Capitulo 77: A dádiva da humanidade!

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Luanda estava em casa, na cozinha comendo uma simples tapioca feita por Mia, só havia apenas as duas em casa, devido à ausência constante da irmã de Luanda. Em uma das cadeiras ao redor da mesa de jantar, se encontrava a mochila de Luanda com alguns itens básicos e algumas mudas de roupa.

Mia: Você vai mesmo, né?

Luanda: Vou sim, você pode ir comigo também, já pensou nisso?

Mia: Claro que pensei, mas eu não vou. Não quero voltar a isso ao lado de alguém e ver mais pessoas que eu amo morrer.

Luanda: Eu não vou morrer... e mesmo que eu ficasse em perigo, você iria me proteger.

As palavras de Luanda ecoam pela mente de Mia. "Eu não consigo proteger..." – Ela deixar escapar de sua boca.

Luanda: Bem, eu respeito a sua decisão, mas não vou mentir que seria um milhão de vezes melhor se você estivesse comigo.

Mia: Você já pensou na sua irmã? Sobre como ela vai reagir.

Luanda: Claro que pensei, ela me odeia e quase não aparece em casa, irá notar o meu sumiço depois de dias. Eu deixei uma carta no quarto dela inventando uma historinha de que eu recebi uma oportunidade aleatória e blablabla. Ela nem vai ligar... vamos concordar vai, somos só duas estranhas morando embaixo do mesmo teto.

Mia: De qualquer forma ela ainda é sua irmã.

Luanda: É... mas se o "mundo da energia" é tão ruim assim, se afastar dela talvez seja até uma coisa boa. Deixará ela mais segura, não é mesmo?

Mia: Talvez...

Luanda: Você vai fazer o que? Não vai dar mais pra você se hospedar aqui.

Mia: Eu já sei o que fazer, tem uma amiga que me espera... pelo menos, eu acho.

Luanda: Bom saber que você tem mais alguém por ai, fico feliz por você. Agora... eu meio que tenho que ir...

Mia: Deixa-me te acompanhar?

Luanda: Haha claro, querida. – Diz Luanda com um sorriso meigo no rosto.

As duas se preparam e partem em direção a cafeteria que Luanda e Dante se encontraram anteriormente. Era a primeira vez depois de tanto tempo que Mia caminhava por ruas movimentadas após os acontecimentos recentes, ela evitava sair devido a sua aparência que estava completamente diferente, repleta por inúmeras cicatrizes que se estendiam por todo o seu corpo.

Luanda: Você parece uma guerreira, sabe? Não se preocupe tanto com a sua aparência. – Diz Luanda com a intenção de aliviar os pensamentos de Mia.

Mia apenas assente com a cabeça e as duas continuam a caminhada aproveitando a movimentação comum da cidade, com pessoas comuns seguindo suas vidas normalmente. Mia sentia, de certa forma, inveja por cada uma daquelas pessoas que passavam por ela, inveja da ignorância de cada uma delas. Ela sabia que mesmo que se escolhesse viver normalmente como uma pessoa comum, evitando ao máximo utilizar energia, nada apagaria suas memorias, experiencias e cicatrizes, agora marcados para sempre em seu ser.

A caminhada que demoraria em média 20 minutos para ser concluída, passou com leveza e velocidade para Mia, que apesar da dor do conhecimento, sentia um pequeno alivio em caminhar pela cidade, sentindo nem que fosse apenas o calor da tarde permeando sua pele, era algo comum, simples e principalmente humano, seu corpo e sua alma clamava por humanidade. Ela havia se tornado uma mulher ferida, que mesmo sem expressar muitos esforços, ainda buscava paz.

As duas por fim chegam até a portaria da escola de Luanda e encaram do outro lado da rua, Dante se deleitando de um simples café enquanto esperava a garota, ele logo nota a presença das duas e acena para elas. "Bom, acho que é isso. Confesso que estou ansiosa, no sentido bom e ruim... nunca fiz uma loucura dessa." – Diz Luanda.

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