Capítulo 36: A morte e o nascimento daquele que queima

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Max está em sua moradia, um prédio abandonado à noite, enquanto organiza algumas coisas em sua mochila. Ao seu lado, sentada em um sofá decadente, está sua namorada fumando um cigarro.

Max: Vou fazer umas entregas agora, volto logo.

Azura: Tá, tá. Só não demora, eu fico preocupada com você fazendo isso.

Max: Não é a vida que eu queria, mas é o que temos.

Azura: Não deixa de ser perigoso.

Max: Relaxa, eu sei me defender, estou levando meu canivete e minha arma, estou sempre com elas... Preciso só de uma boa oportunidade para sairmos desse lugar.

Azura: Amanhã eu começo o meu trampo, já dá uma boa ajuda para nossa situação.

Max: Com certeza, só não sei se é uma boa para você...

Azura: O que você está insinuando, Maxwell?

Max: Você e atendimento ao público não combinam de forma alguma. – diz Max de forma provocativa.

Azura: Você muito menos, seu rolê é diretamente com o público.

Max: Pelo menos eu não tenho que fazer as coisas sorrindo, faço entregas das minhas drogas e só.

Azura: Onde você vai entregar hoje?

Max: Vou entregar pro Wendell, ele marcou num lugar diferente hoje.

Azura: Eu não gosto daquele cara, qual foi o lugar dessa vez?

Max: Foi próximo àquela pizzaria barata que a gente curtia quando morava do outro lado da cidade, num beco por perto.

Azura: Por que caralhos ele marcou lá? O que ele tem na cabeça?

Max: Não faço ideia, mas também não me importo com isso.

Azura: Bom, fique esperto, não vá morrer, garoto.

Max: Já disse para não se preocupar e mesmo se eu morrer, será um problema a menos.

Azura: Que nada! Com quem eu vou pegar dinheiro pra comprar meus cigarros se você morrer?

Max: Bom, aí você arruma outro cara pra te bancar.

Azura: Para de falar essas merdas! A gente tá junto nisso, eu por ti e você por mim. A gente vai sair desse prédio uma hora ou outra.

Max, após arrumar as coisas em sua mochila, se senta no sofá ao lado de Azura, deita sua cabeça e respira profundamente enquanto põe seu braço por trás de Azura.

Azura: Não era você que tava apressadinho?

Max: Relaxa, eu chego lá rapidinho. Tô só pensando por aqui.

Azura: O que foi? Vai desistir e virar crente?

Max: Vai se fuder! Eu não abandono Hendry nunca.

Azura: Ainda não entendo por que essa paixão toda por isso, com certeza esse cara nem sequer existe. Essas religiões são tudo bobagem.

Max: Se você acha isso, não posso fazer nada.

Azura: Mas o que que você estava pensando? Me diz.

Max: Sei lá... você tá certa quando disse que sou eu por você. Acho que eu só faço isso tudo por ti, pra ter alguma vida digna de viver.. com alguém do lado.

Azura: Aah, que fofinho!

Max: Vai se ferrar!

Azura: Eu também estou contigo Max, fica tranquilo. Mas não se emociona não porque se eu morrer você vai ficar só o bagaço.

Max: Se eu ficaria mal, imagine você.

Azura: Exatamente, por isso estou procurando um emprego razoável. Pra você parar de sair por aí vendendo essas drogas, isso te põe em perigo.

Max: Bom, pode ficar tranquila, eu vou sair agora.

Os dois se despedem rapidamente e Max dá um beijo de despedida em Azura e se dirige até a escada do prédio.

Max: Não vá ficar acordada se preocupando comigo, durma, amanhã você tem que estar com energia pro seu trabalho, descanse.

Azura: Tudo bem, tudo bem. Mas não demore, você faz falta no colchão.

Max: Haha, o que faz falta no colchão é espaço.

Azura: Verdade, hahaha. Até mais tarde, te amo!

Max: Também te amo! Até! – diz Max antes de descer as escadas.

Max desce as escadas daquele prédio abandonado, passando pelos andares e pelas pessoas que ali viviam, o lugar era precário e sujo. Ele desce alguns andares e ao chegar no terraço, pega uma moto escondida por debaixo de uns panos e leva para a rua discretamente. Ele faz uma ligação direta para ligar a moto e parte para o local marcado.

Ele passa pelas ruas daquela cidade pouco movimentada pelo horário, sentindo o frio em seu corpo e pensando sobre seus planos para o futuro. O caminho é demorado e extenso. Ao chegar ao local combinado, ele desce da moto e retira um pacote, percebendo um clima pesado e estranho. Ele se arma com sua pistola e entra no beco discretamente.

Adentrando ao local, ele nota Wendell com uma cara de medo em seu rosto.

Max: Qual foi, Wendell? O que deu em você pra marcar aqui hoje? – pergunta Max ao ver o homem à sua frente.

Wendell mantém uma feição de medo e inquietação.

Max: Qual foi, porra? Parece que viu um fantasma.

Wendell retira uma faca de seu bolso e aponta para Max, tremendo.

Max: Que porra é essa?! O que você tá fazendo, cara?

Wendell: Desculpa Max, é uma ordem, eu não queria fazer isso. – diz Wendell com uma voz trêmula.

Wendell avança rapidamente para cima de Max, que o desarma facilmente e o joga no chão junto com sua faca.

Max: Quero saber que porra está acontecendo, ficou alucinado foi, cara?!

Wendell pega a faca novamente e avança rapidamente para cima de Max. Em um movimento rápido, Max saca sua arma e atira na barriga de Wendell, que cai no chão.

Max: QUE MERDA, CARA! VOCÊ ME OBRIGOU A FAZER ISSO!

Wendell não fala nada, mas permanece sangrando no chão.

Max: Que merda! Que merda! Que merda! QUE MERDA! PORRA!!! – grita Max assustado com o que acaba de acontecer.

Max rapidamente sai do local e monta na moto, partindo com velocidade para o prédio onde reside. Seus pensamentos estão um turbilhão e o desespero toma conta de sua mente. Durante o caminho, ele nota uma movimentação muito maior pela cidade, ele percebe ambulâncias e carros de bombeiros correndo em direção ao mesmo local que ele, de longe ele nota o que aconteceu, o prédio onde mora está em chamas.

Max chega em frente ao prédio, que está coberto por chamas. As cinzas do lugar caem e a entrada ao local é completamente inviável. Ele fica paralisado em desespero, preocupado com a mulher que ama: Azura.

A dois quarteirões daquele local, em cima de um pequeno prédio, vemos Demétrio e Hendry, um ao lado do outro, observando o prédio em chamas.

Demetrio: Trabalho feito, mais alguma coisa?

Hendry: Não... por enquanto não. É lindo, né? As chamas tomando conta de tudo...

Demetrio: Não é muito a minha vibe, mas tanto faz.

Hendry: Daqui a uns dias você terá um novo amiguinho...

Demetrio: Que seja, vou comer algo. – diz Demetrio enquanto se afasta de Hendry e parte para outro lugar.

Hendry: Bem-vindo... Max... – sussurra Hendry com uma aura pesada enquanto observa as chamas à sua frente.

Despertar dos VéusWhere stories live. Discover now