Capítulo IV: O primeiro único

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— Zayn, filho, é você? 

Zayn ouviu assim que abriu a porta da sala, as botas de seu pai estavam ali ao lado e a manta no sofá estava levemente desajeitada, nada que não fosse totalmente familiar para ele enquanto passava pela sala de sua casa. 

Ele se abaixou e deixou o buquê de lírios brancos que havia comprado e o deixou descansando em cima de uma mesa de centro de madeira, manchada com marcas de xícaras de café que um dia repousaram ali enquanto seu pai lia o jornal. 

— Sim, sou eu. — Zayn apareceu na cozinha, o pai estava preparando o jantar, algum tipo de ensopado que sua mãe também fazia quando era viva e que agora seu pai tentava imensamente copiar. Não ficava igual, nada ficava, suas tentativas de arrumar a cama de Zayn, organizar seus livros no quarto eram todas muito bem recebidas e admiradas, mas nada era como quando Cecily, sua mãe estava viva. 

As vezes quando estava sozinho, Zayn tinha medo de que o tempo poderia fazê-lo esquecer-se de sua mãe, ele tinha 11 anos quando ela se foi, vítima de uma febre ardente e interminável, e mesmo naquela época sem ter noção de muitas coisas Zayn já a amava tanto, e agora ele já completara 18, ele ficava apavorado quando tentava se lembrar do cheiro dela e nada vinha a mente. Os lírios estavam sempre lá para ajudá-lo, eram as flores que cresceram em volta dele em sua infância, o perfume favorito de sua mãe e de Jane também. Fora esse o apelido que ele dera a ela, Lily, vindo de lírios que o cercaram na infância por toda parte. Eles tropeçavam em cima daquelas flores, caiam e não se machucavam, a vida parecia infinita e pura, as flores eram tão lindas sob o sol e cresciam sempre em toda primavera e ele se sentava lá com Jane, Cecily lia para os dois e a noite Zayn voltava para casa com os pais pulando sobre pedras no caminho. A existência de Zayn nunca tinha parecido tão completa como pareceu naquela época. 

— Como foi hoje na livraria? — Robert perguntou se virando para a entrada da cozinha. — Muitos livros, hã? 

Zayn assentiu com um sorriso enquanto tirava o paletó e o deixava de lado em cima de uma das cadeiras da mesa, ele também afrouxou sua gravata borboleta e soltou as abotoaduras da camisa, se encostando no armário com as pernas cruzadas e um braço pegando uma maçã de uma tigela de cobre. 

— Foi comum. — Zayn respondeu. — Eu tirei livros novos da caixa, os organizei nas prateleiras. A senhora Roberts me deixa ler qualquer um que eu quiser durante um tempo.  — Zayn mordeu um pedaço da maçã. 

— Ela deve confiar muito em você. — Robert tinha desligado o fogo e se afastado das panelas. 

Geralmente, ou nunca, homens não cozinhavam e faziam qualquer coisa referente a cuidados de uma casa, não era algo com o que tivessem que lidar, não era algo que precisavam fazer visto que tinham suas esposas em casa, mas quando Cecily morreu, Robert não tinha dinheiro para contratar alguma criada que pudesse fazer aquelas coisas para ele, então sempre fora ele mesmo e o filho, e por conta disso Zayn tinha aprendido muito cedo a subir em cima de um banco e a cortar ingredientes, legumes ou verduras, ele aprendeu a descascar suas próprias frutas, preparar o seu chá quando tinha vontade, assar os próprios biscoitos e ele também diria que lavava a louça como ninguém. 

Estava tudo bem para ele fazer aqueles tipos de coisas por si mesmo e pelo pai, apesar dos dois não dizerem isso a mais ninguém.

— Está feliz lá? — Robert perguntou parando antes de pegar pratos limpos num armário. 

— Eu fiz o que pediu. — Zayn desistiu de morder outro pedaço da maçã. Ele tinha gostado de passar os últimos dias na livraria, ele até mesmo ajudou algumas pessoas nas escolhas de quais livros comprar e elas agradeceram dizendo que ele era muito inteligente, mas Zayn gostava dos cavalos, de estar todos os dias com ele e dá desculpa para poder montá-los e passear pelo campo, agora por outro lado ele já não tinha mais aquela sensação. 

Against The Time | Zayn MalikWhere stories live. Discover now