Capítulo 9

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Hagnore.
Reino Humano.
Primavera.

  Afonso encara o corpo de seu pai no caixão de madeira, enquanto alguns membros importantes do reino se despedem dele, os membros do conselho real lhe disseram algumas palavras doces e ele os agradeceu, Raelene continua em silêncio ao lado do marido, ela havia estado do seu lado desde o momento em que o rei deu seu último suspiro, o príncipe não conseguiu se afastar da esposa um só segundo.
— Alteza... — O general se aproxima do príncipe e a princesa, seus olhos encaram Raelene, de forma que a mesma sentiu sua pele queimar, suas mãos apertam o braço de Afonso, o fazendo acaricia-las, estavam juntos há pouco tempo, e um já conseguia acalmar o outro.
— Fale Baruc. — O príncipe se dirige ao general, o mesmo não era tolo, e havia percebido seu olhar de cobiça para a esposa.
— Eu sinto muito pelo o que aconteceu com o rei, ele foi um ótimo soberano, mas temos nossas tradições, os mortos não podem ficar muito tempo no castelo, temos que deixá-lo partir, suponho que irá lançar a flecha de fogo em seu caixão. — Afonso aperta a mão de Raelene, sabia que Baruc não era confiável, mas suas intenções naquele momento eram razoáveis, ele estava certo quanto as tradições.
— Eu lançarei a flecha, fale para os guardas levarem o caixão e o deixarem seguir o curso do rio, eu irei em seguida. — O príncipe suspira, enquanto Baruc acena para alguns guardas irem até ele. — Minha querida, eu preciso que venha comigo, Gardenia não é tão fácil de lidar, mas ela gostava do rei, e está sofrendo com sua partida, ela pode ser um tanto rude, mas seja gentil, logo estaremos a sós longe disso aqui, eu prometo.
— Sim querido. — Afonso caminha até Gardenia, juntamente com Raelene, a princesa estava um tanto perdida, mal havia chegado e já estava passando por tudo aquilo, logo seria coroada rainha de Hagnore e teria ainda mais obrigações. Apesar de não estar pronta para tanta responsabilidade, ela sabia que teria que ficar pronta o quanto antes.
— Gardenia, temos que fazer o funeral, já está na hora. — Afonso se aproxima da madrasta que assenti com a cabeça em silêncio, Raelene toca levemente em sua mão, Gardenia aperta a mão da loira, fingindo estar totalmente devastada com a perda do marido, minutos antes, a mesma estava aos beijos com Baruc em seu quarto, comemorando a partida do rei. Todos caminham em direção a saída do castelo, os guardas caminham a frente com o caixão de madeira, algumas servas choram desconsoladas com a partida do seu amado rei, Amadeu fora um rei justo e gentil, tratava a todos como iguais.

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Ao lançar a flecha no corpo sem vida do pai, Afonso deixa que as lágrimas caem de seus olhos, molhando todo o seu rosto, ao ver o caixão sendo levado pelas águas do rio totalmente em fogo, o príncipe vira as costas caminhando até a esposa, a mesma toca no rosto do amado, ele beija levemente a palma de sua mão.
— Você é tudo o que eu tenho agora Raelene.
— Eu nunca o abandonarei querido. — Idônea os observa de longe, melancólica com aproximidade do casal, ela não esperava que Afonso fosse se entregar tão rápido aos encantados de Raelene.
— Você não terá mais seu príncipe em sua cama minha cara. — Baruc se aproxima por trás de Idônea, apertando sua cintura, suas mãos descem até suas coxas, a jovem pende a cabeça para trás exitada com o toque do general. — Não se empolgue, eu jamais treparia com uma criada, quero aquela princesa em minha cama o mais breve possível, e você me ajudará com isso.
— A rainha mataria a nós dois, está ficando louco, aquela princesa anêmica não é tão bonita assim, ela não tem cor, é magra e sem qualidade nenhuma.
— Ela é delicada com uma Lisianthus, você não entenderia. — Baruc se afasta do corpo da criada, que o encara.
— Você é sofisticado demais para um simples general.
— Não sou um simples general, criada, eu serei o próximo rei de Hagnore, e você nunca passará de uma criada se não fizer algo para separar seu príncipe da esposa. — O general se afasta definitivamente de Idônea, seguindo em direção aos presentes no funeral do rei, seus olhos continuam fixos em Raelene, que se sente desconfortável com o seu olhar.

Além Da LuaWhere stories live. Discover now