Capítulo 2

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Melina, mesmo jovem, adorava ler. Seus livros infantis a faziam viajar por muitos lugares, e conhecer muitas culturas, sem ao menos sair do lugar. Fora um costume criado por sua mãe, ela contava-lhe que quando vivia no Brasil, seu avô contava-lhe muitas histórias antes de dormir. Então tornou-se um costume de sua mãe, mesmo depois dele morrer já bem velhinho, ler muitos contos. Melina só havia convivido com sua avó materna, por ligações de vídeo chamada. Sua mãe havia prometido levar ela para conhecer o Brasil e ver sua vovó pessoalmente. Já os avós paternos estavam sempre presentes desde seu nascimento.
Como um dia normal, ela arrumou-se e partiu para o colégio. Chegou em sua sala e aguardou normalmente a professora entrar, mas antes dela, entrou um grupinho já bem conhecido por Melina. Ele era formado por duas meninas e três garotos, eles pareciam dominar o colégio, andavam sempre em grupo e pareciam exalar certa autoridade e temor entre os outros alunos. Catalina havia contado-lhe que eram filhos,das famílias mais antigas de Moria. Por isso tal status. Que besteira!

Pensou ela, como poderiam achar-se assim sendo apenas crianças. Mas Melina descobriu, não muito tarde, que poderiam ser muito piores do que imaginava. Tudo começou a mudar no momento que esbarrou acidentalmente em um dos garotos do grupinho, que passava ao seu lado no refeitório. Ela pediu desculpas envergonhada, mas não foram nada gentis com ela.

– Desculpe-me Johnny. Foi sem querer.

– Está cega menina? Olha só derrubou o meu suco.

– Eu realmente não o vi só virar. Já pedi desculpas.

–As suas desculpas não me servem de nada Estranha.

Melina sentiu-se extremamente mal com o comportamento dele, e o apelido que lhe deu. Quando ia virar as costas, foi interceptada por um empurrão de umas das amigas de Johnny, essa chama-se Mary.

– Presta atenção da próxima vez, garota.
Melina apressou o passo desviando-se mais uma vez. Ainda sim, escutou o burburinho dos outros alunos que comentavam sobre o ocorrido às suas

costas. Ao chegar à mesa percebeu o olhar assustado de Catalina.

– Melina eu não acredito que foi logo envolver-se com aquele grupinho.

– Eu não quis, foi sem querer.

– Reze para que eles esqueçam disso e de você. Porque eu realmente não desejaria estar no seu lugar quando eles cismam com alguém.

Melina já estava nervosamente abalada com o ocorrido, com a fala de Catalina, tudo pareceu pior. Ela esperava mesmo que caísse no esquecimento, pois era algo besta para jovens como eles. Mas infelizmente não foi isso que aconteceu semanas depois. O primeiro bullying sofrido aconteceu dentro da sala de aula, enquanto Melina e Catalina terminavam seu trabalho, o grupinho metido ficavam atirando bolinhas de papel nas duas. Foi a aula toda nessa pequena perturbação sem que a professora percebesse. Ela decidiu ignorar por hora, enquanto isso ouvia as risadas, e as piadas com seu cabelo. Na hora que o sinal bateu para o intervalo, antes que ela pudesse sair, Johnny e seus

discípulos passaram por sua mesa, derrubando seu caderno propositalmente. Ela respirou fundo e nada fez novamente. Quando ela se levantou e caminhou na frente de Catalina ouviu sua amiga questioná-la.

– Mas o que é isso em seus cachos Melina? – Isso o que Cat?

– Venha cá. Oh nossa, Me tem um chiclete embolado em seus cabelos.

Melina ouviu Catalina dizer-lhe aquilo horrorizada. Ela nem teve muito tempo para pensar, correu para o banheiro para entender o que tinham feito em seu cabelo. Ao olhar no espelho viu o nó que haviam feito, misturando o chiclete rosa no meio de seus cachos. Os olhos dela começaram a lacrimejar, mas ela segurou as lágrimas. Estava muito triste pelo o que aprontaram com seu cabelo, ele era uma das coisas que mais amava em si mesma. Tinha esperanças de que pudesse ajeita-lo sem precisar cortar.

Quando finalmente saiu do banheiro, andou determinada em direção ao refeitório, não dando ouvidos ao que Catalina tentava dize-la. Que obviamente era para se acalmar, ela conseguiria endireitar o cabelo e ficaria melhor. Mas Melina

estava farta de ficar calada, então foi até aqueles merdinhas que se achavam gente grande para confronta-los. Eles riam quando ela se aproximou, provavelmente da besteira que fizeram em seu cabelo. Aquilo a deixou mais irada.

– Acham bonito o que fizeram? Pois eu acho coisa besta de bebezinho.

Mary virou-se surpreendida pela forma como elas os questionavam e respondeu-lhe.

– Você acha que é quem magrela, para falar assim com a gente?

–Sou uma pessoa comum igual vocês e não me chamem assim, parecem que não saíram do jardim de infância.

Os outros alunos que observavam a cena arfaram surpresos segurando o riso com tudo que Melina dizia para o grupinho. Johnny levantou-se irritado e parou em frente a ela encarando-a, Melina revidou o olhar, não abaixaria mais a cabeça para eles.

– Você perdeu total noção do perigo né magrela. Acho bom você sair daqui antes que eu me irrite mais. Ou acabarei com você.

- Quero vê você tentar! Pense em mexer comigo de novo e eu revidarei da forma que puder.

Todos eles encaram-na surpresa. Então Johnny sorriu e acenou com a cabeça. Ela poderia ter se arrependido depois de falar no momento de raiva, mas pelo menos foi a única a enfrentá-los de frente. Depois desse dia eles lhe deram uma pausa, mas ela sabia que preparariam algo bem pior.

A Batalha dos Lobos Where stories live. Discover now