Capítulo III: Através de uma janela

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Jane estava apenas mexendo o garfo de prata de um lado para o outro sobre o prato, até que se entediou e o deixou parado abaixando o braço. 

— Jane, querida, o que houve? — Sua mãe ergueu os olhos preocupada e neste momento, seu pai também a encarou. 

Uma das cozinheiras estava servindo mais chá e Jane agradeceu com um sorriso fraco. 

— Estou bem. — Ela disse pegando a xícara com as duas mãos. 

— Você está tão pálida, tão triste e não sai mais com as suas amigas. 

— Elas ficarão bem sem mim. — Jane deu de ombros e bebeu um gole do chá quente. Aquilo não a ajudou de forma nenhuma, ela ainda sentia alguma coisa vazia em si mesma. 

— Jane, você está sentindo alguma coisa? 

— Sim. — Jane assentiu. — Vontade de me deitar novamente, estou muito cansada. 

— Você pegou a gripe? 

— George, não diga isso. — A mãe de Jane repreendeu. — Ela não está com gripe, está Jane? 

— Não. Com certeza não é gripe. — Jane negou afastando a cadeira devagar. — Com licença. 

— Jane, volte a tempo da sua aula de piano, está bem? — Sua mãe sussurrou e Jane assentiu saindo da mesa e subindo as escadas da sala correndo. 

Ela entrou em seu quarto e fechou a porta, era o único lugar em que ela estava conseguindo se sentir bem, porque lá não precisava fingir que estava bem, ou sorrir, ou fingir que estava interessada nos assuntos de Charlotte e Emma, ela podia simplesmente só ficar triste e sozinha sem ninguém lhe perguntando nada. Ela gostava de sair para a varanda e ficar encarando o céu com as mãos segurando o balaústre de pedra, ela também sempre esperava que Zayn entrasse pelos portões da mansão, mas ele nunca vinha. 

Jane já não o via a uma semana depois da última conversa que tiveram quando ele pareceu bravo com ela por alguma coisa que não disse o que era, mas quando ela foi embora ele não tentou impedir, depois também nunca mais escreveu, nunca mais a chamou para ver os cavalos... era como se ele não quisesse mais estar com ela e aquilo fazia-a se sentir tão, mas tão mal, como se seu coração estivesse se esmagando dentro do peito e aquela sensação de solidão não fosse nunca ir embora. Como se tudo de bom que ela conhecia tivesse acabado. Ela não tinha mais vontade de fazer nada, só de ficar ali dentro de seu quarto encarando os portões pela varanda. 

Jane via Zayn todos os dias desde que se entendia por gente, ela nem se lembrava de como era não conhecê-lo ou não estar brincando com ele e quando cresceram, de não ter ele lhe ensinando coisas. Como andar a cavalo, como arrumar as celas deles, como desenhar, como pular as pedras do riacho perto da cidade... ele era seu amigo e tudo o que ela mais tinha de familiar, e amizades não deveriam ser boas, ela queria que Zayn fosse feliz, então porque se sentia tão mal ao pensar nele com outra garota? Por que estava tão preocupada sobre o que ele pensava dela? 

Naquele dia em especial, pela primeira vez em uma semana, Jane decidiu sair, ela pediu a sua mãe que a deixasse ir a cidade para comprar algumas coisas como vestidos, maquiagem e flores novas e sua mãe, que adorava a ideia da filha de arrumar mais, a deixou ir acompanhada de Greta. 

Jane ficou esperando sua governanta dentro da carruagem depois de subir com a ajuda do cocheiro, ela ficou alisando seu vestido lilás de mangas curtas para que a barra cheia de flores douradas não ficasse amassada bem distraidamente, e quando Greta chegou, eles partiram. 

Chegar na cidade sempre deixava Jane um pouco mais animada, ela gostava da fonte enorme no centro da praça com uma estátua da rainha Vitória e as lojas todas abertas ao redor. A marcenaria, a relojoaria, a venda onde eles podiam encontrar frutas e legumes, a padaria, as lojas de roupas, as de homens e as de mulheres, a joalheria de onde sempre tinha alguma mulher saindo feliz com a joia que ganhara de seu companheiro e ao lado da floricultura da senhora Herman, a livraria da família Roberts, o lugar favorito de Jane. 

Against The Time | Zayn MalikWhere stories live. Discover now