Capítulo 10

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O tal alfa como chamavam, observou-a atentamente. Ela ficou perdida e incomodada com seu escrutínio, achou melhor não falar nada antes que ele não lhe pedisse. A última coisa que queria agora era irritar o responsável por este lugar, só queria resolver tudo. Mesmo que algo naquele lindo lugar parecesse atraí-la, infelizmente precisava retornar para a bagunça que chamava de lar.

— Então menina, temos uma situação complicada aqui. Pelo que vejo de meus guerreiros, você parece saber de coisas demais para retornar livremente ao povoado humano.

O alfa disse isso acenando o dedo ao redor de tudo ali. Ela entendeu claramente o que ele queria dizer, mas ainda sim estava petrificada.

— Desculpe- me senhor. Não era minha intenção ser uma intrusa em sua aldeia, eu estava à procura de meu pai. Ainda estou na verdade, achei que ele
pudesse estar perdido pela floresta, mas não consegui acha-lo, até que fui atacada. Não precisa se preocupar com o que eu acho que esteja pensando, eu ainda me nego a acreditar em tais coisas, e prometo não contar nada sobre a localização de sua aldeia, ao menos sei como chegar aqui.

— ÔH mas não contará mesmo. Não permitimos há muitos anos humanos entre nós, mas me vejo sem alternativa. E como não somos bestas irracionais, a única opção viável é que faça morada conosco.
O alfa disse isso muito a contra gosto. Nem ele, nem os outros pareciam muito felizes com a ideia. Melina alarmou-se com a fala do homem mais velho.

— Mas senhor, ninguém ao menos acreditaria se eu contasse sobre a existência desse lugar, me chamariam de louca. Não vejo necessidade em manter-me presa aqui.

O homem mais velho pareceu sem muita paciência e decidiu por fim.

— Você não tem escolha, se não estivesse andando por um local que não deveria não estaria nessa situação agora. Apenas aceite seu destino a partir de agora. Vão e expliquem-na sobre nosso povo e costumes. E que fique claro menina, não tolero desordem em minhas terras, comporte-se como todos.

Sem reação com tudo que estava acontecendo, Melina deixou-se ser arrastada para fora da grande cabana, enquanto era direcionada a sabe se lá onde aqueles rapazes a levariam. Eles atravessaram uma pequena viela com o cabeludo e o moreno ranzinza ainda a ignorando, ela ainda não havia descoberto seus nomes, mas também não perguntaria se eles mesmos não falassem por vontade própria.

Os dois interromperam os passos em frente à arena que havia visto mais cedo, que agora ela encontrava-se cheia de jovens vestidos de forma característica. Parecia ser algum tipo de armadura, não como as dos filmes que via, mas pareciam menos pesadas e mais simples, o que se destacava mesmo era o que levavam ao peito. Era como um colete forjado a lata e havia um símbolo que parecia ser um lobo bem ao meio. Eles também tinham bolsos perfeitamente presos às suas cinturas e canelas, ela achou que poderiam ser um tipo de porta facas ou qualquer arma que tivessem ali.

Melina estranhou tudo que via ao seu redor, percebeu que aquela não era uma aldeia indígena comum. Eles não viviam como povos isentos à informação ou a ferramentas mundanas. Eram índios que viviam de acordo com a atualidade do tempo. Os três pararam próximo a um grupo de quatro mulheres. Todas encaram-na, os olhares iam de curiosidade até a última que parecia mas como desprezo. Melina tentou não criar imagens sobre elas sem as conhecer de fato, então aguardou que o moreno ranzinza ao seu lado falasse, e foi exatamente o que ele fez.

— Garotas preciso que façam uma inclusão com a humana pela tribo. Tomem o cuidado de explicar-lhe tudo sobre nosso povo e costume. Ela ficará conosco de agora em diante.

Algumas acenaram com um leve sorriso, mas a quarta menina, que a olhou com desprezo, pareceu torcer a boca com algum questionamento pendente. Mas ao invés de falar apenas soltou um resmungo, algo que não passou despercebido pelo ranzinza.

— O que Aruanã, algo que queira pôr em pauta?

—Só uma dúvida mesmo, porque pelo que todos nós sabemos, nossa lei não permite a entrada de humanos na tribo.

A Índia morena pronunciou com entonação de nojo a palavra humanos.

— Esta foi uma ordem direta do Alfa Johan, está questionando um comando direto, guerreira ?

O ranzinza a questionou, pressionando aqueles impressionantes olhos azuis. Algo em seu olhar ou postura pareceu amedrontar a tal Aruanã, pois ela endireitou o semblante e negou com um acenar de cabeça calada. Ele pareceu aceitar de boa a resposta dela, então virou as costas e deixou Melina nas mãos das quatro mulheres. As meninas pareceram ver a confusão estampada em seu rosto, pois quando as olhou, avistou três sorrisos amigáveis em sua direção. A tal Aruanã apenas virou as costas e saiu caminhando em outra direção. Uma das meninas decidiu iniciar a conversa.

–Oi, eu me chamo Jenáh. Essas são minhas amigas Iándara e Inâe.

As três eram altas e corpulentas. Todas com cabelos pretos, a que chamava-se Iándara era a única de cabelo curto entre as três. Ela percebeu que todos que havia visto naquela Aldeia tinham uma tonalidade morena avermelhada na pele, e ela os achava lindos. Suas peles pareciam reluzir a luz do dia. Ela interceptou seus próprios pensamentos não querendo parecer mal educada.

— Olá meninas, muito prazer. Meu nome é Melina. Me desculpem se volta e meia eu parecer meio aérea, é que tudo é muito recente e novo para mim. Espero que possam ter paciência ao me explicarem tudo.

— Claro querida, não se preocupe. Não será nenhum bicho de sete cabeças, apesar de sermos uma tribo indígena somos bem atualizados e vivemos com os melhores recursos que nossa Terra produz.
Disse a mulher cujo nome lembrava-se ser Inâe. As meninas puxaram-na pelo braço e começaram a andar pelas ruas de barro firme da aldeia. Iándara foi quem continuou o assunto.

— Será bem divertido conhecer tudo, você verá. É claro que talvez haja outros aldeões não tão receptivos igual aquela arrogante da Aruanã, que você conheceu lá na arena, mas compreenderá depois que souber a história por trás de toda a rejeição aos humanos.

Elas começaram apresentando-a o pequeno comércio que havia visto mais cedo. Mostraram as cabanas e informaram-lhe os nomes dos membros mais importante que deveria se lembrar. Jenáh contou-lhe com paciência sobre a história da tribo e cada um de seus membros.

— Você está agora Melina, na Terra dos Aikaranis. Nossos ancestrais foram a primeira civilização indígena a tomar posse dessas terras em meio a floresta. Ela costuma ser indiferente aos humanos, por escondermos sua localização. Os primeiros na liderança que chamamos de Alfa são os Olcan. O homem que permitiu sua permanência aqui é Johan Olcan. Alfa e chefe de nossa tribo, aquele que a trouxe até nós é seu filho e sucessor, Porã Olcan.

A Batalha dos Lobos Where stories live. Discover now