Capítulo 110

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Baraphion.
Reino humano.
Primavera.

Um ano havia se passado desde que a rainha Adela e o rei Dalibor haviam visto as filhas pela última vez, a bela rainha decidiu se trancar em seus aposentos desde que o rei lhe deu a triste notícia de que não havia ninguém capaz de abrir o portal da Lua, e traze-las de volta. Algumas vezes o mesmo chegou a duvidar de que ambas haviam de fato atravessado o tal portal, se obrigando a procurar pelos corpos sem vida de suas filhas, mas ao não encontrar nada, acabou por perder as esperanças, não havia sinal algum de nenhuma das duas em Baraphion, ou nas redondezas do reino humano.

Enquanto a rainha humana chora pela falta das filhas, a chuva fina caí sobre o castelo, deixando o ar gélido. A triste rainha, ajeita o altar ao qual havia feito para pedir pela volta das filhas, colocando algumas rosas brancas em um jarro, logo iria anoitecer, e a mesma tinha um jantar para preparar, receberia a visita do rei e da rainha de Hagnore, Gardenia e Baruc, ambos haviam se casado há alguns meses, e faziam negócios com o rei de Baraphion, alegaram que não guardavam mágoas da princesa, e que, o que a mesma havia feito, não interferia em seus negócios.
— Minha querida. — Dalibor a encara com olhos pesarosos, sentia o mesmo que ela em relação as filhas, a saudade os consumia a alma. Seus olhos verdes marejados encaram o marido, que se aproxima lentamente, tocando-a no rosto, e beijando seus lábios com delicadeza.
— Só queria que fosse apenas um pesadelo, e que minhas meninas ainda estivessem no castelo, ou que estivessem casadas como sempre sonhei que estariam, com filhos e um castelo para cuidar. — A rainha olha através da janela, fitando as gotas de chuva caindo do lado de fora. — Não suporto mais essa ausência Dalibor. — Fala e o rei a abraça, ficando alguns segundos naquela posição, enquanto suas mentes trabalham, tentando encontrar uma maneira de encontrar as filhas.

Passos apressados ecoam pelos corredores escuros do castelo, esse que um dia havia sido cheio de vida, não possuía mais o brilho de antes, a torre onde a princesa loira passava os seus dias, continuava da mesma maneira a qual havia deixado, e Adela sempre levava rosas brancas, e as colocava no jarro ao lado de sua cama, perfeitamente enfeitada com cobertas rosas, além de seus travesseiros cheios de frufru, e seus muitos ursos de pelúcia. No criado mudo, uma caixinha de música, com uma fada, que gira sempre que dava corda na mesma. Adela também enfeitava o quarto de sua segunda filha, a ruiva ranzinza, que odiava quando a mesma levava flores para seus aposentos, seu quarto não possuía cores, assim como seus trajes, esses negros e sem vida, a rainha humana, jamais imaginaria o quão brilhante e cheia de vida sua filha mais velha havia se tornado durante esse ano.
— Não podemos ficar aqui querida, temos que continuar com nossas vidas, o que não significa que vamos perder as esperanças de uma dia vê-las novamente. — Dalibor segura a mão da esposa a guiando em direção a saída do quarto.

Assim que o rei, abre a porta, deixando a sala ao qual a rainha passava a maioria de seu tempo, seus olhos azuis encontram o general, esse com semblante assustado, deixando o rei preocupado, que segura a mão de sua bela esposa, e mantém seus olhos fixos no general parado a sua frente, era visível o quão acelerado estava o seu coração, suas mãos trêmulas, e sua respiração ofegante, em total agonia.
— Meu rei, minha rainha. — Faz uma reverência rápida, e volta a encara-los.
— O que houve Reagan? — Dalibor pergunta de imediato, o rei não era de rodeios, e odiava quando as pessoas faziam tal coisa para lhe falar algo.
— Eu não sei meu rei, mas acho que tem algo errado, digo, aconteceu algo inesperado. — Fala, ainda confuso, e desnorteado.
— Parece que viu um fantasma. — Adela brinca, mesmo sem ânimo, faz um esforço, para deixar o ar um tanto mais tranquilo, para que o general falasse de uma vez. A mesma levanta a mão levemente, tocando os dedos um no outro, a insanidade da rainha estava cada dia mais explícita.
— Dois, para dizer a verdade. — Fala, e Dalibor dar um passo em sua direção, o fazendo dar um passo para trás.
— Se não quiser perder sua cabeça, fale logo de uma vez general, não estou com ânimo para brincadeiras tolas. — Fala estridente, arregalando os olhos ao ouvir uma risadinha fofa no final do corredor.
— Raelene. — Adela sussurra, soltando a mão do marido, e correndo em direção a risada. Dalibor corre atrás da esposa, não podia acreditar no que seus ouvidos ouviam, de certo, os mesmos o enganavam, mas mesmo assim seus pés o obrigam a ir atrás da rainha humana.

Além Da LuaWhere stories live. Discover now