Capítulo IX: O amor move o sol e todas as estrelas

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Mas eu continuava viva, e a vida, com suas necessidades e dores e responsabilidades, me chamava.

Era como se Jane pudesse ficar mais apaixonada por Zayn a cada vez que ele lia alguma palavra, e sua voz era como se ela merecesse cuidado e atenção e ele estivesse disposto a fazer qualquer coisa que pudesse deixá-la feliz. Os dois relaxavam juntos embaixo da sombra da mesma árvore por alguns minutos nos quais se permitiam esquecer que no mundo lá fora as coisas ainda eram incertas e complicadas. Por um breve período de tempo em alguns dias daquela semana a voz macia e aveludada de Zayn era tudo o que Jane sentia que precisava para continuar respirando, já que a cada encontro se tornava mais difícil a despedida.

O fardo precisava ser carregado, as necessidades satisfeitas, o sofrimento enfrentado, as responsabilidades assumidas. — Zayn continuou e Jane soltou um suspiro em seus braços, então ele parou de ler. — O que houve, Jane?

— Como consigo viver para sempre aqui, neste momento e neste dia? — Jane se desencostou do peito dele e virou os ombros para Zayn, para poder olhá-lo encostado naquela árvore. Ela sentia seu coração apertar quando pensava nele, suas incertezas eram tantas e toda vez que estava em casa longe dele, sem ter algum meio de se comunicar, sentia como se algo estivesse doendo desde o centro de de seu corpo até a superfície, puxando-a para ele de volta.

Eles já estavam em mais da metade do livro, Jane havia lido também, ela ainda tinha nas coxas a sensação de Zayn deitado com a cabeça ali a pelo menos dois dias atrás encarando as folhas verdes da árvore ou com os olhos fechados imaginando a história que ela narrava. Segurava o livro que ele havia lhe dado com uma mão e com a outra fazia carinho no cabelo dele, as vezes eles debatiam sobre a história a cada página lida e em outras ficavam em absoluto silêncio, imersos pelo o que estava acontecendo.

— Eu acho que esse livro foi o grande herói de sua geração. — Zayn tinha comentado deitado no colo dela. — Você não acha? Não é por isso que gosta tanto?

— Sim. — Jane assentiu com um sorriso orgulhoso. — O livro traz todos os apontamentos problemáticos que não tinham atenção na época e ainda hoje continuam ignorados. — Ela respirou fundo. — E eu particularmente acho que Jane Eyre é uma inspiração para a própria Charlotte Brontë. 

— Você se parece com ela. Com a Jane Eyre. — Zayn falou, e Jane abaixou o livro para encará-lo deitado em seu colo. — Mas com certeza mais bonita, é claro.

Ela soltou um riso que o fez rir de volta também.

— Eu gosto de me chamar Jane porque me faz pensar que talvez eu possa ser um pouco como ela, sempre convicta de suas decisões e disposta a conhecer o mundo com independência. Ela era livre.

Antes que eles tivessem começado a ler a uns encontros atrás, Zayn também tinha trago uma manta vermelha e colocado no chão como em todos os dias posteriores também, os dois se sentavam ali e eles também levavam sanduíches e garrafas de água. Eles estavam sentados lado a lado com as mãos apoiadas no chão e conversavam sobre o que fariam.

— Eu não sei quando vou conseguir sair de novo. — Jane murmurou. — Minha mãe fica ocupada de manhã cuidando dos afazeres sociais dela, Greta fica delegando as funções dos empregados, digo, ninguém parece realmente perceber que não estou presente e isso é bom, mas tenho medo de que algo faça elas me notarem e não me deixarem mais sair.

— Nós devíamos ir os dois falar com eles, fazer as coisas como devemos. — Zayn tocou o rosto dela com a parte de trás da mão, passando os dedos em suas têmporas. — Nós sabemos o que temos que fazer.

— Eu sei. — Ela disse assentindo. — Mas ficar aqui é tão bom, ninguém nos acha e ninguém nos incomoda. — Murmurou.

— Mas podemos continuar vindo. — Zayn ergueu os ombros. — Para sempre.

Against The Time | Zayn MalikWhere stories live. Discover now