Capítulo XXII: A dor não dura para sempre

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Quando eles entraram, Zayn deixou a caixa com as coisas de Jane que ele tinha trago em cima da mesa de centro da sala e a seguiu para cozinha, onde ela fez chá para os dois.

Jane tinha tirado seu casaco e as botas ao abrir a porta e os deixou ali na entrada mesmo, sua casa era quente e confortável, a luz da cozinha era clara e através da janela fechada eles conseguiam ver alguns flocos de neve caindo lá fora.

— Eu tenho dificuldades para ligar a lareira. — Jane disse ainda de costas, virada para o fogão enquanto checava a água fervendo.

Zayn parou de observar a casa e olhou para ela, o cabelo estava solto e as pontas castanhas chocolate caiam bem abaixo dos ombros.

— Você quer que eu ligue? — Ele se aprumou, apoiou as mãos na mesa e estava pronto para se levantar quando ela se virou.

— Não. — Jane balançou a cabeça. — Não foi um pedido, apenas um comentário. — Ela caminhou até um armário do outro lado da bancada, fazendo Zayn acompanhá-la com o olhar, descalça ela ficava uns centímetros mais baixa, mas o movimento de seu quadril era o mesmo. — É que agora eu me dei conta de que em todos esses anos nunca tinha me preocupado com lareiras antes.

— Você pode usar jornal, ou algum papel mais seco, não de revistas, esses com certeza não ajudam. — Ele articulou as mãos enquanto falava calmamente, como se não tivesse em um dos momentos mais frágeis da sua vida a poucos minutos do lado de fora da casa. Mas era confortável que Jane o fazia se sentir. — Já acendi lareiras.

Jane se virou para ele assim que abriu o armário.

— Sua lareira é elétrica. — Ela disse com sorriso debochado, Zayn sentiu uma coisa bem no fundo do peito, algo como um puxão querendo levá-lo a algum lugar que se espalhou.

Toda vez que ela sorria, ele sentia aquilo pelo corpo todo.

— É, mas na fazenda do meu avô, eu sempre gostava de acender a lareira com ele quando era criança. — Ele disse como se fosse uma lembrança muito recente e depois ficaram em um silêncio total, como se as palavras tivessem saído antes que Zayn percebesse mais uma vez que Henry tinha morrido.

Jane se virou rapidamente para o armário e pegou um pote de vidro que estava quase explodindo de tão cheio de cookies de chocolate.

— Você quer um? — Ela abriu a tampa do pote e ofereceu a Zayn com um sorriso gentil, como se soubesse que aquele cookie não poderia ajudar muito, mas esperava que os pedacinhos macios de chocolate deixassem tudo um pouco menos pior.

E Zayn aceitou.

Jane deixou o pote na frente dele e foi pegar as xícaras e os sachês de chá, em poucos segundos já havia duas xícaras fumegantes diante de Zayn e ela puxou uma cadeira para mais perto dele, ficando entre a ponta da mesa e a lateral, mas perto dele.

— Me desculpa. — Zayn disse passando os dedos em volta da alça da xícara e a levou até os lábios para um gole pequeno, ainda tinha um pouco de fumaça saindo, mas o líquido quente esquentou seu corpo do frio da neve. — Eu lembro dele em coisas tão aleatórias às vezes.

— Está tudo bem. — Jane balançou levemente a cabeça, tinha apoiado o rosto na mão e estava olhando para ele com a cabeça tombada para o lado. — Eu adoraria ouvir mais histórias sobre ele, pode me contar quando quiser.

Zayn assentiu em silêncio, olhando para ela com a respiração calma agora, mas não disse mais nada. Às vezes, olhar para Jane bastava. Ele sabia disso agora.

— Bem — Jane pigarreou quando o contato visual entre eles se tornou quase insuportável de tão denso, atraindo-a mais para perto dele como um lado enrolado em seu corpo. — Vou tentar acender a lareira, está ficando frio. — Ela se levantou sem avisos e Zayn fez o mesmo que ela, parando em sua frente e ela quase colidiu contra o peito dele.

Against The Time | Zayn MalikWhere stories live. Discover now