Capítulo 37

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Com a preparação de posse de Porã, Melina não teve muito o que fazer aquele dia a não ser aguardar a hora da cerimônia. Como seu parceiro passava o dia fora ocupado com os anciões, ela decidiu passar um tempo com suas amigas, fazias dias que não aproveitavam um tempo batendo papo. Ela as encontrou lanchando na cozinha de sua antiga cabana.

— Veja só quem nos deu o ar de sua graça!

Gracejou Jenáh sorrindo para ela. Iándara levantou-se e foi abraçá-la puxando-a para se sentar com elas.

— Achávamos que havia esquecido de suas amigas hum. Faz tempo que não passa um momento conosco sem o ranzinza pendurado em seu pés.
Melina gargalhou da piada de Inâe.

— Para gente, não fale assim dele Ina. É difícil ficarmos muito tempo afastados um do outro.

—Nós sabemos Me, ela está gastando com sua cara. Mas nos conte como vão as coisas?

Ela sorriu para Iándara e respondeu-lhe.

— Há tudo muito agitado, Iná parece estar mais conformada, mas sabemos que a dor da perda de um parceiro é insuportável. Não sei como ela ainda aguenta levantar-se todas as manhãs.

— Sim, já ouvimos histórias de parceiros de laço que mataram-se consequentemente depois de perderem seus parceiros, de tamanha dor e sofrimento.
Comentou Jenáh com um grande pesar.

— Talvez ela esteja suportando por amor ao seu filho. Para apoiá-lo agora diante da grande responsabilidade.

—Sim, acredito que seja por isso. Porã mantém-se forte, mas talvez fosse demais perder os dois ao mesmo tempo.

Melina falou concordando com a fala de Inâe. Elas entraram em assuntos variados depois disso, e pararam na questão da invasão. Então algo veio algo que havia deixado de lado em sua mente.

— Agora recordei-me que não vi Kenai depois do ataque.

—Ele foi importuna-lá de novo Me? Acho que precisa falar com Porã, ele está passando dos limites.

— Eu sei Je, mas não quero que Porã perca a razão por bobeira. E já há uma certa tensão ruim entre os dois.

As meninas concordaram com ela, e quando deram por si já estava na hora de ir para a cerimônia de Porã.

Era a primeira vez de Melina em uma cerimônia de posse. Todos concentraram-se no grande campo da arena formando um círculo. No meio estavam posicionados Amani, Aquira e Porã. Seu parceiro estava absurdamente perfeito nos trajes típicos indígena, com o peitoral forte exposto e coberto por símbolos feitos a tinta. Ele mantinha-se sério e centrado, exalando poder e masculinidade. Ela sentiu-se orgulhosa e ainda mais apaixonada por ele. Iándara havia explicado-lhe baixinho, que por Joráh não estar mais presente, era esperado que os mais antigos da tribo dessem as honras à Porã. Então Amani e Aquira completariam o ritual. Aquira deu início ao discurso.

— Como era esperado chegou o momento de Porã Olcan tomar seu lugar por direito à posse da Tribo Aikarãnis.

Todos urraram em concordância com as palavras de Aquira. Amani deu sequência.

— Aproxime-se Porã Olcan. É esperado que tenha ciência de sua responsabilidade, cuidando e zelando pela segurança de todo seu povo. Entendi ?

— Compreendo e aceito tal posse. Honrarei e sempre serei leal à minha Terra e ao meu povo.

Respondeu-a Porã, com sua voz grossa e pontente.

— Então sendo aceito e reconhecido por seu povo e sua terra, tem direito por descendia Olcan sem quaisquer outros impedimentos, nomeado-no o novo...

Antes que Aquira pudesse concluir seu discurso foi interrompida por um alvoroço em meio aos aldeões, e consecutivamente por uma voz de timbre alto e rouco falou em meio a multidão.

— Eu exijo uma restituição ao direito de posse da Tribo Aikaranis!

Todos assustaram-se com a presença surpresa de um intruso sem que pudessem perceber, Era um homem grande de feições duras e proeminentes que achou-se no direito de atrapalhar uma cerimônia de seu povo com uma inquisição confusa.

A Batalha dos Lobos Where stories live. Discover now