Capítulo 111

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Baraphion.
Reino humano.
Primavera.

Quatro luas se passaram desde que as irmãs deixaram Gradara, a ruiva voltou a fazer o que tanto amava, treinar os soldados do pai, mesmo tendo que fugir das investidas do general de Baraphion, que mesmo sabendo de seu casamento, insiste em tentar conquista-la. A loira aprendeu a fugir da mãe, correndo em direção a arena e sempre implorando para que a irmã a deixasse treinar com os soldados. Kallea a pede para manter as aparências até que seu pai aceite suas novas vidas, mas no fim, a permite treinar, mas apenas com ela, já que os movimentos da loira são um tanto arriscados para os soldados de Baraphion, e ela facilmente os mataria.

A rainha Adela por sua vez, teve tempo o suficiente para preparar um grande baile, apesar da notícia da volta de suas princesas para o reino, já houvesse se espalhado por todos os reinos vizinhos, inclusive em Hagnore, deixando os monarcas do reino preocupados com a volta da loira, o que acarretou na quebra do contrato ao qual os mesmos tinham com o rei de Baraphion. Dalibor mantinha alguns negócios com os monarcas de Hagnore, comprando as mercadorias de seu reino, permitindo assim que Gardenia mantivesse seus luxos, já que seu reino estava falindo com os gastos desnecessários da mesma.

Kallea já não suportava mais a ausência do marido, assim como a loira, que vivia pelos cantos suspirando pelo elfo do Sol. Enquanto Dalibor continuava tentando convencer a mais velha a não voltar para o reino elfico, sabia que se a mesma não voltasse, a caçula também não iria. Enquanto a rainha humana, as enche de vestidos luxuosos e jóias, porém ambas continuam dividindo o quarto, como fizeram por um bom tempo em Gradara, a ninfa ruiva não se sentia segura em deixar a pequena loira sozinha, não confiava na segurança do castelo humano, já que a não estava mais em suas mãos. Reagan podia facilmente se aliar a qualquer um para fazer mal a loira, apenas para atingi-la por não tê-lo aceitado.

Ambas as duas irmãs treinam juntas na arena, enquanto o rei as observa ao lado do general, e de alguns soldados, os mesmos não acreditavam no que os seus olhos estavam vendo, e em como as princesas de Baraphion haviam evoluido, claro, já era esperado tal coisa da ruiva, já que desde pequena a mesma treinava arduamente ao lado do pai, e com a morte do mesmo, ela ficou ainda mais focada em seus treinos, se tornando ainda melhor com a espada que o próprio rei, mas Raelene não era uma guerreira, vivia pelos cantos suspirando pelo príncipe elfico, que nem sabia que existia, escrevendo suas fantasias em seu diário, e bordando ao lado da mãe, além de tocar piano, harpa, violino, e praticando ballet, sem contar em suas tardes de chá com as senhoras distintas do reino, e suas aulas de etiqueta, e cozinha.

Reagan a observa atentamente, não conhecia tais golpes, e os movimentos da mesma pareciam terem saído de uma das histórias que sua mãe contava, quando o mesmo era apenas uma criança. Raelene gira a espada, enquanto se defende do golpe brutal da irmã, deixando o general boquiaberto, já que nas mãos da loira, a espada que pesava demasiadamente, parecia ter o peso de uma pluma, e o fato da ruiva ataca-la com toda a sua força, o impressionou, Kallea sempre fora superprotetora com a loira, e pelo que todos podiam ver, a ruiva estava ainda pior em relação a irmã, a mantendo ao seu lado como uma mãe leoa, durante todo o mês que passaram em Baraphion.

