Capítulo 30

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Porã e Melina sentiram a mudança de humor no ambiente no momento exato em que entraram na grande sala de mãos dadas. Eles pareciam ansiosos com o motivo da reunião. O alfa Johan foi como de praxe o primeiro a pronunciar-se.

–Poderia nos dizer o porquê de tal convocação

jovem Líder? E o que faz com a humana pendurada em seus braços?

–Com todo respeito meu Alfa, a humana em questão chama-se Melina.

–Sim, todos nós obviamente sabemos.

–E eu os convoquei para apresentar-lhes a minha parceira de Laço. Finalmente a encontrei.
Porã disse levantando as mãos presas uma à outra.

O silêncio que recaiu sobre a sala foi aterrador, as reações beiravam à surpresa indo até o espanto. O alfa precisou pigarrear para que sua frase saísse composta.

— Como assim? Isso não são horas para brincadeira Porã.

— Acha mesmo que eu brincaria com um assunto desses? Depois de dois longos anos de espera, o destino nos ligou.

Todos começaram a falar ao mesmo tempo, até que o alfa calou-os pedindo por ordem.

–Meu jovem com certeza isso é um equívoco seu. Nunca antes em nossa ancestralidade houve uma junção como essa.

Disse impacientemente o velho Rudá. Mas antes que concluísse sua opinião, foi interrompido pela anciã Aquira.

–Na verdade tivemos sim, não recordam-se de Ainoã e John?

–O envolvimento deles não foi um laço de parceria, E resultou-se no fim deles, ficou claro que aquilo era uma reles paixão passageira. Não um laço.

Pronunciou-se Jotá reformulando a informação de Aquira. Sim, houve um caso antigo de um humano e uma Índia Aikarãnis, Melina soube da história por Amani. E foi realmente trágico, porque pelo o que entendeu o tal John ansiava apenas pelo poder que conceberia daquelas terras permanecendo ao lado de Ainoã, e quando a ambição o cegou fazendo-o acreditar que não precisava mais dela, assassinou-a friamente. Depois foi consequentemente queimado por traição, por isso foi estabelecida a proibição de humanos na aldeia. Ela havia sido uma grande fatalidade do destino. Eles passaram horas colocando em pauta todos os contras com relação ao envolvimento deles. Porã sentiu-se no limite da irritação, então decidiu dar um basta naquela reunião.

–Quer queira, quer não. Não é uma decisão de vocês que mudará o já foi decidido entre nós. O laço foi aceito de ambas as partes. Nem matando-nos darão jeito.

O alfa pareceu aborrecido em ser obrigado a concordar com o relacionamento de seu filho com uma humana. Mas não tendo outra opção, apenas concordou.

–Como não temos outra solução, que seja! Que viviam em boa comunhão, e garota.. Que eu não me arrependa do que estou aceitando, pois se eu
souber que ao menos pensou em trair-nos acabarei com sua vida em um piscar de olhos.

Porã rosnou em alto e bom som contra a ameaça, explícita a sua parceira, não aceitaria que ninguém a ameaçasse, nem mesmo seu alfa e pai.

— Recomponha-se Líder, não se esqueça de que ainda sou seu alfa em exercício e não aceitarei rebeldias de ninguém.

Melina colocou a mão em cima do peito de Porã acalmando-o. E como o alfa inquiriu-lhe uma opinião, ela achou justo que desse-lhe uma resposta. Então endureceu a postura e contrapôs.

— Eu sou Melina, não Jonh. Não cheguei aqui como ele, e muito menos com as mesmas pretensões. No momento em que aceitei o laço foi por decisão pura de meu coração. Lutarei por Porã contra todos e qualquer um que atentar-nos, é isso que precisam saber.

Eles pareceram surpreendidos por suas palavras, então sem mais delongas o alfa os liberou para retornarem às suas cabanas.

Depois de toda pauta na cabana de reuniões vieram os cochichos e comentário de toda tribo ao descobrirem sobre a parceria de seu líder sucessor e a Humana da aldeia. Alguns que já haviam feito amizade com Melina forma só elogios e bençãos, já outros nem tanto. Mas os dois decidiram ignora-los, a mais difícil de lidar vinha sendo Aruanã e isso já estava estourando os limites de Melina. O estopim ocorreu em um treinamento onde a atividade era em grupo, a víbora cuspiu tantos insultos que ela não suportou e partiu para cima da Índia. Dessa vez já estava mais bem preparada e domada por uma força que foi uma novidade para si, mas teria tempo depois para averiguar isso.

Ela pegou Aruanã primeiramente de surpresa, acertando-le um soco no estômago fazendo a Índia tossir em busca de ar. Mas traiçoeira que só ela, recuperou-se rápido e tentou dar-lhe outra rasteira. Só que dessa vez Melina estava preparada, ela saltou para a indignação de Aruanã e devolveu-lhe um chute tão potente na buchecha que a garota caiu dois palmos atrás estatelada no chão. Todos arfaram com tamanha eficiência em seu golpe, ela mesma estava surpresa com tamanha força e precisão.

Aruanã levantou-se lentamente limpando o sangue em um corte em sua bochecha, como descendiam de lobos cicatrizaria rapidamente, ela já partiria para briga de novo se Porã e Raoni não intervisse. Raoni arrastou uma Aruanã raivosa para fora da arena e Porã cuidou de Melina.

A Batalha dos Lobos Where stories live. Discover now