Capítulo 19

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As meninas chegaram para o jantar comentando sobre o que Porã às informou durante o treinamento na arena. Dizendo-lhes para levarem Melina aos horário de treino assim que estivesse melhor do ferimento no braço. Ela ficou surpresa com a ordem, não sabia se era uma boa ideia já que ele não gostava dela, os treinamentos provavelmente seriam sua tortura, pensou. Como depois de ignorar sua existência com grande facilidade, concluiu que seria bom treiná-la? Aquele cara era tão difícil de decifrar. Mas não tinha outra alternativa senão seguir as ordens, e que o ser superior daquela terra a abençoasse, pois precisaria.

Haviam passado-se três semanas, e milagrosamente a ferida de Melina parecia quase completamente cicatrizada, ela já não sentia mais dor ao movimentar o braço. Amani ao ver seu rosto surpreso explicou-lhe que aquilo era um ótimo sinal. Todas as plantas com poder curativo daquele solo só surtiam efeitos em pessoas remanescentes daquela terra, isso queria dizer seu povo. Era uma surpresa agradavelmente inesperada que funcionasse nela, sendo uma humana estrangeira. Isso só confirmava a todos que era uma bênção dada pelo Ser, concordando com sua permanência em meio a tribo. Melina percebeu a velha senhora com um sorriso conspiratório e questionou-a.

— Porque sorri assim Amani? Sabe de algo mais que eu não descobri?

— Eu sei de muitas coisas, que muitos aqui não sabem, minha querida. Sei ainda mais depois de um pequeno sopro do destino em meus velhos ouvidos.
Melina sentiu-se tão confusa com as breves frases da sábia senhora que por fim, decidiu não questioná-lá mais, ainda sim ouvia-a dizer.

— Não se preocupe, minha querida, logo toda essa confusão e dúvida em sua mente serão sanadas!

Melina tentou passar mais alguns dias evitando Porã e aquela ideia de treinamento. Não que não quisesse aprender a defender-se, queria sim. Porém tudo relacionado a ele agora parecia irrita-la e ela ainda estava chateada com o vácuo que ele lhe deu, então estava evitando problemas postergando sua ida aos treinos. Conseguiu manter-se no anonimato por apenas cinco dias, ao entardecer de um dia comum terminando sua função com Amani na tenda, foi surpreendida ao sair na porta, com um Porã transparecendo muito aborrecimento. Sem jeito por já saber o motivo de sua irritação, ela apenas seguiu para a Arena sem questionamentos. Ao chegarem lá receberam muitos olhares curiosos, incluindo os de suas amigas que questionavam-a pelo olhar, por chegar escoltada pelo Líder, ela apenas deu de ombros e juntou-se às três enquanto aguardava as ordens de Porã.

— Esta tarde iniciaremos uma tática de luta mais corpo a corpo para que tenham mais agilidade em ampararem a força do seu inimigo. Temos uma nova integrante, ela terá as mesmas condições que todos vocês. Vamos lá!

Iándara levou Melina até o galpão para que colocasse a armadura peitoral, assim que retornaram entraram na formação e começaram a seguir todas as instruções de Porã. No início Melina achou fácil, era só repetir os golpes que ele instruía, mas sabia que não seria assim o tempo todo. Ficaram horas nesse treinamento, ela estava suada, e cansada, não acostumada a tanto esforço físico.

Em dado momento ele liberou à todos, quando pensou estar inclusa no grupo, ele interceptou-a antes que deixasse a arena.

— Você fica Melina, garotas podem seguir caminho. Ela irá assim que achar que estiver pronta.

— Mas.. mas! Tá, Ok, vejo vocês no jantar!

Disse ela despedindo-se tristemente das meninas. Ficou parada aguardando ele retornar do que quer que tivesse ido fazer lá dentro e o viu retornando com duas pequenas placas de madeira e duas faixas extras para as mãos. Ela nem precisou questioná-lo, ele já se aproximou explicando.

— Como evitou-me propositalmente e postergou seus treinos, temos horas extras para quitar. Vou ensiná-la a por força e centralização em seus socos.

— Eu não o evitei, estava apenas ocupada demais.

— Se mentir para mim e para si mesma a conforta, tudo bem. Eu não ligo, só faça o que eu ordenar!

— Além de ranzinza, é mandão também. Ótimo!

Sussurrou ela praticamente ao vento, pois ele não lhe deu a mínima. Ele explicou-lhe todo o processo, desde o jeito de levantar os braços ao posicionamento da mão, e postura de guarda. Ele poderia ser impaciente e ranzinza com ela, mas explicava tudo detalhadamente. Ela levou tantas placadas naquela tarde, que pensou que seus braços caíriam de tão doloridos que estavam. chegando na cabana recebeu uma enxurrada de questionamentos.

–Conte-nos mais sobre essa interação estranha de Porã com você?

Perguntou Inâe tão ansiosa quanto às outras por sua resposta.

— Não tem interação alguma meninas. Ele apenas reforçou que preciso aprender a lutar se quero viver em meio a tribo. Todos aqui sabem defender-se, como eu posso esperar sentada que corram ao meu socorro sempre que houver algo? Não é justo.
Jenáh concordou com seu ponto e confirmou seu pensamento.

— Realmente, ele está certo! E como podemos lesperar qualquer reação dele a Melina se sempre

deixa claro sua desconfiança e desgosto por humanos?

— Há quem sabe ele mude de ideia depois que passar algum tempo com ela, sim ?
Disse Iándara não querendo largar o osso do assunto em questão.

— Por favor meninas, tirem ideias mirabolantes de suas mentes, ok? Eu não gosto do jeito dele, ele não me suporta está tudo em ordem.

— Ok, mas você também não disse odiá-lo dele Hum!

Foi Inâe quem disse com um amplo sorriso dessa vez. Melina desistiu de tal conversa, não queria continuar falando sobre a estranheza que tinha com tal lobo, então foi banhar-se para jantarem.

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