Capítulo II: Aqueles que se perderam

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Jane bateu a porta do táxi e acenou para o motorista em agradecimento antes de se voltar para a entrada do restaurante com uma placa elegante no alto com o nome Sors, talhado na madeira com plantas em volta.

Jane deu a volta e entrou por uma porta lateral que dava ainda no salão de mesas do restaurante e colocou a cabeça para dentro primeiro.

Jacob? — Chamou, avistando-o em seguida atrás do balcão de madeira e mármore, pelo vidro que mostrava a cozinha.

Ele ergueu a cabeça quando escutou a voz, estava concentrado ali dentro e todas as luzes do restaurante já tinham sido apagadas, os funcionários já tinham saído, mas ele tinha continuado ali porque havia uma receita a qual estava se empenhando.

— Jane, estou aqui! — Ele chamou. Tinha dado a chave a ela desde quando aquele lugar não passava de um bar com móveis de madeira cheios de cupim.

— Por que está aqui até tão tarde? — Jane deixou sua bolsa em cima do balcão quando passou por ele e depois seguiu mais para dentro, olhando Jacob pelo vidro, até estar empurrando a porta de entrada para a cozinha iluminada, as paredes brancas e os utensílios de alumínio eram familiares para Jane, afinal, era o restaurante de seu melhor amigo e tudo ficava muito organizado depois do fim do expediente. Já se passavam das nove horas da noite.

Quando ela passou pela porta e ficou em pé sobre a soleira, se encostando no batente, cruzou os braços sobre a jaqueta de couro preta. A camisa de algodão de Jacob era branca e as mangas iam até os cotovelos, com alguns botões pequenos abertos no peito e ele parecia empenhado em estar cortando algo que Jane tinha quase certeza de se tratar de um pimentão vermelho.

— Tenho que te falar uma coisa. — Ela murmurou apoiando as mãos atrás do corpo na lateral da porta.

Jacob ergueu os olhos azuis até ela e uma mecha de cabelo caiu em sua testa, foi pelo tom um pouco tenso de Jane e a maneira como ela mordeu os próprios lábios que ele decidiu parar de cortar aqueles ingredientes e encará-la por completo.

Ele ergueu as sobrancelhas esperando que ela dissesse logo.

— Charlotte está vindo. — Jane disse. — E ela chega amanhã. Irei buscá-la no aeroporto com Thomas e Charles. — Quando ele não disse nada, Jane continuou. — Eu achei que deveria saber, talvez...

— Não está querendo que eu vá com vocês, não é? — Ele perguntou surpreso, mas de uma forma terrivelmente irônica. — Acho que, assim que me visse, ela voltaria correndo para seja lá onde estava antes e Thomas me mataria por isso. Eu não quero morrer quando a despedida de solteiro dele está tão perto.

Jane bufou se desencostando da parede.

— Então o casamento de Thomas está chegando, ele e Charles vão inaugurar a casa nova, e você e Charlotte não irão trocar uma palavra? É isso?

Jacob voltou a cortar pimentões.

— Jane, eu nem mesmo a vi nas férias de final de ano do ano passado, agora então... — ele deu de ombros. — Mal ligo que ela está aqui. Somos assim. Não somos próximos, sequer amigos.

Jane o observou desconfiada, ela mesma não sabia se era para tanto, mas a verdade era que Jacob e Charlotte tinham parado de se falar um pouco antes da faculdade, era óbvio que eles se encontravam nos natais e nas viradas de ano, feriados em geral quando Charlotte tinha férias de sua pós graduação em jornalismo em Nova York e vinha visitar a família, e antigamente não costumava ser assim tão distante, eles interagiam, mas desde o natal retrasado eles já não trocavam mais uma palavra. Não falavam um no outro, se evitavam, se ignoravam quando conseguiam. Todos tinham percebido, mas Charlotte e Jacob nem mesmo falavam mal um do outro ou comentavam sobre algo que tinha acontecido, eles apenas não diziam nada.

Against The Time | Zayn MalikWhere stories live. Discover now