Capítulo 15

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Gradara.
Reino elfico.
Primavera.

  As duas amigas se encontram deitadas no chão repleto de folhas, Kallea se levanta observando o verde ao seu redor, tal vegetação nunca havia sido vista por seus olhos, há flores de todos os tipos e trepadeiras que enrolam nos grossos troncos das árvores, árvores essas que não eram vistas na floresta de Gentle Wood de Baraphion, lá haviam árvores, flores, frutos, trepadeiras, porém eram completamente diferente das que a ruiva estava vendo naquele momento.
— Raelene, precisamos sair daqui. — A ruiva sussurra para a amiga, que tenta se levantar, seu corpo ardia pelos cortes causados durante o redemoinho, Kallea, havia sofrido alguns ferimentos leves, devido sua armadura, porém os da loira se não fossem tratados o mais rápido possível poderiam lhe trazer uma infecção grave. — Tá vindo alguém, vamos. — Kallea olha em direção ao barulho que chega aos seus ouvidos, os galhos das árvores começam a se quebrar, enquanto se ouve o som de passos apressados, e pela extensão dos mesmos, poderia se dizer com propriedade que se tratava de um animal extremamente grande e pesado.

   A ruiva puxa a amiga, correndo por entre as árvores, porém, não demorou muito para que o animal as alcançasse, um grito é ouvido, enquanto as duas amigas começam a serem cercadas por cavalos, espadas são direcionadas a elas, ficando próximo a seus pescoços, Kallea suspira, seu coração começara a acelerar, não tanto para fazê-la perder o ar, a mesma já havia passado por aquilo tantas vezes, não era a primeira vez que uma espada era direcionada a seu pescoço, mas, o que a deixara preocupada ao ponto de seus batimentos cardíacos se intensificar, fora o grande lobo negro com chifres em que o elfo de cabelos prateados estava montando. A ruiva encara o animal incrédula, nem nos seus piores pesadelos poderia encontrar um animal tão amedrontador, Raelene fecha os olhos, esperando que sua cabeça seja cortada naquele instante, ou que o grande lobo a devorasse, ambas podiam sentir o bafo quente do animal da distância em que estavam, Aragorn por sua vez encara o chifres de seu lobo, esse que não havia fumaça alguma, as humanas não representavam perigo algum, não naquele momento, mas mesmo assim, havia uma ponta de preocupação em sua mente.
— Meu príncipe, são humanas. — Finrod pula de seu cavalo encarando o príncipe, o mesmo, arqueia uma sobrancelha, ele os odiava o suficiente para matar as duas mulheres alí mesmo. Aragorn acena para que Arendhel desça de seu cavalo, a mesma pula do animal com sua espada em punho.
— Olhe as orelhas. — Fala enquanto a general se aproxima das duas.
— Meu príncipe não tem porque olhar as orelhas, elas são humanas, olhe as vestes, a postura. — O elfo montado em Celebenthorn suspira, o mesmo pula de seu grande lobo, Kallea encara o elfo, enquanto Raelene fica admirada com cada um dos seres que estão ao seu redor, a loira finalmente estava junto dos elfos que ela tanto amava. Aragorn se aproxima rapidamente das duas segurando no rosto da loira, o apertando.
— É tão branca e magrela, não me admira que Mithal tenha levado sua força vital, mas não possui cabelos negros como Lúthien, pega-a, devemos leva-la para o castelo, a sacerdotisa poderá vê-la e nos dizer se pertence ao seu Deus pagão. — Kallea segura a amiga, tentando evitar que a mesma seja levada, os olhos de Aragorn alcançam os da ruiva no mesmo instante. — E quanto a você, uma virgem de Fëanor, eu sabia que ele era louco, mas não pensei que fosse tanto, escolher uma humana para segui-lo, pela sua cara, nem virgem é mais, os humanos são devassos o suficiente para não cumprirem com suas tradições. — Kallea franzi o cenho, como um ser que ela nem acreditava existir poderia falar daquela maneira com ela, se ela fosse virgem ou não, não era problema dele, porém a guerreira não era tola de dizer nada, não naquele momento, ela precisava entender primeiro o que estava acontecendo, e como agir com aqueles seres mágicos que Raelene e Adela tanto amavam.

   O elfo se aproxima da ruiva, o suficiente para sentir sua respiração quente, o mesmo se abaixa lentamente, pegando uma faca presa no cano das botas de couro da ruiva, a jogando para Lórien, que a pega, o príncipe loiro, não desceu de Arthal, ele encarava as humanas indiferente, sabia que elas não viveriam muito, e nem poderia dizer uma só palavra para Aragorn, já que conhecia muito bem a sua história, e o ódio que ele guardava por toda a raça humana. — Finrod, leve-as até o castelo, Arendhel, junte os seus soldados e os acompanhe, Lórien você e os outros ficam comigo... Temos que descobrir como essas duas conseguiram abrir o portal da lua, e o que diabos estão fazendo aqui. — Kallea continua séria, segurando Raelene que começa a perder as forças, enquanto Aragorn da as costas para as duas caminhando em direção a Celebenthorn.
— Devia perguntar. — A ruiva se dirige ao elfo que vira bruscamente para encara-la, seus longos cabelos prateados voam com o vento causado por seu ato, deixando seu rosto mais belo que já é.
— Finrod, elas irão caminhando até lá. Devia ao menos ter usado alguma coisa para cobrir suas curvas loira. — Aragorn encara a pequena princesa de Baraphion, que suspira cada vez mais fraca, o elfo não imaginava o que a mesma havia passado até o momento, Kallea abre a boca para respondê-lo, porém Finrod não a deixa que fale nada para o herdeiro, o tenente as empurra em direção as árvores em que eles apareceram há pouco tempo.
— Devia ter ao menos um pouco de educação, não está vendo que ela não se sente bem? — A ruiva encara o elfo de cabelos negros, tentando segurar Raelene que se desfalece em seu braço, Lórien pula rapidamente de Arthal ajudando a ruiva, ao tocar na pele branca e ferida da loira, o príncipe sente seu corpo inteiro estremecer, em uma explosão que em outro momento seria impossível de conter.
— Consegue carrega-la em seus braços? — Pergunta, enquanto ela apenas balança com a cabeça em negação, Raelene podia ser magra e pequena, mas no estado de cansaço em que Kallea estava, não conseguiria carrega-la nos braços pra lugar algum, Lórien acenou para um dos soldados, que desce rapidamente de seu cavalo. — Aragorn, elas podem montar em Arthal, essa aqui está muito ferida para conseguir andar. — O elfo fuzila o menor, que suspira, tentando encontrar uma maneira de ajudar as duas mulheres ao seu lado. Aragorn caminha até ele, encarando a loira que estava cada vez mais pálida.
— Elas irão direto para as masmorras, e porque você está vestida assim? — Aragorn se incomoda com os trajes de Kallea, a presença da ruiva o estava deixando irritado. — Elas vão andando. — Suas palavras saem roucas de sua garganta.

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