversamos sobre uma coisa e outra, nada muito profundo e depois fomos para o quarto dela dormir. Ela não trabalharia no dia seguinte, o que nos permitiria ao menos uma despedida com mais calma.

Na quinta-feira acordamos cedo e ela me levou ao trator depois de me despedir dos funcionários da pousada e de Catarina e Marcos com promessas de que eu voltaria logo a Moreré para visitar.

A despedida foi ainda mais dolorosa do que quando ela foi embora do Duque, como já imaginamos que seria, mas era o nosso ônus dentre um milhão de bônus que existiam na nossa relação. Na realidade, a única imperfeição era essa maldita distância que se tornava cada vez mais incômoda para nós.

Quando cheguei em Duque de Caxias, a cidade parecia mais cinza que São Paulo, mas respirei fundo e encarei, era a única coisa que eu poderia fazer. Meu pai estava me esperando no desembarque do aeroporto, me abraçou carinhosamente e me ajudou com a mala.

- E aí? Como foi a viagem? - ele perguntou já no trânsito em direção a nossa casa.

- Incrível, como sempre, uma hora dessas você e a mamãe poderiam vir comigo.

- Eu acho que seria incrível, vamos esperar a sua posse e a festa do hospital e combinar essa viagem.

- Quero ver é a mamãe em um trator - comentei rindo ao imaginar a cena ele riu junto.

- Mas tem acesso pelo mar, não tem?

- Tem, mas se a maré estiver alta tem que descer dentro d'água com as malas na cabeça, não foram poucas vezes que vi essa cena acontecendo - alertei.

- É, o trator está ótimo, mas como leva as malas até a pousada?

- Eles colocam em carros de mão e levam para nós.

- Muito moderno, adorei - ele falou e começamos a rir.

- Não tem carro, as vezes falta luz a noite, mas não é sempre.

- Mas não tem gerador?

- Só na pousada Coco Bambu, mas aí não tem graça, tem que ser raíz.

- A sua mãe vai adorar a ideia - disse ironicamente.

- A gente conta a ela só quando chegarmos lá - falei e dei uma piscadinha.

Os dias se passaram lentamente após o meu retorno, eu tentava de todas as formas possíveis concentrar a minha cabeça no trabalho, mas parece que estava cada vez mais difícil, passava os dias ansiosa pelo momento que poderia finalmente voltar para Moreré e passar mais uns dias.

O trabalho era pesado, as relações eram pesadas, a vida se tornava cada vez mais densa, mas preferi acreditar que poderia ser ansiedade pelo dia da festa do hospital, que na minha mente a minha missão naquele cargo estava cumprida e eu já estava no ritmo do novo.

Bernardo, durante a minha viagem resolveu tirar uns dias de férias, o que, para a minha alegria completa, fez com que eu não corresse o risco de encontrá-lo nos corredores durante o expediente. Essa notícia foi a única que me fez verdadeiramente feliz nos últimos tempos.

Com foco total na transição e últimos dias do Thales no cargo de chefe, me dediquei a identificar toda e qualquer dúvida que pudesse surgir quando eu estivesse em seu lugar. Como ele mesmo dizia: "aproveite enquanto ainda estou aqui" e foi o que eu fiz.

Mundo de IlusõesWhere stories live. Discover now