Capítulo 67

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Gradara.
Reino elfico.
Outono.

A esplêndida Lua cheia de outono, se esconde por trás dos primeiros raios de Sol, dando a todos um novo dia, cheio de esperanças, as quais todos que estavam nas ruínas da antiga vila ogro possuíam em seus corações, por mais que todos soubessem que teriam dias ainda mais difíceis, sabiam também que estariam juntos.

Aragorn sabia que podia contar com os quais compunham sua comitiva, cada um possuía uma peculiaridade, mas todos o serviam da mesma maneira, e seriam capazes de dar suas vidas para salvar a ele, o temido rei sem coração, antes odiado por muitos, hoje adorado por poucos, mas o pouco para ele significava muito, ele nunca havia estado tão próximo de alguém como estava de todos ali.

O rei havia conseguido muita coisa a base do medo das pessoas, sempre foi temido e odiado, e pela primeira vez o mesmo via respeito e adoração nos olhos dos quais o serviam, o mesmo podia dizer com propriedade, que agora estava pronto para lutar uma guerra contra os deuses, e que não precisaria abrir mão de nada para salvar seu povo, já que seus guerreiros não o permitiria fazer tal atrocidade, ambos lutariam e morreriam se preciso fosse, apenas para manter o rei, e a rainha de Gradara, a salvo. Essa que abre os olhos com dificuldade e o encara, já terminando de prender os últimos detalhes de seu traje.
— Vamos minha rainha, temos que nos apressar, não quero passar mais nenhuma noite aqui nesse fim de mundo. — Aragorn se vira e prende a bainha de sua espada na cintura, colocando sua espada logo em seguida.
— Eu não quero ter que passar muito tempo no caminho, a Raelene já ficou muito tempo longe de um castelo. — Kallea sorrir e imagina o humor da irmã, se continuassem cavalgando e dormindo em tendas.
— Ela vai se acostumar meu amor, Lórien vai aprender a agradar ela. — Aragorn sorrir maldoso, e puxa a mulher para seus braços, assim que ela fica de pé. — Aí a loirinha não sairá reclamando como antes, aquele bico azedo não estará mais nos lábios dela, quando o Lórien enfiar o pa... — O elfo é silenciado pela mão da sua mulher, que cobre sua boca e faz uma careta.
— Pelo amor de tudo que é sagrado Aragorn, logo de manhã cedo? Não me faça imaginar coisas que eu não quero! — Ela faz uma cara enojada, Kallea balança a cabeça retirando sua mão, assim que sente a língua do elfo deslizando pela sua palma. — Pervertido...
— Ora, ora... Quem vê jura que ainda é virgem! — Aragorn gargalha alto e rouco, fazendo a ruiva bater em seu ombro.
— Segure essa língua elfo, ele é seu filho porra, e ela minha irmã! — A ruiva faz um bico, mas ri junto do elfo.
— E daí mulher? Vocês duas são as que mais falam besteira.
— Mas não falamos de sermos fodidas pelos nossos homens, e é meio estranho ouvir isso logo de manhã... Mas enfim, espero que seu filho faça um bom serviço naquela coisa sapeca, ou eu vou dar na cara dele! — Ela fala tentando sair dos seus braços, sendo em vão.
— Espero que seja a mão e não outra coisa, a cena de você sentada nele ainda tá na minha cabeça, e olha que a dele entre suas pernas também... Aí mulher! — Ele se encolhe ao ser mordido no pescoço pela ruiva, forte ao ponto de se encolher.
— Você está muito engraçadinho para o meu gosto, meu amor! — Kallea tenta o empurrar. — Pare de andar com o Callahan... Está pegando as manias dele!
— Ele é casado agora! — Aragorn faz um bico, tanto ele quanto a ruiva gargalham alto, ao ponto de serem ouvidos pelos demais do lado de fora da tenda. — Em pensar que vivi pra ver isso, nunca pensei que aquele elfo libertino iria se casar algum dia, e pior, viu como ele a olha? — Aragorn arqueia uma sobrancelha e sorrir largo.
— Ele não amava a Raelene? Ou a Glórienn? Seja lá quem seja! — Kallea começa a se arrumar, colocando suas armas nos seus lugares.
— O rolo deles ia além disso, Callahan nunca foi fiel, sempre se enfiava dentro das pernas das criadas, e digamos que aquela criaturinha pequena não era santa, era meio um lance aberto, ela dava pra quem queria, e ele comia quem bem quisesse, no fim, ela morreu, e ele surtou, descobriu que a amava, só depois que viu suas cinzas. — Kallea arregala os olhos para o elfo a sua frente, sabia que a irmã era louca, mas não imaginava que chegava a esse nível, ainda mais por saber que a mesma se lembra de cada detalhe de sua antiga vida.
— Então... Ela? — Kallea olha para a saída da tenda, e demonstra confusão em seus olhos.
— Sim, sua irmãzinha é uma baita de uma safada, e meu filho está apaixonado por ela, ele tem que pelo menos chegar ao nível dela, pra ela não escapar por entre seus dedos. — Aragorn termina de se ajeitar, e olha para a mulher que parecia desacreditada.
— Então a Raelene, é pior que você e o Callahan? Céus! — Kallea sorrir e prende seus fios ruivos em um rabo de cavalo alto.
— Digamos que é igual, vivíamos juntos, eu, ela, o Callahan, e o Earendil. — Kallea arqueia uma sobrancelha, com o mesmo olhar de Lórien, quando o mesmo havia dito sobre a Glórienn para ele, Aragorn balança a cabeça e sorrir. — De nós três, ela só deu pro Callahan, não se preocupe, cuidávamos dela como se fosse uma irmãzinha, aí ela surtou, e matou todo mundo, eu surtei, e queimei os pergaminhos aos quais ela era mencionada, o Callahan surtou e o rei, meu pai, o mandou para cuidar de Strongwall, e o Earendil, aquele fodido manteve a pose de bom moço, e continuou lá, servindo o maldito rei. — Aragorn beija a cabeça da mulher.
— Quando eu e Raelene, chegamos aqui, você parecia amar seu pai, e do nada mudou de opinião, depois que ele morreu! — Kallea olha para o rei, e nota sua respiração mudar o ritmo.
— É complicado, eu amava meu pai, o amo, sempre escondi suas atrocidades, mas agora, depois de ver todo o sofrimento da minha mãe com a morte dele, e ver o quão forte ela precisou se tornar, eu chego a pensar que eu devia ter sido leal a Galadriel, não a ele, porra, eu o deixei casar meu filho com a vagabunda da Lúthien, sabe o quanto isso me corrói por dentro? — Aragorn aperta a cintura da mulher, enquanto seus olhos azuis vagueiam de um lado para o outro, evitando de encarar a ruiva em seus braços.
— Mas está em tempo de se redimir, também cometi erros, não disse aos meus pais o quanto os amo, e agora estou aqui, presa em Gradara, sem saber como ir até eles. — Kallea sorrir e beija o queixo de Aragorn.
— Então já que tenho tempo, vamos nos apressar para voltarmos. — Aragorn morde a bochecha da ruiva e a puxa para fora da tenda, entrelaçando seus dedos nos dedos da mesma.

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