Capítulo 13

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Os dois caminhavam em um silêncio meio constrangedor pela aldeia. Melina apenas seguia-o sem saber exatamente onde estavam indo. A curiosidade venceu seu receio em comunicar-se com ele, então iniciou um breve assunto na esperança de que ele a respondesse.

— Poderia me dizer aonde estamos indo?

Ele pareceu assustar-se com a repentina pergunta dela, mas se recompôs e respondeu.

— Reconhecerá o lugar assim que chegarmos.
Ele pronunciou de tão má vontade que a deixou completamente sem graça, decidindo manter-se calada por hora. Ela realmente não estava sabendo lidar com ele, na verdade já não tinha muito jeito com garotos. Mas esse Porã, tinha algo de diferente dos outros, talvez fosse sua áurea de guerreiro, ou talvez não. Talvez fosse só um idiota grosseiro mesmo. Sentindo-se mais leve depois de xingar ele mentalmente, seguiu observando o caminho que tomavam.

Alguns metros mais frente avistou a conhecida tenda de curativos, que havia estado quando se feriu. Pensando agora, lembrou-se de que precisaria pedir à senhora Amani para dar uma olhada nos pontos. Entraram na Tenda e Amani os recebeu com um sorriso no rosto enrugado. Porã explicou-a esporadicamente que Melina precisava de uma função para se inteirar da tribo, a velha senhora aquiesceu solidariamente aceitando-a como sua pupila nos afazeres da Tenda. Feito isso ele virou as costas e saiu, sem ao menos dizer um tchau a elas.

— Ele é assim mesmo, depois que se acostumar a você, será mais razoável.

Explicou Amani percebendo seu incômodo. Ela precisaria trabalhar melhor suas emoções, todos ali pareciam perceber o que sentia em relação ao líder ranzinza. Suspirou e procurou focar em tudo que a senhora explicava.

Melina passou um dia agradável ao lado de Amani, ajudando-a com poções e pomadas que eram diariamente requeridas pelos guerreiros que volta e meia se machucavam no que a velha senhora explicou-lhe ser uma atividade rotineira na tribo. Quando Melina perguntou-lhe o porquê de necessitarem de uma atividade tão bruta, Amani contou-lhe a história de seus inimigos mais próximos e mais letais. Os Terenis, uma matilha de lobisomens que viviam ao norte da floresta. Eram bestas muito irracionais que volta e meia os atacava em busca de sangue.

O corpo de Melina arrepiou-se com a lembrança da fera que atacou-a na floresta, esperava nunca encontrar-se com um deles.
Continuaram com seus afazeres e mais histórias quando foram interrompidas por outro jovem índio que as informará que Melina fora solicitada pelo Alfa para que comparecesse ao lugar que chamavam de Cabana de Reuniões. Ela sentiu-se nervosa, porém sem muita alternativa acompanhou o jovem até o local. Adentrando a grande cabana deu de cara com seis olhares encarando-a, cada um com uma inquisição diferente em sua face. Posicionou-se em frente a eles e aguardou a fala do Alfa.

— Como vocês já imaginam, essa é a Humana ao qual não tive escolha em conceder-lhe a permanência conosco. Chama-se Melina.

Ela ficou surpresa por ele saber seu nome, mas claro que saberia. Ela não daria um espirro sequer sem que ele soubesse como ou quando havia feito.

Sabia que estava sendo vigiada de perto, não se incomodava pois não faria mal a ninguém.

— Melina para que saiba, estes são os Anciões da tribo Aikarãnis. Deve-se a eles o máximo respeito, tanto quanto a mim.

Ela acenou em concordância. Cada um dos anciões apresentou-se dizendo seu nome. Eram Piatã, Rudá, Jotá e Aquira. O Sexto e mais sério presente disse-lhe que era Quill, Beta do Alfa Johan.

— É bom que haja com displicência aqui humana. Nós não gostamos ou apoiamos seus loucos costumes e postura.

— Acalme sua fala Rudá ou assustará a jovem criança.

A Batalha dos Lobos Where stories live. Discover now