PROXIMIDADE

6.6K 625 254
                                    


Domingou com muito amor. Como estamos? Vamo que vamo pra mais um capítulo feito com todo amor e carinho para vocês.




Ao chegar de volta do passeio ao portal das ostras, Duda e eu fomos tomar banho e descansar para a noite. Ela seguia por vezes silenciosa, por vezes tocando em assuntos diversos para não ter que falar novamente sobre o tópico "Valentina".

Cochilamos por menos de uma hora, olhei no relógio e marcava 19:30, será que já estavam na recepção? Duda dormia um sono pesado, levantei e fui caminhar um pouco, na frente da pousada havia algumas redes. Deitei em uma e fiquei viajando com o som do mar e a brisa que batia em mim.

As palavras da Valentina sobre bagunçar e arrumar ecoavam e se repetiam na minha mente, ela tinha razão sobre isso, mas dava um medo de pensar sobre reorganizar a minha vida. Foram 28 anos tendo certeza de tudo, eu sempre fui uma pessoa decidida, para agora estar cheia de dúvidas.

Era incrível assistir as pessoas daquela vila simplesmente vivendo, as crianças corriam soltas, todos os nativos se conheciam, eles cuidavam uns dos outros, o lugar era limpo a ponto de ver que era cuidado também, e pior, eu ficava chocada de ver tanta simplicidade, isso era algo que na minha mente não existia. Um mundo utópico onde valorizam a natureza, a vida dos animais, os vizinhos, onde crianças não correm risco mesmo que não tenha um adulto da família cuidando.

Era muito distante lembrar que no dia em que eu pensei em vir para cá alguém foi incapaz de respeitar o sinal vermelho e quase bateu no meu carro causando um acidente, afinal a sua pressa era mais importante do que o risco de causar um estrago na vida de outra pessoa.

Meu pensamento estava tão longe que nem percebi que acabei cochilando novamente. Acordei com a movimentação das pessoas chegando, algumas conhecidas outras não, os mesmos músicos da noite anterior estavam se organizando com seus instrumentos e avistei Duda entre as pessoas bebendo uma long neck.

Levantei ainda sonolenta e Duda acenou para mim. Fui até o quarto, lavei o rosto, escovei os dentes, me arrumei um pouco melhor para ir para fora com eles. Assim que eu atravessei o corredor já pude ouvi-los tocando, será que estavam apenas esperando que eu acordasse? Espero que não.

Retornei para fora e sentei em uma das cadeiras perto da Duda, inclusive estava tendo a impressão que ela flertava com o rapaz que ela havia dançado ontem, mas tudo bem, não me atentei muito a isso. Ele logo chamou ela para dançar, já estava arrasando nos passos de forró. Fiquei me questionando onde estaria Valentina, já que quem estava no balcão era a dona Catarina, era a primeira vez que a via com atenção. Eu sabia que era ela por causa da foto da família que ficava na recepção, mas ela sempre passava apressada entre a escada que levava ao segundo andar e a cozinha.

Fui até o balcão e ela me recepcionou com simpatia.

- No que posso ajudar, moça? - falou, percebi que ela tinha o sotaque sulista mais forte que o da filha, Valentina era meio uma mistura de paranaense com baiano, o que deixava muito bonitinho o jeito que ela falava. Foco, Luiza.

- Eu ia pedir uma cerveja, mas ontem a Valentina fez um drink muito bom, pensei que poderia experimentar outros. A senhora tem alguma sugestão?

- Ah, o que acha de uma Caipiroska de Seriguela? Já experimentou?

- Ainda não, a senhora gosta?

- É o meu favorito.

- Então será esse.

- Vou pedir para preparar para você.

Ela foi em direção a cozinha, a vi falando com Cissa na porta e pedindo o drink que eu havia escolhido e retornou em seguida.

Mundo de IlusõesWhere stories live. Discover now