LUGAR FAVORITO

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Capítulo lindo e cheiroso nesse feriadinho, esperamos que gostem. Esse capítulo é dedicado para a minha amiga baiana que me ajuda com os detalhes de gírias, sotaques e descrição da Vila de Moreré. A história que a Valentina conta é baseada em uma experiência pessoal desta amiga, então leiam com o coração, gratiluz por ceder vários pedacinhos teus para a nossa Valen. 




Fiquei por um tempo pensando no que a Duda havia me dito. Mesmo que de certa forma fosse o que eu queria ouvir, eu sabia que não era o certo. Eu nunca fui o tipo de pessoa que não liga pros sentimentos dos outros e eu não quero magoar o Bernardo. Mas por outro lado, eu nunca na vida pensei apenas no que eu queria fazer, nos meus sentimentos exclusivamente e essa viagem era para que eu pudesse olhar para mim.

Depois do meio dia, nós almoçamos com Diogo e Tete e eles nos convidaram para dar um passeio na vila, eu recusei, pareceu algo muito armado já que a Duda estava ficando com o Diogo. Eu disse que ficaria na pousada e pedi a Duda que aproveitasse a ida para dar notícias a nossa família.

Peguei um livro de romance que estava lendo e deitei em uma das redes em frente à pousada. Estava na santa paz dos pássaros cantando quando vi Valentina entrando pelo arco. Desde o momento da praia ela saiu e não tinha visto mais ela.

Ela me viu sozinha e sorriu, se aproximou de mim e escorou na rede.

- Oxi, sozinha? - perguntou e eu ri - Que foi? - ela perguntou sem graça.

- Nada, esse seu jeitinho abaianado de falar é muito bonitinho - ela sorriu - A Duda saiu com o Diogo e o Tetê, eu não quis ir - respondi a sua pergunta.

- Algum motivo específico?

- Não, só não quis ir bater perna.

- Só quero saber se você quer ficar sozinha, não quero incomodar.

- Você não incomoda.

- Tá afim de ver algo legal?

- Depende, o que seria?

- Não vai precisar bater perna e vai ver algo bonito. De resto, é surpresa.

Pensei um pouco nessa tal surpresa. Eu tive os motivos para confiar na Valentina, a essa altura já era em mim mesma que eu não confiava.

Mas eu também estava ali sem fazer nada, porque não?

- Tá, mas olhe lá onde vai me levar - alertei e ela rolou os olhos rindo.

- Vem comigo - chamou e saiu andando para dentro da pousada.

Fui atrás dela e percebi que ela atravessou a recepção até a escada na lateral do balcão e parei.

- É lá em cima.

- Vai me levar para o seu quarto?

- Você quer ir para o meu quarto? - perguntou arqueando as sobrancelhas.

- Eu não disse isso - ela começou a rir de mim.

- Não é pro meu quarto, vamos logo. Já falei que não precisa ter medo de mim.

"Eu tenho medo é de mim" pensei.

Continuei a caminhar e ela subiu as escadas. O segundo andar tinha um corredor, ela andou pelo local até uma outra escada, abriu a porta e subiu. Chegamos até um mirante, visualizei assim que meus olhos chegaram à superfície do assoalho do mirante. Ela chegou ao fim da escada e deu espaço para que eu subisse completamente. A vista era exuberante, do alto da pousada sobre o morro, era possível ver a vila, as árvores, a praia e o mar. Eu estava sem palavras.

Mundo de IlusõesWhere stories live. Discover now