Capítulo 14

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O campo próximo à arena estava perfeitamente adornado por uma trilha de folhas e rosas de todas as cores, no alto havia pequenas lamparinas espalhadas de um lado ao outro sustentadas por grandes bastões, também haviam feito uma grande fogueira no centro do campo. Preparam uma mesa repleta de quitutes, e a uma bebida alcoólica típica dos índios, que era preparada com cherovia, um broto encontrado próximo aos grandes caules em meio a floresta.

Melina estava admirada com toda a decoração e beleza da noite. Tudo parecia perfeito. Ela caminhou por entre os aldeões ao lado de suas amigas, observando cada um deles, vestidos devidamente prontos para homenagear a terra que viviam. Todos estavam lindos, foi o que achou até que avistou Porã do outro lado do centro do campo. Ela estava com certa convicção de que a decoração e a noite em si eram sinônimos de perfeição, mas estava completamente equivocada. Perfeição deveria ser o sobrenome daquele índio ranzinza aquela noite, ele estava sempre muito bonito, mas ali com o peitoral à mostra repleto de símbolos, os olhos marcados por um sombreamento preto e um grande Cocar em sua cabeça, tornou-se a epítome da beleza. Ele parecia sempre saber onde exatamente encontrá-la, pois encarou-a segundos depois em sua avaliação. Algo pareceu cintilar naqueles fortes olhos azuis, mas ela ainda não sabia ler o que via neles.

A quebra de olhares aconteceu por interrupção das meninas, que arrastaram-na para uma grande roda que se formava ao centro, em volta da grande fogueira para dançar. Ela ficou super sem jeito e tentava explicar as meninas de todo modo que não saberia como dançar devidamente e às envergonharia, mas não lhe deram ouvidos e ajudaram-na com os passos. No início atrapalhou-se tendo certa dificuldade, mas passado alguns minutos havia pego o jeito. E começou a divertir-se como nunca antes. Elas deram uma pausa para descansar e beber algo, então pararam em frente a mesa de bebidas. Melina terminava o seu chá gelado quando foi interceptada por um índio. Ela lembrava-se de ter visto ele lutando com Porã a algumas semanas atrás, ele apresentou-se a ela.

– Oi Melina, como está? Meu nome é Kenai Sotê, já nos vimos antes mas não havia me apresentado.

– Tudo bem Kenai, como já disse meu nome acho que não preciso dizer muito não é.

Respondeu-lhe amigavelmente. O rapaz abriu um sorriso torto para ela emendando.

– A propósito está muito bonita nos nossos trajes, com certeza uma das mais belas.

Melina não soube responder sem graça pelo elogio inesperado.

– É bom que tenha cuidado com alguns olhares, nem todos são tão atenciosos quanto eu. Mas sempre que precisar não exite em me chamar, ok?

Melina não gostou muito da forma que ele falava e a olhava, então optou por desconversar e afastar-se mais para o lado das meninas que agora estavam na mesa de quitutes.

–O que foi Melina, está com uma cara estranha. Kenai a estava importunando?

Perguntou Iándara, assim que aproximou-se delas.

–Não tudo bem, só o achei um pouco estranho. Mas ele foi gentil.

Jenáh torceu os lábios com sua resposta e disse-lhe.

–Gentil com certeza não faz parte do vocabulário de Kenai, Melina. Tenha cuidado com ele!

–Sim, ele sempre foi muito ardiloso, fique atenta amiga.

Inâe emendou o conselho das demais. Ela concordou prometendo manter-se longe dos olhos dele, que a propósito ainda a olhava para a mesa de bebidas. Algo no olhar dele pareceu voraz, e a deixou desconfortável. Então virou-se para o outro lado.

A Batalha dos Lobos Where stories live. Discover now