Capítulo 42

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Porã ia caminhando com Amani quando ouviu os gritos. Assustado ele apenas olhou para a Amani averiguando se a velha senhora ficaria bem sozinha, ela acenou dispersando-o rapidamente. Ele seguiu o som e chegou bem a tempo de ver Quill jogando uma Melina desacordada sobre as costas do Lobo de pelagem castanha, o qual identificou ser Kenai. Há uns bons quilômetros de distância dele. Desesperou-se com o mau que poderiam fazer a ela, e correu transformando-se no meio do caminho. Seria mais ágil perseguindo -os, como Lobo. Quando ele adentrou a floresta ainda conseguia avistá-los ao longe, avistou também Raoni e Jenáh bem mais próximos que ele, então acelerou. Sentindo os ossos de sua pata doerem e seu pulmão arder com o esforço da respiração acelerada, mas não pararia até alcançá-la.

Estava a cinco passos deles quando avistou Quill interceptar os dois lobos mais próximos com um esbarrão, fazendo-os rolar para outra direção como um bolo de pelos, rosnados e garras. Deixou que Raoni e Jenáh cuidassem de Quill e seguiu atrás de Melina, que jazia desmaiada nas costas do lobo à frente. Em dado momento Porã pensou ter visto um movimento vindo dela, mas como corriam em velocidade, não saberia dizer se ela estava acordando ou se era o balanço da corrida de Kenai que automaticamente movimentou o corpo dela. Ao chegarem a uma certa altura já bem distante da aldeia, Porã percebeu que o Kenai diminuiu levemente a velocidade de sua corrida, imaginou que o cansaço estivesse abatendo-o por estar sustentando o peso do corpo de Melina por um bom pedaço de chão. Quando conseguiu flanquear os ombros nos de Kenai, percebeu Melina abrindo os olhos, ela parecia perdida e torneada. Então uivou,
para chamar-lhe a atenção.

Melina sentia-se enjoada, e uma forte dor em sua cabeça. Percebeu estar em movimento, e parecia um transporte muito ruim, pois sacolejava tanto seu corpo que quase conseguia ouvir o barulho de seus ossos batendo. Espera aí! Pensou ela, como assim transporte se estava em meio a uma floresta. Então de repente forçou seus olhos a abrirem. Lentamente a imagem da floresta borrada passando diante de seus olhos foi tomando forma, ao mesmo tempo que sua visão focalizou, ela ouviu um uivo característico, parecia um chamado. Levantou a cabeça e percebeu-se em cima de um grande lobo castanho correndo a toda velocidade, a segunda coisa da qual se deu conta foi, do Lobo negro correndo paralelamente à eles.

Rapidamente ela deu-se conta da situação, e tentando fazer o lobo castanho parar, começou a socá-lo, o animal resmungou como se reclamasse, mas não parou. Então ela fez a coisa mais inviável, porém a única opção que achou possível. Jogou-se de cima das costas do lobo em movimento. O baque do seu corpo ao chão pareceu quebrá-la ao meio, ela sentiu o estalo de cada pequeno osso, e sua respiração ficou estarrecida. Mas o pior não foi isso, o pior foi que seu corpo mesmo depois de caído, rastejou-se por uma boa distância. Ralando e ferindo-a por completo.Quando finalmente parou, não conseguia mexer-se de tamanha dor que sentia, ela percebeu uma aproximação e temeu ser levada novamente, mas avistou os olhos brilhantes encarando-a com que parecia ser angústia e desespero.

Ela tentou falar algo para acalmá-lo, mas a dor era maior e a fez contorcer-se antes que saísse qualquer palavra. Porã derrapou desesperado vendo o corpo de Melina jogado ao chão, ela gemia de dor e ele percebeu que havia várias escoriações em seus braços e pernas. Ele aproximou-se agoniado com o estado dela, ela pareceu senti-lo, olhou para ele com os olhos vermelhos e cheios de lágrimas.

Tentou pronunciar algo, mas só saia gemidos de dor. Antes que ele pudesse voltar à forma normal para carregá-la de volta à aldeia, sentiu a presença de Kenai nas suas costas, ele ainda permanecia como lobo. A raiva por você o que ele causará em Melina cegou totalmente Porã, fazendo-o ir para cima do lobo castanho. Os dois rolaram de um lado para outro abocanhando-se, Porã conseguiu cravar os dentes em seu pescoço, fazendo-o ganir de dor e sangrar. Kenai tentou revidar a mordida mas foi em vão, Porã mais uma vez acertou-o jogando ele em cima de um tronco de Pinheiro.

Antes que Kenai tentasse algo novamente foi cercado por Raoni e Jenáh. Ficando sem saída e não querendo ser morto, rendeu-se. Os quatro voltaram à forma normal e Raoni e Jenáh seguraram Kenai para que não o perdesse. Porã correu para sua parceira e ajoelhou-se ao lado dela.

— Calma amor, você ficará bem, eu prometo. Só preciso tocar você para carregá-la, ok?

Melina apenas arfou em consentimento, e quando ele a levantou, ela pareceu sentir ainda mais dor.

— Vamos, façam um favor a esse imbecil, e o tirem de minha frente antes que eu o mate aqui e agora.

—Talvez eu tenha o prazer de fazê-lo antes que você tenha tempo, Porã.

Respondeu-lhe Raoni irritado, todos estavam possessos por tudo que os dois traidores haviam causado, agora ainda feriram Melina.

—Resolvemos as coisas com Quill, um traidor a menos para lidar. Informou Jenáh sobre ela e Raoni terem matado o antigo beta na floresta. Kenai percebendo o fim que seu pai teve, tentou rebelar-se.

— Seus idiotas, pagarão caro por isso. Não ficará em vão. Raoni deu-lhe um soco no estômago que o fez parar em busca de ar no meio do caminho. Sem muito cuidado, arrastaram continuando a volta para tribo.

A Batalha dos Lobos Where stories live. Discover now