Capítulo XVII: Em Bradford

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Charlotte era muito jovem quando soube pela primeira vez da vontade de Jacob de ter um restaurante. Ela não sabia se aquela era a primeira vez que ele falava sobre aquilo, mas sabia que aquela foi a primeira vez que falou para ela.

Ela estava sentada no sofá de casa depois da escola, Thomas sempre ficava para as aulas de boxe e os pais trabalhavam pela tarde, então ela fazia o dever de casa e na maior parte dos dias estava com Jane, as duas almoçavam juntas, faziam as lições colando uma da outra, pintavam as unhas e testavam maquiagem, falavam sobre os garotos que Thomas trazia para a casa depois do treino para jogarem vídeo game, ela um entretenimento e tanto observá-los da escada com risinhos e cochichos.

Naquele dia em especial, quando soube do sonho do Jacob em se tornar chefe, ela não estava com Jane, então tinha ligado o vídeo game e tentava jogar e escrever uma redação ao mesmo tempo quando a campainha tocou.

— Jacob? — Charlotte ergueu as sobrancelhas surpresa, de todos os amigos de seu irmão ele era o mais próximo. — O que faz aqui? Tom não está.

Ele franziu a testa, o cabelo estava caindo na testa em cachos grandes e a mochila verde estava nas costas.

— Nós tínhamos marcado de estudar para a prova de sexta. — Ele disse. — Você acha que ele vai demorar muito, Charlie?

Charlotte balançou a cabeça.

— Charlie é uma garotinha bochechuda com fita no cabelo. — Ela cruzou os braços. — Eu já disse que prefiro Lottie.

— Está bem, Lottie. — Ele ergueu as mãos. — Pode me dizer se o Tom vai demorar muito?

— Eu não sei. — Ela balançou a cabeça se afastando da porta. — Entra aí, pode esperar, eu já estava terminando meu dever de casa.

Jacob passou e caminhou naturalmente até perto do sofá onde os cadernos e lápis de Charlotte estavam espalhados, ele encarou o controle do vídeo game no sofá ligado por um fio até o aparelho na televisão.

— Eu gosto de Zelda. — Ele ergueu as sobrancelhas.

Charlotte fechou a porta e se abriu dele com as mãos nos bolsos da calça jeans skinny que ela estava usando, seus pés estavam descalços também e ela se sentou no sofá.

— Não consigo passar desse nível. — Ela apontou para a TV. — E não vou tentar mais porque tenho que terminar essa redação de história.

— Eu já terminei esse jogo, sabia? — Jacob pegou o controle se acomodando no sofá e Charlotte se sentou ao lado dele, interessada.

— Então está esperando o que? — Ela ergueu as sobrancelhas. — Quero terminar também.

Jacob riu, largou a mochila no chão e os dois ficaram jogando juntos até ele ajudá-la a passar pelo menos de uma fase.

Depois daquele dia, Jacob não se importou mais em chegar mais cedo na casa de Tom nos dias em que eles combinavam de estudar ou fazer alguma coisa. Charlotte parou de recebê-lo com caretas e ironias e começou a sorrir e perguntar se ele já tinha visto a nova edição dos quadrinhos da marvel que chegou a banca de jornal aquela semana, quando ele respondia que não ela pegava a edição que tinha comprado e os dois folheavam juntos.

Mesmo nos dias que Jane estava lá os três conversavam sobre várias coisas, sobre o que fariam no fim de semana e Charlotte não sabia em qual dessas tardes ela tinha notado que os olhos de Jacob não eram de um azul qualquer, mas um azul bem intenso e vivo, e que ele estava deixando o cabelo crescer e os cachos se desmanchavam com mais facilidade.

— Eu quero viajar. — Charlotte disse. — Eu coleciono cartões postais que encontro pra vender na internet ou nas bancas de jornais, mas não quero só os cartões postais da Inglaterra, quero os de todos os lugares. É bom para montar um guia de viagens, sabia?

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