CENA EXTRA: IMPACTO

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E aí, meus dengos, alguém com saudade da nossa novelinha?? Então, essa cena foi pedida por muita gente durante a produção da fic e na época nós não poderiamos liberar, mas como o pedido de vocês é uma ordem, está aí, esperamos que gostem.




POV VALENTINA

Os dias eram pacatos na Vila de Moreré, pelo menos a paz se fazia cada vez mais presente. Cada dia que passava eu tinha mais certeza de que teria tomado a decisão certa em não acompanhar a Letícia em busca do seu sonho na Austrália. Os primeiros dias após a sua partida foram difíceis, em alguns momentos eu refletia se ela tinha razão e eu era uma pessoa sem futuro, uma perda de tempo, mas pensar nisso não me levaria a lugar nenhum, então não permitia que esses pensamentos se instalassem.

Apesar de tudo a vida andava calma, do trabalho para casa, de casa para o trabalho, alguns forrós e uma sensação de vazio, havia uma lacuna na minha vida, uma enorme interrogação como um "porque" não respondido. Eu dedicava horas e horas no meu mirante pensando nisso, mas não via solução, eu estava vivendo as consequências das minhas escolhas e tudo bem.

Era um dia comum na minha rotina de trabalho, cheguei de um passeio em Castelhanos e ficaria no bar da pousada, já que nesta noite o forró seria ali. Os turistas estavam animados, segundo o que a Cissa havia me dito, quando cheguei preferi ficar atrás do balcão e observar tudo discretamente, eu não andava com a bateria social muito alta ultimamente.

A noite estava agradável, a música era boa, corri os olhos entre alguns rostos conhecidos e outros não, foi quando enxerguei alguém que me prendeu de imediato, uma mulher que sorria animada enquanto conversava, um sorriso de tirar o fôlego, inclusive percebi que eu não estava respirando e suspirei profundamente tentando aliviar meu corpo da tensão do impacto daquele encontro.

Me escorei no balcão incapaz de tirar os meus olhos dela enquanto conversava com a Julia, ela esbanjava simpatia durante a conversa, meu corpo me implorava para que eu fosse falar com ela, saber o seu nome, de onde vinha, se estava hospedada aqui, mas nessa ansiedade, poderia me atrapalhar, não era comum eu reagir assim, mas foi involuntário, um efeito que até então eu não havia sentido de ninguém.

Concentrei-me em acalmar os meus instintos e para que os meus pensamentos tivessem coerência sobre aquela agitação interna. Calma, é só uma mulher. Julia fez contato visual comigo e percebeu o meu olhar nela, arqueei as sobrancelhas e ela riu com a comunicação silenciosa. A mulher a sua frente falou algo e Julia respondeu, a mulher me olhou, agora já foi, não que eu fosse conseguir desviar a minha atenção, mas eu não queria, pelo contrário, ela que soubesse da minha existência e que eu estava concentrada na sua presença.

Em alguns segundos ela sorriu para mim, meu coração bateu forte no peito, o olhar era ainda mais impactante que o seu sorriso, ela não desviou ou se intimidou, sustentou o meu olhar como se fosse uma troca de algo que eu sequer conhecia, era como se o mundo e o tempo passassem de um jeito diferente. Desviei os olhos dela para pensar em algo, eu precisava me aproximar dela.

Fui até as mesas e retirei algumas garrafas na intenção de ver as suas reações, os seus olhos me procuravam pela recepção discretamente. Vi Cissa me flagrar a observando, ela riu e eu fiz o mesmo, a chamei para que fosse até a cozinha.

- Fala, nega - ela disse toda sorridente.

- Não se faz que você sabe o que eu quero. Quem é aquela mulher? - perguntei diretamente demonstrando mais euforia do que eu havia planejado.

- Tá interessada na carioca?

- Ela é carioca, é? - perguntei já sonhando com o sotaque gostoso do pessoal do Rio.

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