Capítulo XV: Enterrado até doer - 1892

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Londres, agosto de 1892

— O que ela faz aqui? — Zayn finalmente perguntou, segurando as mãos de Amélia enquanto ela estava encostada na cabeceira da cama com uma toalha de água morna sobre a testa.

— Jane voltou... — Ela balançou a cabeça confirmando, claro que já sabia. — Espero vê-la o mais rápido possível, deve estar tão crescida, uma mulher.

Zayn franziu a testa. O coração se acelerando como um pássaro desesperado no peito prestes a sufocar.

— Amélia, você sabia que Janevieve estava de volta a Londres? Depois de todo esse tempo?

— Você a viu? — Amélia se mexeu rapidamente na cama e Zayn se culpou por ter trazido a notícia daquela maneira.

— Ela deixou uns livros caírem no meio da rua e eu a ajudei, apenas isso. Poderia ter acontecido com qualquer outra pessoa.

— E como ela está? — Quando Zayn não disse nada, Amélia suspirou e continuou sem soltar a mão dele. — Trocamos cartas, mas ficaram cada vez menos frequentes nos últimos anos. Na última, há cerca de um mês, quando contei que estava doente, ela me disse que viria mais rápido ainda, mas querido, ela já estava vindo de qualquer maneira.

Zayn engoliu aquelas palavras como se estivessem sufocando ele. Seu olhar deve ter sido dolorido, porque Amélia apertou mais suas mãos como um sinal de afago, mas ele tentou se recompor. Estava ali para apoiá-la, não o contrário.

Depois que saiu de Bradford e voltou a Londres com seu pai, Zayn seguiu um pouco mais em frente todos os dias, nunca mais disse o nome dela em voz alta e sufocava tudo o que sentia dentro de algum lugar que ele não alcançava mais agora. O que era bom, porque aquilo o permitia viver em paz.

Fazia tanto tempo que ele nem sequer achava que ainda se lembrava de como a voz dela soava. Ele ficaria bem.

— Você está se sentindo melhor? — Zayn acariciou a mão de Amélia com o polegar.

— Estou sim. — Ela sorriu para ele e tossiu um pouco em seguida, se sentando melhor na cama.

— Podemos sair hoje, se quiser vamos até o jardim tomar sol. — Ele sorriu.

— Sei que a livraria está maravilhosa com todo seu trabalho, mas me preocupo, Zayn. Você tem feito algo além de cuidar daquele lugar e dar aulas na universidade para todos aqueles jovens loucos? E também me visitar aqui?

— Tenho feito várias coisas além de trabalhar. — Zayn assentiu para confortá-la. — Eu tenho pintado e leio para as crianças, semana passada foi aniversário de Christopher e...

— Você é um bom menino, Zayn. — Amélia sorriu para ele de um jeito singelo e maternal. — Na verdade, você se tornou um homem, um bom homem. As vezes eu me esqueço de quanto tempo já passou.

Zayn sorriu tocando a mão dela por cima de seu rosto.

— Obrigada, Amy. — Ele disse beijando seus dedos. — Mas não precisa me dizer essas coisas.

— Estou dizendo porque é verdade. — Amélia sorriu e engasgou um pouco, Zayn rapidamente se arrumou na poltrona ao lado da cama e se esticou para pegar a jarra de água na mesinha de cabeceira, ele encheu um copo pela metade e o estendeu para Amélia com um olhar preocupado. — Eu estou bem, não precisa me olhar assim.

Mas ele sempre ficava preocupado.


Quando eles se despediram e Zayn chegou do lado de fora da casa de Amélia, respirou como se tivesse acabado de emergir de um mergulho profundo.

Against The Time | Zayn MalikWhere stories live. Discover now