Equação sem resolução

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Max caminhava em uma praça tarde da noite, sua face parecia machucada e seus olhos demonstravam cansaço. Ele cambaleava exausto e o som das ondas de uma praia ali próximo, inundavam sua audição. Por um momento, ele se deixa vencer ao cansaço e se senta ao chão, apoiando suas costas em um banco de concreto.

Talvez nem mesmo ele saberia dizer o que se passava em sua mente, um rio de equações sem resoluções fluía em sua mente desgovernadamente, mas ele permanecia imóvel, hesitante para tomar sua próxima decisão.

Pouco tempo se passa até ele começar a sentir o cheiro de algo que queimava seus pulmões, uma pequena fumaça se estendia e o alcançava. Max, submerso em pensamentos, deixou escapar de sua boca um questionamento que havia alojado sua mente naquele momento.

"Hendry... É você?" - Ele murmura.

O silêncio não persiste e ele escuta uma resposta. Uma voz feminina e doce o responde ao seu lado.

"Ah... Não. Eu não sou esse tal de Hendry." - Diz a figura feminina que Max acabará de enxergar.

Max estava tão cansado que nem sequer havia percebido a mulher ao lado, sentada ao banco acompanhada de um cigarro.

"O que houve? Você parece acabado." - Questiona a mulher ao notar o estado físico de Max, ela ainda continua - "Quem é você? Nunca te vi por aqui."

Max não hesita em responder, ele diz: "Não sou daqui... De nenhum lugar. Durmo onde me convém."

Max volta a permanecer em silêncio, porém a mulher ao seu lado o questiona sobre outra coisa.

"Quem é Hendry?"

Max continua em silêncio, porém a mulher insiste, curiosa para a resposta.

"Um salvador..." - Diz Max. Ele suspira por um instante e continua. - "Meu salvador, se não fosse por ele, eu teria ido junto aos meus irmãos. Ele me salvou, mas você não entenderia o que eu quero dizer."

A mulher, que escutava atentamente, se levanta e observa a praça ao redor, percebendo-a completamente vazia. A mulher então se senta ao lado de Max - "Diz, não tenho para onde ir de qualquer forma."

Max então prossegue - "Houve um acidente no local onde vivia, um incêndio se iniciou e destruiu tudo... Eu não tinha para onde fugir e então... Bem, as chamas abriram uma passagem para mim e quando, por fim, saí daquele lugar, um homem se apresentou como Hendry, dizendo ter me salvado de queimar."

O silêncio se faz presente novamente e Max completa seu pensamento - "Aposto que você deve pensar que eu inventei tudo isso."

A mulher reage com uma pequena risada contida, o que deixa Max confuso momentaneamente. "Não acredito que seja uma questão de inventar. O que importa mesmo é o que existe agora."

Max questiona o que a mulher ao seu lado quis dizer e a mesma responde sem hesitar - "Diante do que aconteceu com você, o que existe agora? O que você quer?"

Max pondera antes de responder à pergunta, como se estivesse construindo algo para dizer.

"Eu quero... Poder. Viver de miséria não é viver, então... Eu quero poder, talvez só assim viverei de verdade."

A mulher retira o cigarro de sua boca e o pressiona ao chão, enquanto suspira profundamente. "Concordo com você..." - Diz a mulher com uma expressão serena. - "...Viver de miséria realmente não é viver. A vida não é bela quando não se tem algo de valor a ser enxergado, né?"

Max se sente compreendido e reconfortado por um instante. - "Bom... Espero encontrar algo belo ainda." - Curioso, ele questiona. - "Quem é você, afinal?".

Acompanhada de um sorriso igualmente cansado, ela responde de forma simples: "Azura".

Despertar dos VéusWhere stories live. Discover now