INCERTEZAS

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Boa tarde, meninas. Mais um capítulozinho para matar a saudades. Boa leitura.

Depois que ele saiu, ouvimos a porta fechar e minha mãe me olhou mostrando irritação.

-Precisava dispensar o garoto assim, Luiza? - ela perguntou.

-Ninguém mandou aparecer aqui sem avisar - respondi no mesmo tom.

-Ele quis te fazer uma surpresa - justificou.

-Vai começar, advogada do Bernardo? - perguntei usando o apelido que eu dei em momentos que ela me criticava para ficar do lado do Bernardo.

-Eu não sou advogada de ninguém, mas não vou passar a mão na sua cabeça quando você está errada.

-Estranho seria se passasse, não é, mãe?

-Eu só quero o melhor para você e o Bernardo sempre foi um amor, você poderia retribuir melhor.

-Aí mãe, se o assunto for esse eu vou para o quarto.

-Não precisamos continuar. A Luiza sabe o que faz no noivado dela e o Bernardo sabe o que aceita. E eu também não acho a melhor atitude aparecer sem avisar - meu pai interrompeu.

-Obrigada - falei ao meu pai - Amanhã eu falo com ele, eu estou sem cabeça agora e o Bernardo exige atenção demais.

-Normal, você passou um mês fora - ela respondeu.

-Vai continuar? - perguntei irritada.

-Não, não vou. Seu pai está certo, vocês são grandinhos para se cuidar - ela se rendeu e aceitou mudar de assunto.

Meu pai contou algumas coisas sobre o meu setor no hospital, disse que Thales ficaria até o mês de março e depois disso eu assumiria como chefe da neurocirurgia.

Depois disso eles comentaram que o meu irmão, Leandro tiraria férias a partir da próxima semana, em seguida começariam os preparativos para as festas de fim de ano.

O natal, como de costume, seria na minha casa, com todos reunidos, inclusive com a família do Bernardo, que a essa altura já era quase um só.

O ano novo iríamos para a nossa casa em Angra dos Reis, provavelmente todos juntos também.

Depois da janta me despedi dos meus pais e fui para o meu quarto, liguei o computador e loguei o iCloud para organizar as fotos.

Coloquei a playlist do Gilsons para tocar e aleatoriamente começou a música "Índia". Era um toque gostoso que me fazia viajar naquelas fotos e me levava de volta a Moreré. Me questionei se estaria acontecendo algum forró na pousada dos pais de Valentina ou se estariam em algum camping.

Peguei as minhas fotos com ela e fotos dela que eu havia separado em uma pasta oculta e criei uma outra pasta com o seu nome no meu computador, abri uma a uma para analisar os registros daqueles momentos. Peguei o celular e pensei em mandar uma mensagem, mas logo desisti. Eu preciso focar na minha vida aqui no Rio, me repreendi.

Abri um vídeo em que ela estava na beira do mar, eu a filmava caminhando pela praia, por vezes ela me olhava e sorria. Como pode ser tão linda? Me questionei em silêncio. Suspirei e fechei tudo. Deixei a música tocando na Alexa e deitei na cama enquanto meus pensamentos viajavam até a Bahia.

Era como se me faltasse algo, antes havia uma ausência incomoda e agora, mais parecia um buraco na minha vida, algo que eu sabia que jamais seria preenchido novamente. Eu senti falta do barulho do mar, dos grilos, da brisa nas árvores, até do cheiro do mar e do mato eu sentia falta. Espero que eu logo me acostume.

Demorei muito para dormir naquela noite, rolava de um lado para o outro sem achar uma posição confortável até que meu corpo cedeu ao cansaço.

Acordei com o despertador e levantei para ir para o hospital. Rotina recomeçando. Cheguei na maior tranquilidade e tive uma pequena reunião com Thales sobre alguns casos específicos que estamos acompanhando.

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