Dalibor mantém sua postura, e seu coração acelera de maneira desesperada sempre que a ruiva ataca ferozmente a sua pequena princesa loira, e prende a respiração quando a mesma se defende, ou escapa do golpe. A loira gargalha, enquanto a ruiva desfere xingamentos em sua direção, por ter tirado sua espada de suas mãos, e apontado a sua própria espada em seu pescoço.
— Eu não esperava que a vossa alteza, a princesa herdeira fosse um dia aprender a usar uma espada, e pior, conseguir tirar a espada da mão da Kallea, aquela mulher nunca perde. — Reagan comenta com Arnold, que concorda com a cabeça.
— Cuidado ao falar da minha filha, a trate com o mesmo respeito que trata a caçula, Kallea é tão herdeira quanto a Raelene. — Dalibor os encara, e ambos assentem com suas cabeças, encarando o chão.
— Sinto muito meu rei, é a força do hábito, eu apenas estou surpreso com a maneira como ambas lutam, a vossa alteza, a princesa Kallea, me parece ter ainda mais força, e seus movimentos estão ainda mais rápidos, Gradara fez bem para ambas. — Sorrir, e o rei humano rosna irritado, odiava o fato do general ter razão, ambas as filhas haviam aprendido muito em Gradara, e mesmo que ele não desse o braço a torcer, reconhecia que o mesmo estava certo.
— Não importa mais, ambas estão de volta ao lugar onde pertencem, e não voltarão para aquele lugar, vamos mexam-se, os soldados precisam de treinamento, e há muito o que fazer, essa noite teremos o baile de boas vindas das minhas filhas, e não irei tolerar que falhem. — Fala rouco, caminhando em direção as filhas que sorriem juntas, enquanto o general acena para que os soldados comecem a treinar, e alguns o acompanhe em direção ao portão do castelo.
— Está lenta Kallea, a saudade do elfo maluco está deixando você um tanto desatenta. — Raelene sorrir, enquanto recebe uma caneca com água, das mãos de uma criada, e Kallea faz um bico irritada.
— Só estou cansada Rae, o clima aqui é diferente de Gradara, e não estou acostumada. — Fala tomando a caneca da irmã, e tomando a água da mesma. — Um odre faz falta. — Fala e a criada arregala os olhos.
— Minha senhora, há odres para os soldados, mas a vossa majestade, a rainha Adela, não iria gostar de vê-las dividindo água com os outros. — Kallea sorrir para a irmã mais uma vez, enquanto o pai se aproxima.
— Estivemos tempo o suficiente em meio aos soldados queridinha, em nosso reino, não somos dondocas. — Raelene faz um biquinho para a irmã que sorrir.
— Céus, as senhoras são as herdeiras de Baraphion, não devem agir assim. — A criada as repreende, enquanto as mesmas dão de ombros.
— Deixe-as em paz, passaram tempo o suficiente fora de Baraphion para mudar algumas de suas manias, não é mesmo meninas? — Dalibor beija a testa das filhas. Kallea parecia mais ofegante que Raelene, talvez por seus movimentos serem mais violentos que os da loira.
— Deviam mudar alguns hábitos pai, nossas criadas não nos tratam assim, elas nos respeitam, e se por acaso o Aragorn ou o Lórien verem qualquer uma nos tratando dessa maneira, eles tomam providências no mesmo instante. — Kallea sorrir ao falar do marido e do filho, e Dalibor suspira chateado.
— Não vai mais acontecer, podem fazer o que bem quiserem, há odres para que possam tomar água enquanto treinam, Adela exagera nos cuidados, e não gosta muito de ter suas princesas em meio aos soldados e sabe disso. — O rei sorrir tocando o queixo da ruiva.
— Certo, precisamos de banho. — Os olhos azuis da mesma encontram o céu, enquanto suspira saudosa, ansiava por seus banhos demorados ao lado do marido, por sentir a maciez da pele do mesmo, e seus beijos apaixonados. — Quero voltar pra casa... — Sussurrou para apenas a loira ouvir, essa que a encara enquanto suspira e respira fundo, ainda com o fôlego cansado.
— Quando você quiser. — Sussurrou de volta sorrindo, sabia que a irmã não ficaria muito mais tempo longe do marido.

Além Da LuaWhere stories live. Discover now