Capítulo 1

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A cidadela de Moria ficava situada ao Sul da Austrália, uma região de clima temperado. Não tornava-se tão quente no verão, e mantinha-se ambientável no inverno. Era uma pequena comunidade pacata, onde os comércios eram em sua maioria, compostos pelos próprios cidadãos empreendedores. Ali viviam cerca de três mil habitantes, todos já desde sempre bem ambientados uns com os outros. Foi para essa cidade que Melina mudou-se junto de seus pais. Eles desejavam criar sua pequena, em uma cidade bonita, pacata e naturalmente desenvolvida. E no Canadá onde viviam, não era muito adequado. Moria foi a escolha perfeita. Seus pais chamavam-se Marina e Bill Watson, eram um casal jovem e apaixonado, de raças distintas. Sua mãe era Brasileira, havia mudado-se a pouco tempo para terminar os estudos no Canadá, já seu pai era Canadense nato. Se conheceram no colegial, passaram anos juntos e logo casaram-se. Anos depois nasceu Melina, fruto do amor deles.

Melina não recordava-se muito da antiga cidade em que vivia, pois haviam mudado-se quando ela tinha apenas cinco anos de idade. No quarto ano vivendo em Moria, depois de Melina completar oito anos, os pais dela decidiram que já era a hora dela ser matriculada no colegial. Como toda inocente criança, ela sentiu-se empolgada com a perspectiva de fazer amizades, e sair um pouco mais de sua casinha. Como era uma cidade pequena, havia apenas um colégio, esse era chamado de North High School. Era uma construção de porte médio, porém amplo, forjado pelas grandes madeiras dos pinheiros que cercavam a cidadela. Adornada pelo que pareciam aos olhos da pequena Melina, um milhão de ramos das mais variadas rosas e plantas. Seus pais entraram com ela e fora-lhe apresentado todo o colégio e alguns professores e responsáveis a vista no meio do caminho. Ela ficou em êxtase com toda beleza e ambientação do lugar, voltou para casa com uma ansiedade crescente em seu peito para o primeiro dia de aula. Ao cair da noite estava em seu quarto preparando sua pequena mochila, quando ouviu um toque em sua porta.

– Pode entrar.

– Olá querida, como está indo a arrumação por aqui?

– Oi mamãe, tudo bem. Eu acho! Estou em dúvida do que vestir amanhã.

– O que acha de usar a sua calça jeans flex preferida, com aquela camiseta lilás que eu adoro? O tempo vai estar fresco amanhã, então seria uma roupa boa não acha?

– Acredito que sim. É você sempre tem razão mamãe, usarei essas então.

Marina, sua mãe sorriu e foi até ela dando-lhe um beijo na bochecha, e acenando para o relógio. Isso era o sinal de que já estava na hora de ir dormir. Então despediu-se de sua mãe deixando as coisas em sua mãezinha de canto e indo se deitar.

– Boa noite mamãe. Eu te amo muito!
–Boa noite querida, eu te amo mais.

Melina acordou muito animada, vestiu-se e correu para o carro onde seu pai a aguardava. Assim que chegou a porta do colégio ele despediu-se beijando sua cabeça.

– Boa aula meu bem. Cuide-se está bem? – Tudo bem Papai, até logo.

– Até, amo você!

– Também te amo pai.

Enfim ela caminhou sorridente para dentro do colégio. Os cidadãos de Moira, tinham um tom de pele e cabelo característicos. Todos eram de pele clara, aparentemente pálida, e seus cabelos em sua maioria loiros. Havia visto alguns poucos cabelos castanhos, mas eram raros. Essas nuances foram o que chamaram a atenção dos alunos para ela. Além de ser a novata desconhecida, ela era dona de um grande cabelo moreno cacheado, que ia até a altura de sua cintura. Seu corpo era magro, sem grandes curvas. Tinha a pele morena, herdada de sua mãe brasileira, e os olhos castanhos claros de seu pai. Era ela uma boa mistura dos dois. Algo que claramente a diferenciava do povo de Moria. Mas até então estava tudo bem por ela, já havia se acostumado com suas diferenças. Não que se agradasse muito de seu corpo, mas ainda era muito jovem. Talvez mudasse com o tempo. Intimidou-se um pouco com os olhares, mas seguiu seu caminho procurando sua sala. Assim que a encontrou, entrou e rapidamente se sentou em um canto afastada, próxima a mesa da professora. Um alto som tocou por todo o colégio, parecia ser o sinal indicando o início das aulas. Logo a sua grande sala foi tomada por muitos alunos, todos em sua maioria aparentavam ter a sua idade. Uma menina baixinha e de óculos sentou-se na cadeira

atrás dela. Passado alguns minutos enquanto balançava nervosamente o lápis em seus dedos, sentiu ser cutucada em suas costas. Ela virou e deu de cara com a menina loira de óculos que olhava-a com curiosidade. A menina abriu um pequeno sorriso e comprimentou-a se apresentando.

– Oi eu me chamo Catalina, qual seu nome?

– Olá, meu nome é Melina.

Respondeu ela retribuindo o pequeno sorriso, mesmo que muito tímida, tentaria ao máximo fazer amizades. Vendo seu silêncio a menina continuou.

– Você é nova por aqui, certo? Na cidade e no colégio.

–Sim, na verdade mudei-me a três anos atrás, mas meus pais decidiram me matricular somente agora!

– Há sim, bom acho que talvez goste daqui.
Melina estranhou a palavra talvez na frase da menina, mas resolveu não questionar. Apenas acenou concordando.

– Eu espero que sim.

Antes que a jovem Catalina voltasse a falar, foram interrompidas pela chegada da professora. A professora apresentou-a rapidamente a turma, ela pareceu ouvir um pequeno burburinho de cochichos, mas não conseguia entender o que falavam. Tentou não dar muita atenção àquilo e seguiu tranquilamente o dia. No intervalo Catalina a convidou para ficar com ela, e seguiram juntas. Poucas horas mais tarde, ela já aguardava seu pai na porta do colégio. Assim que chegaram em casa ela foi direto banhar-se para o jantar. Com a mesa posta e os três já sentados, ela começou a contar-lhes como foi seu dia na North High. Eles jantaram sorrindo, e compartilhando tudo que fizeram em seu dia. Era algo rotineiro, que os pais de Melina julgavam ser bom para a família. Ela amava tudo isso, tinha pais que amavam-se e cuidavam dela com carinho e amor, sentia-se sortuda por tudo que tinha.

A Batalha dos Lobos Where stories live. Discover now